Hoje vou melhorar para amanhã ser melhor
O tempo pode passar depressa demais
Não sou de deixar nada pra depois
Não sou muito de paciência
Impaciente falha humana
Tudo pode mudar
Tudo pode não chegar
O último dia
Uma última chance
O presente já passou
O futuro já existe
Na efemeridade primitiva do mundo
Onde Saturno e Cronos se confundem
Nunca temos todo o tempo do mundo
O tempo corre só enquanto há vida
A vida deixa sempre uma obra
A calma, a dança, a loucura, a cura
Obras-primas de uma vida
Numa vida breve que se encurta
Curto fio que encerra o fim dos dias.
(Codinome Pensador)
domingo, 20 de março de 2011
segunda-feira, 7 de março de 2011
E o Oscar foi para...
Quando a atriz Natalie Portman recusou aos dez anos de idade ser modelo para se dedicar a sua carreira cinematográfica, nem imaginava que neste ano de 2011 ganharia o Oscar de melhor atriz, por sua elogiadíssima atuação no filme dark-psicológico Cisne Negro do cineasta cult Darren Aronofsky, onde interpreta uma bailarina escalada para o papel principal do balé O lago dos cisnes de Tchaikovsky, só que essa novo panorama gera toda uma enorme obsessão e esse sonho se torna um pesadelo.
Para Nina, a personagem de Natalie, interpretar o Cisne Branco, não é um problema. Ela, afinal, partilha com a personagem suas qualidades metódicas e virginais, é pura, inocente e encantadora. O desafio é o Cisne Negro, a encarnação da sensualidade e da sedução. Se ele quiser estampar o cartaz da companhia, agora que a primeira bailarina foi aposentada, Nina terá que superar seus medos e como a protagonista do balé, transformar-se. Mas o brilhantismo e o mérito de Natalie está na forma que ela usa a superação da personagem aos limites físicos e barreiras psicológicas de maneira literal. Refém da perspectiva de Nina, é visivel acompanhar a desintegração da sua sanidade enquanto ela enfrenta a pressão do diretor, a superproteção da mãe e a chegada de uma excitante bailarina concorrente. Natalie entregou-se totalmente à personagem, perdeu peso e até aprendeu a dançar, mesmo que ainda que em vários momentos tenha sido ajudada pelas suas dublês. Natalie está impecável. Tão perfeita que pra mim, que adorei o filme, foi até covardia ela participar da premiação do Oscar deste ano. Os sentimentos de Nina são visíveis a cada olhar, cada movimento que a atriz leva o filme de 108 minutos sem pressa, sem exagero e todo o seu esforço no final é simplesmente sublime.
Nascida Natalie Hershlag em Jerusalém, mudou-se para os Estados Unidos com apenas 3 anos de idade, judia, vegetariana, formou-se em Psicologia na Universidade de Harvard. Mas foi aos doze anos que estreiou ao lado do ator Jean Reno, no filme O profissional de Luc Besson, que foi um sucesso e revelou Natalie para o mundo, participando desde de então de dezenas de filmes e trabalhando com os mais prestigiados diretores como: Woody Allen em Todos dizem eu te amo, Tim Burton em Marte ataca!, George Lucas em três episódios da série Guerra nas estrelas, James McTeigue em V de Vingança, Milos Forman em Sombras de Goya, Anthony Minghella em Cold Mountain, Mike Nicchols em Closer- Perto demais, que lhe deu uma indicação em 2005 ao Oscar de melhor atriz codjuvante mas perdeu para atriz Cate Blanchett como a elegante Katharine Hepburn no filme O Aviador de Martin Scorsese.
Cisne Negro é definitivamente a consagração da carreira de Natalie Portman aos 29 anos. Que emocionada ao receber a estatueta dourada das mãos do também oscariado ator Jeff Bridges, vencedor do Oscar de melhor ator em 2010, pelo cantor country alcoólatra do filme Coração Louco. Ela fez questão agradecer aos pais: "Obrigada aos meus pais, que me deram a vida e a oportunidade para trabalhar no que mais amo", afirmou a atriz que está grávida de cinco meses, agradeceu também ao futuro marido, o bailarino Benjamin Millipied, autor das coreografias do filme: “Ao meu amor lindo, Benjamin, que me deu o mais importante papel da minha vida.” Disse Natalie.
Assim como Nathalie Portman ganhou o prêmio de melhor atriz, o ator britânico Colin Firth, foi o grande agraciado com o prêmio de melhor ator no filme o Discurso do Rei por seu desempenho como o Rei George VI, que vem a ser pai da rainha Elizabeth II, e de sua ascensão de Duque de York à rei da Inglaterra, depois da morte de seu pai o Rei George V e da renúncia de seu irmão, o Rei Edward VIII.
O filme O Discurso do Rei mostra o que acontece em um dos momentos em que a Inglaterra mais precisava, às vésperas da 2ª Guerra Mundial, o Rei não conseguia falar em público pois tinha ataques fortíssimos de uma insuportável gagueira. Entra na estória, então, Lionel Logue papel do sempre excelente ator Geoffrey Rush, um fonoaudiólogo pouco convencional que consegue mostrar progresso no tratamento do rei, que já havia passado pelas mãos de dezenas de outros especialistas. Essa relação do Rei com o excêntrico fonoaudiólogo que dá origem a diversas situações, questionamentos e descobertas, constituindo uma base forte e interessante de todo o filme.
E mostrar os desdobramentos dessa relação de forma plena e cuidadosa é algo que o diretor Tom Hooper consegue com maestria, apesar de ser um novato e com uma filmografia de apenas três filmes, Tom Hooper foi o ganhador do Oscar desse ano e levou para casa o prêmio de melhor diretor. Hooper consegue guiar em seu filme tudo com muita naturalidade, sem cortes excessivos, sem takes ousados, com uma fotografia objetiva e movimentos de câmera discretos. Esse é, talvez, o grande mérito do filme, ser emocionante sem ser piegas, ser burocrático sem ser desinteressante, ser tocante sem ser forçado, ser sutilmente engraçado sem ser brega e ser dramático sem exageros, tudo isso bem ao gosto do jeitinho inglês de fazer cinema.
Eu achei a estória do filme interessantíssima e claro que pouco conhecida, eu não conhecia esse aspecto íntimo ao mesmo tempo que teve grande reflexo na História, considerando o sofrimento dos ingleses durante esse período e a resistência deles aos avanços de Hitler, algo que o resto do Ocidente demorou ainda mais para perceber. E é assim que o filme O Discurso do Rei se torna na minha opinião bastante emocionante e engajante.
Colin Firth está sensacional como o Rei George VI, porque ele consegue passar humanidade, dignidade, medo, inteligência, todas essas expressões apenas com o olhar. Ele se entrega de corpo e alma ao papel, assumindo um verdadeiro rei de forma tragicômica em toda suas nuances, gestos, fala e expressões e comandando todas as cenas em que aparece sem precisar ser a tal figura imponente que está representando no filme. Além disso tudo, ele é gago. Mas não é um gago clichê. Ele é um gago atormentado, aterrorizado mesmo.
O Discurso do Rei não é apenas um filme que mostra aparentemente um simples discurso de um rei que não conseguia superar a gagueira, mas mostra muito mais que isso, mostrar sim que o poder da palavra pode mudar um país, pode confortar um povo em seus mais difíceis momentos e pode trazer esperança, união e paz.
Colin Firth, que vai fazer 51 anos em setembro, ganhou fama na série de televisão Orgulho e Preconceito em 1995 e passou a ser admirado e cobiçado pelas mulheres, de tal forma que foi adquirindo prestígio para ser catapultado ao cinema onde atuou em filmes premiados como: O Paciente Inglês, Shakespeare Apaixonado e cults como: Apartamento Zero e Valmont, mas o estrelato veio mesmo com o popular: O Diário de Bridget Jones de 2001, contracenando com Renée Zellweger e Hugh Grant, em 2008 participou da adaptação para o cinema do musical Mamma Mia!, grande sucesso de bilheteria tendo no elenco a consagrada Meryl Streep. Em 2010, obteve sua primeira indicação ao Oscar na categoria de melhor ator pelo filme O Direito de amar em que atuou ao lado de Julianne Moore. E para muitos críticos a premiação com o Oscar de melhor ator para Colin Firth, é muito merecida e faz justiça por ele ter perdido ano passado o prêmio com o filme O Direito de amar. Filme este que mostra um Colin Firth com uma atuação irrepreensível e inesquecível, como um professor homossexual retraído que fria e organizadamente planeja seu suicídio. A entrega do ator é tão grande no filme, que às vezes faz de seu personagem em alguns momentos a única coisa palpável do filme.
E que venham outros filmes para nos emocionar e prêmios para engrandecer esses que são considerados, a melhor atriz e melhor ator de 2011 .
(Codinome Pensador)
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