quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O gênio do ano

O autor de telenovelas João Emanuel Carneiro, chegou ao estrelato máximo este ano com o sucesso de sua novela "Avenida Brasil" no horário nobre, mas não é de hoje sua genialidade com a escrita, ele começou aos quatorze anos com cartunista Ziraldo roteirizando histórias em quadrinhos. Aos vinte e dois, ele foi premiado como roteirista do curta-metragem Zero a Zero e optou definitivamente por esta profissão. Além deste, ele também colaborou nos roteiros de filmes como Central do Brasil, O primeiro dia, Cronicamente inviável, Orfeu, Deus é brasileiro e Castelo Rá-Tim-Bum. Na TV, foi colaborador de Maria Adelaide Amaral nas minisséries A muralha em 2000 e Os Maias em 2001 e de Euclydes Marinho na novela Desejos de Mulher em 2002. A primeira novela como autor titular foi Da cor do pecado em 2004, na qual contou com supervisão de texto do renomado novelista Sílvio de Abreu. Da Cor do Pecado foi um grande sucesso, a maior audiência entre as novelas das sete desde A Viagem, de Ivani Ribeiro, em em 1994. O sucesso rendeu 43 pontos de média geral para a novela, audiência digna de novela das 21h. Em 2006 escreveu Cobras e lagartos, levada ao ar em substituição à fracassada Bang Bang, de Mário Prata. Ele teve a missão, bem-sucedida, de recuperar a audiência perdida para a concorrente TV Record, que ganhava com o sucesso Prova de Amor, de Tiago Santiago. E conseguiu, a novela fechou com 39 pontos de média geral, sendo assim a segunda maior audiência do horário das 19h deste século, perdendo apenas para a sua também Da cor do pecado. Em 2008, escreveu a novela A Favorita, sua primeira novela das 21h, que teve 197 capítulos. A promoção de horário deve-se ao fato que ter feito os dois maiores sucessos da década no horário das sete: Da Cor do Pecado e Cobras e Lagartos. Supervisionou pela primeira vez uma novela em 2009, que foi Cama de gato, novela de Thelma Guedes e Duca Rachid no horário das 18h. Pra quem não sabe, João Emanuel Carneiro é meio-irmão da atriz Cláudia Ohana e filho da escritora, antropóloga e crítica de arte Lélia Coelho Frota. Mas foi esse ano de 2012, quando escreveu Avenida Brasil, sua melhor novela até agora, como o próprio João Emanuel mesmo admitiu e destacou ainda os talentos das atrizes: Adriana Esteves, perfeita como a vilã Carminha e também Débora Falabella, como a mocinha "quase-vilã" da história. Avenida Brasil foi um sucesso que monopolizou a país com a implacável saga de Nina (Débora Falabella), uma jovem que arquiteta um plano de vingança contra sua ex-madrasta, Carmem Lúcia (Adriana Esteves), responsável pela morte de seu pai e por tê-la abandonado no lixão. O autor João Emanuel merecidamente cobriu-se de glórias com a sua Avenida Brasil, conseguindo, além do sucesso da crítica, fazer o mais resistente do espectador ligar a TV para assistir uma trama extremamente simples e popular durante sete meses, e conferir capítulo a capítulo até o desfecho da novela, que foi em clima de total decisão de Copa do Mundo, todos os olhares voltaram-se ao folhetim que, durante a exibição do juízo final. Mas como ninguém é perfeito, o autor pecou em desfechos clichês e visivelmente inexplorados. Foi o caso da descoberta de que Carminha (Adriana Esteves) foi a grande assassina de Max (Marcello Novaes). Uma coisa imperdoável. Sem inovar, essa culpa em cima dos vilões não vem de hoje nas telenovelas. Outra mancada foi a transformação repentina da própria Carminha (Adriana Esteves). Nos capítulos anteriores, a megera disse aos berros, ao ser expulsa da casa de Tufão (Murilo Benício), que "todos lhe pagariam", isso, com uma carga de ódio típica da personagem. No capítulo final, eis que a mesma moça que internou Rita/Nina (Débora Falabella), no lixão aparece arrependida de seus crimes, culpa a vida por todo o mal, toma a arma da mão de Santiago, seu pai, e o fere para salvar Nina e Tufão. Em seguida, confessa para a polícia que ela também foi responsável pela morte de Max, o que resulta em três anos de cadeia. Não bastasse as cenas clássicas, Carminha aproveita o capítulo para pedir perdão para todos aos quais ela fez mal. Sai da cadeia com os cabelos escuros e vai direto para seu novo/velho abrigo: o lixão. Lá passa a cozinhar (coisa que não sabia) e conhece o neto. Sim, Nina, depois de todo o mal que Carminha lhe fez, enterrando-a viva, só para citar um exemplo, tem coragem de entregar uma criança nas mãos da vilã que, pasmem, gritou no primeiro capítulo que odeia criança. Até o polêmico, encrenqueiro e também novelista Aguinaldo Silva, autor de Fina Estampa, novela antecessora de Avenida Brasil, parabenizou João Emanuel Carneiro, pelo sucesso de sua trama e pelos números conquistados pelos altos índices de audiência. Um dos esportes favoritos da intelectualha nacional é sociologizar tudo, principalmente esses divertimentos populares, tipo: futebol, carnaval, shopping e novela, talvez seja esse um dos fatores que fizeram Avenida Brasil ser esse fenômeno televisivo que foi. Lógico que também existiram outros fatores, como a internet (consolidou um novo hábito brasileiro de assistir à TV comentando no Twitter e no Facebook. A fúria de Carminha, o linguajar tosco de Adauto (Juliano Cazarré) e os mexericos de Zezé (Cacau Protásio) foram postados em tempo real) e as redes sociais (a imagem de um personagem "congelando", multiplicou-se nas redes sociais), tecnologia (foi uma das novelas mais bem iluminadas, filmadas, microfonadas e editadas que já vi na TV brasileira, fez jus aos milhões de televisores Full HD, tela plana, 40 polegadas pelos lares brasileiros afora), a magnífica Adriana Esteves, que brilhou no grande papel de sua carreira (quem não lembra que, há quase 20 anos atrás, ela foi execrada ao interpretar a enjoada Mariana, que vivia a miar "painho" para Zé Inocêncio (Antônio Fagundes) na novela Renascer em 1993), o texto e o enredo do gênio João Emanuel Carneiro, que até recebeu o apelido de Capitão Gancho nos bastidores da TV Globo, em referência à ação constante e aos desfechos tensos de cada noite, seu texto ágil não apenas carregava a atenção da audiência de um capítulo para o outro, mas a mantinha durante os intervalos, " a comédia dos costumes" ( o que mais cativou o telespectador foi a ascensão da classe D e o empobrecimento da classe A. Os dois polos, o do Divino e o da Vieira Souto, didaticamente explicavam o que é cafona e o que não é), a direção (Amora Mautner, diretora responsável pelo núcleo da família Tufão, explorou a sintonia entre os atores e as cenas alicerçadas no improviso. Obteve as sequências hilárias de certo caos em alto volume, com todos falando ao mesmo tempo), o elenco ( o autor soube valorizar grandes atuações, como as de Marcos Caruso (Leleco), o malandro suburbano desocupado, e Zé de Abreu (Nilo), consagrado como o abjeto interesseiro do lixão. O sucesso de Avenida Brasil virou notícia internacional. O jornais The Guardian e Washington Post e a BBC destacaram o sucesso da novela. Segundo a inglesa BBC, a novela "se tornou um fenômeno sem precedentes e até a presidenta Dilma Rousseff se sentiu obrigada a mudar sua agenda de compromissos por conta do último epísódio da trama". "'Avenida Brasil' trabalha com níveis elevados de drama combinados com uma intrigante história de uma garotinha que, quando adulta, volta para vingar a morte de seu pai", descreveu o site. Já o site do jornal Washington Post noticiou que "os órgãos responsáveis pela eletricidade do Brasil estão se preparando para uma possível queda de energia na noite que foi vai ao ar o último capítulo da novela que encantou o maior país da América Latina por meses". Na minha opinião, mesmo depois do final da novela, pareceu que Divino não saia da gente, porque a gente não queria sair do Divino. Divino (bairro fictício da novela). A história e os personagens continuavam presentes. Uma parte da persistência, é verdade, de ter tido na vida privada dos atores do que em Carminha, Tufão, Nina e companhia. A impressão, naquele momento, é a de que Avenida Brasil pode ter servido de antessala da imortalidade para parte do elenco. Como reconhecimento de público e crítica,com fenômeno Avenida Brasil,já está no cronograma da Rede Globo apresentado nos últimos meses, que uma novela de João Emanuel Carneiro somente em 2016 e esta já tem até título provisório, se chamará Rainha do Mar. A sinopse vai girar em torno do desaparecimento da milionária Paloma Stuart, no naufrágio de um transatlântico no começo da história. A personagem será vivida por Patrícia Pillar. Com o sumiço da moça, alguns malandros tentarão a todo custo pegar seu dinheiro. O que ninguém sabe, no entanto, é que ela estará vivinha da silva só que com outra identidade, Maria do Mar, já que ela vai ser resgatada do oceano. É relativamente comum que uma novela de sucesso ecoe por alguns dias após o último capítulo, o que pode até barrar a aceitação da trama que estreia entre parte do público. Foi o que aconteceu e está acontecendo ainda com a novela Salve Jorge de Glória Perez atualmente no ar no lugar de Avenida Brasil. Tudo isso por conta, 173 capítulos levados ao ar, da novela de João Emanuel Carneiro que virou um fenômeno maravilhoso e genial como nunca se viu antes, vindo assim da cabeça privilegiada e criativa de um verdadeiro gênio do produto tele novelístico brasileiro, que veio romper com as convenções e subverter formatos pré-estabelecidos no gênero, se consolidando sem sombra de dúvidas, como o grande novelista desse ano e da história das telenovelas no Brasil, quiçá do mundo.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A febre anarquista de Cláudio Assis

Há 50 anos nascia em Caruaru, estado de Pernambuco, o anarcocineasta Cláudio Assis. Deu início a sua carreira como ator e cineclubista na cidade em que nasceu, até a direção do primeiro longa, Amarelo Manga em 2002, premiado em Brasília, Toulouse na França, Miami e Fortaleza. Cláudio construiu uma trajetória que inclui a direção e produção de curtas, documentários e longas. Estes últimos são resultado de profunda reflexão sobre a linguagem cinematográfica e seus meios de produção. Sua obra dialoga entre si e constrói um discurso cinematográfico próprio, focado na reflexão do comportamento humano. Seus longas são projetos de baixo orçamento, embora na tela não transpareçam as dificuldades e limitações enfrentadas para a realização. Entre seus trabalhos de direção destacam-se: Baixio das bestas de 2006, premiado nos festivais de Brasília, Roterdã, Miami e Paris; Chico Science – Retratos brasileiros de 2008 e Vou de volta de 2007. Também dirigiu dois curtas: O Brasil em curtas 06 - Curtas pernambucanos de 1999, Texas Hotel em 1999, Viva o cinema de 1996, Soneto do desmantelo blue de 1993 e Henrique de 1987. Em 2011 fez A febre do rato, seu mais recente longa e ganhando vários esse ano, como: Melhor Filme de Ficção no Festin em Lisboa, Melhor Filme Ficção, Melhor Ator (Irandhyr Santos), Melhor Atriz (Nanda Costa), Melhor fotografia, Melhor montagem, Melhor direção de arte, Melhor trilha sonora, no Festival de Paulínia (São Paulo). Na adolescência, Cláudio Assis vestia-se de amarelo porque queria ser poeta como Vladimir Maiakovski. Depois tocou percussão em uma banda de rock, e a falta de ritmo que o fez fracassar é hoje motivo de orgulho: “Acho maravilhoso! A gente é mesmo torto. A vida é assim”. Os personagens de seus filmes se revelam por desvios e parecem cumprir a função de mostrar o grotesco do mundo. Às vezes, causam repulsa: “Eu filmo a morte de um boi em Amarelo Manga e dizem que sou violento. Fassbinder mostra dez bois com a cabeça decepada enquanto um casal conversa e é considerado cult”. Parte da crítica afirma que os trabalhos de Assis têm a intenção de chocar. Em Amarelo Manga, um homem é violentado com uma escova de cabelo. Em Baixio das Bestas, um avô exibe sua neta adolescente para clientes se masturbarem. Febre do Rato é mais suave, mas não tão distante: o protagonista, por exemplo, costuma transar com velhas em uma caixa-d’água. Um universo distante do que poderia ser considerado habitual. O diretor, no entanto, adora dizer que seu cinema é como o futebol de Garrincha, “o da maioria”. “As pessoas não ficam nuas? Mulher não tem estria? Homem não brocha? Qual é o problema? Eu filmo a realidade.” "A febre do rato" é uma expressão popular típica do Nordeste, especificamente do Recife, que significa aquele que está fora de controle. Metáfora apenas aparente para Zizo, personagem principal, que abre o filme com o ator Irandhir Santos, na pele do poeta, declamando: “Logo ali por trás do mangue, descansa a insônia, a faca, o serrote, o trabalho, o sexo e o sangue”. As convicções desse poeta inconformista perigam ruir quando ele cruza o caminho de Eneida (Nanda Costa), uma jovem de espírito livre. E Matheus Nachtergaele, presente nos dois filmes anteriores do diretor, que interpreta o coveiro da cidade. Já de início se restabelece uma conexão com o movimento cultural do Recife dos anos 1990, de que Assis é tributário: o mangue beat. Mas não só de sua poesia. Zizo é um poeta por vocação, personagem que chama a atenção pelo tom anárquico. Tanto que muita gente assegura que A febre do rato é autobiográfico. Então, qualquer semelhança entre personagem e diretor é mera coincidência? “Ele tem um pouco o meu jeito, tem a minha mão por trás, mas não sou eu”, garante Cláudio Assis. No filme o “tal” poeta, se dedica a vida à publicação de seu jornaleco, cujo nome é o mesmo do título. O objetivo é expor suas ideias, repletas de propostas anárquicas que valorizam o livre arbítrio das pessoas, sem se prender às amarras morais impostas pela vida civilizada. Quem não conhece o mundo de Zizo pode imaginar que ele esteja com a febre do rato, ou seja, fora de controle. Só que a verdade é justamente o oposto. E isso é só o começo do fim para esse cineasta genial, polêmico e alucinante. Afinal, para que serve o polêmico cinema de Cláudio Assis? “Para contribuir para que as pessoas pensem e tomem atitude. Não se pode fazer concessões. O que vemos no meio é todo mundo querendo as mesmas coisas, ir para Hollywood. Não faço concessões a ninguém, nem ao público, tenho que ser franco com ele.” Também não é preciso pensar que o cineasta se sente sozinho nessa empreitada. “Tem outras pessoas fazendo assim, mas a maioria prefere se esconder atrás dos mesmos interesses”, acusa. Não por acaso, o poeta Zizo grita, em determinado momento: “Coragem! Coragem para você ser quem você é”. E coragem é o que Cláudio Assis tem de sobra. “Se queres ser universal, começa por pintar sua aldeia.” O pensamento atribuído ao escritor russo Liev Tolstói, é uma das frases preferidas de Cláudio Assis, que há dois anos voltou a viver em sua terra natal. Como ele mesmo diz: “não tenho vontade de filmar fora do meu estado”. “Conheço muito o interior, nasci em Caruaru. Ainda tenho muitas histórias de lá para contar. E olhe que está dando certo. Como diria o poeta, fale de sua aldeia e falará com o mundo”, afirma ele. O exemplo desse pensamento, estão aí pra quem quiser assistir. Sua trilogia mais importante, Amarelo manga (centrado em personagens do submundo da cidade de Recife), Baixio das bestas (sobre as violências cometidas nas entranhas da região agropecuária de Pernambuco) e A febre do rato, todos para comprovar que há outros Brasis a serem (bem) explorados pelo cinema e também a parceria nos três longas com seu ator fixação Matheus Nachtergaele . Cláudio Assis é conhecido por não ter papas na língua, o diretor que apontou a família Barreto, Cacá Diegues e Hector Babenco como coronéis do cinema nacional, continua defendendo uma arte contestatória: “Como dizia Chico Science, ‘de que lado você samba, de que lado você vai sambar?’. Meu cinema é para fazer as pessoas pensarem. Na vida você tem que ter uma opinião própria”. No cinema brasileiro, é muito triste ver os mais jovens querendo repetir o que já existe, não há o cinema da reinvenção. Por mais que se diga que o cinema é uma arte nova, ele está em extinção, então é preciso um olhar novo, que não esteja preso a regras, estereótipos, mercado. O que eu pretendo, que é muito pouco, é que as pessoas tenham um olhar de estrangeiro. Busco em A febre do rato é fazer um cinema de atitude, de coragem, da proposição de ser o que você é, de não ter vergonha do que faz. Não sei se estou conseguindo, mas estou tentando. Quero que as pessoas pensem, se eu conseguir isso, então realizei meu sonho. Faço um cinema é muito plugado na realidade social. Acho que o mundo é muito injusto com todo mundo. E, por mais que entrem questões como o amor e a anarquia de um poeta da minha imaginação, a gente tem um problema social que é muito grave e não dá para se ausentar. E o momento que eu tenho para estar presente nessa discussão é num filme. Faço um discurso de que por meio da poesia podemos falar de igualdade. Sou influenciado pela vida, pelo amor. Não inventei a roda, mas tenho meus mestres. Bertolucci, Glauber e sobretudo Nelson Pereira dos Santos. O cinema brasileiro é “Vidas Secas” de 1963. Eu não acredito em Deus, mas, se eu fosse ele, ressuscitaria o Nelson Pereira dos Santos (o cineasta está vivo). Não há diferença de sexo, cor, de nada. A gente que faz cinema tem uma luta, uma questão que é humana. E só um poeta pode falar disso. Por isso que A febre do rato é em preto e branco, traz nudez e palavrões, também traz um poeta anarquista, que cria seu mundo como quer. Estudei economia, fui do Partido Comunista Revolucionário, mas faço cinema porque quero contribuir de uma maneira poética. Mudar o pensamento das pessoas é mais importante do que chegar com armas. Isso não leva a nada. O cinema pode provocar a mudança nas pessoas de maneira mais elegante, construtiva, de modo que você tenha lazer, prazer. Mas não gosto do rótulo de ser polêmico que colocam em mim. Prefiro que rotulem meus filmes, podem dizer que A Febre do rato é forte mesmo e que fala de poesia. Então tome poesia! Está tudo lá, lá estamos falando palavrão, mas tem também versos, brados e poesia pra quem preferir.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O fenômeno psy...cótico do coreano

Parece até que o mundo perdeu o senso crítico e/ou o insight causando assim uma espécie de incapacidade de reconhecer o carácter estranho e bizarro do hit “Gangnam style” cantado pelo cantor, rapper e pop star sul-coreano Psy, alter-ego de Park Jae-Sang, pelos quatro cantos desse globo terrestre. Seu videoclipe é o mais visto da história do YouTube e da internet, ganhou mais de 970 milhões de visualizações desde seu lançamento, em 19 de junho deste ano e logo vai atingir a marca de 1 bilhão, entrando automaticamente para o Guinness Book e também no capítulo da história da cultura pop dedicado às celebridades instantâneas e globais. E não é que o fenômeno coreano, estudou música? E nos EUA! Ele lançou seu primeiro disco em 2000, até agora, o cantor tem seis álbuns lançados. Até este ano, ele fazia sucesso só na Coréia. Este ano, o sul-coreano receberá mais de US$ 8 milhões (cerca de R$ 17 milhões de reais) pelo seu hit de sucesso, de acordo com a Associated Press, apenas o valor dos anúncios relacionados ao vídeo rendem ao astro cerca de US$ 870 mil (R$ 1,8 milhão de reais), além disso, o músico e a empresa que gerencia sua carreira também recebem valores relacionados às inúmeras paródias do hit. A revista Time colocou Psy em a sua lista com os 38 indicados a "Pessoa do Ano". Além de o presidente reeleito Barack Obama, Malala Yousafzai, a jovem que foi baleada por extremistas do Talebã por querer estudar, E.L. James, a autora do best-seller Cinquenta tons de cinza e o cantor Jay-Z. O vencedor será conhecido no dia 20 de dezembro. Aqui no Brasil esse fenômeno foi copiado, o hit ganhou até uma versão criada pelo cantor Latino, que vive pegando carona em sucessos internacionais, na versão brasileira chamada por aqui de “Despedida de solteiro” é usado o compasso de “Gangnam style” para falar sobre mulheres e pegação, versão que foi reprovada por boa parte do público brasileiro. Mesmo estando bombado numa dimensão estratosférica, mesmo usando seu estilo brega-chic, mesmo com a dancinha bizarra sobre um cavalo imaginário e mesmo com influências visíveis do hip-hop, rock, R&B e da música eletrônica, Psy é uma exceção entre os ídolos coreanos, os artistas mais famosos do chamado “K-Pop” (uma abreviação de música pop coreana ou música popular coreana) fazem partes de boys bands ou girls bands (Girls Generation, Super Junior, Big Bang, 2NE1 e SHINee, só para citar alguns), muito semelhantes a grupos ingleses e norte-americanos, como o novato One Direction ou o sucesso dos anos 1990 N'Sync. Diferentemente de Psy, as garotas do Girls Generation ou os meninos do Big Bang não zombam dos ricos ou aspirantes a ricos de Seul e nem exibem quilinhos a mais num terno apertado. Os integrantes dos grupos coreanos mais famosos são jovens, bonitos, magros, estilosos e com maquiagem e penteado impecáveis. Nas músicas, que contam com coreografias elaboradas e algumas frases em inglês, eles cantam geralmente sobre o amor. E a pergunta que não quer calar: o que é esse tal estilo Gangnam de ser? Fui pesquisar e descobri que Gangnam é um bairro de classe alta de Seul, capital da Coréia do Sul. Lá não só vivem as pessoas mais ricas e influentes do país, mas também estão localizados as lojas mais caras e luxuosas da cidade, sendo um dos polos que mais cria tendências nacionais. A desigualdade é tanta que quase 7% do PIB do país está localizado nos quase 15 quilômetros quadrados dos bairro. Então, o Gangnam Style seria algo parecido com o Estilo Morumbi de São Paulo, ou o Estilo Leblon no Rio de Janeiro. Mas muito se engana quem pensa que o cantor fez a música apenas para exaltar o estilo de vida luxuoso do local. Todo o clipe é uma divertida crítica social ao modo de vida consumista da região. Além dos filhos de famílias ricas, acostumados com luxo e conforto, o bairro costuma a receber muitas pessoas que não possuem tanto dinheiro assim, mas tentam se passar por ricos e importantes. Apesar de ter nascido no bairro de Gangnam, Park “Psy” Jae-Sang, sempre se mostrou contra a tentativa dos frequentadores do bairro de parecerem mais chiques do que realmente são. O clipe inteiro gira em torno de um cara que se acha um figurão, mas o tempo todo se revela estar num lugar completamente diferente e viver de aparências. Quando pensamos que ele está numa praia, o clipe mostra que ele está num parquinho. Ao invés de andar de cavalo e jogar polo, ele anda num carrossel e brinca de cavalinho (a coreografia mais bizarra e divertida dos últimos tempos). Ao invés de dança numa balada TOP ele dança num ônibus com turistas. Ele encontra a namorada dentro do metrô. Canta dentro de uma cabine de banheiro, sentado na privada. E assim por diante… Mesmo depois do videoclipe ter ganhado milhares de paródias e releituras que ampliaram a sua repercussão. “Gangnam style” e seu criador tiveram sua consagração definitiva semana passada, quando, após assinar contrato com Scooter Braun, empresário de Justin Bieber e da cantora Carly Rae Jepsen, que também fez fama na internet, Psy esteve no programa da apresentadora americana Ellen DeGeneres para ensinar a coreografia a ela e à cantora Britney Spears, no YouTube, o vídeo da “aula” de Psy a Ellen e Britney já soma, sozinho, mais de 20 milhões de visualizações. O talk show de DeGeneres foi um trampolim. Nos dias que se seguiram, o rapper participou de outros programas famosos da televisão americana, como o Saturday Night Live e o Today Show, e foi notícia no mundo todo. Para esses artistas, o problema do sucesso que vem da internet, com ou sem motivação bizarra, é que ele tende a ser um sucesso efêmero. Psy é bom começar a bolar outra dancinha esdrúxula. Ou “Gangnam style”, em breve, pode virar trilha de comercial de ketchup. Eu acho até que isso também poderia estourar no YouTube? Deus tende piedade de nós e de nossos ouvidos! Fica a dica!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A bela e a fera

Antonia Misura foi eleita por várias publicações como a mulher mais bela dos Jogos Olímpicos de Londres 2012. A bela tem 24 anos e desde que foi descoberta monopoliza toda a atenção das câmeras da capital inglesa não só por sua beleza mas também por sua agilidade em quadra, sendo eleita assim a musa olímpica dos jogos. Nascida em Sibenik, uma das cidades mais importantes da Croácia, Antonia recebeu mais ofertas para ser modelo do que para ser atleta, mas por enquanto segue totalmente entregue ao basquete. Ela é o maior destaque do Jolly JBS Euroline e responsável direta por vários títulos. Ela disputou o campeonato Europeu de basquete e o pré-olímpico e está disputando as olimpíadas pela primeira vez. A croata jogou na terça feira (31), por enquanto, apenas seis minutos e marcou dois pontos contra a seleção chinesa. Só dois pontos? E daí? Pra mim ela já é campeã, indiscutivelmente no quesito beleza. A seleção de basquete da Croácia não é lá essas coisas, todo mundo sabe, mas com certeza estará no pódio das mulheres mais bonitas dessa olimpíada e na mentes de muitos fãs pelo mundo.
E por falar em números grandes de fãs, não podemos esquecer também do grande número de medalhas olímpicas do atleta com mais medalhas ganhas em várias olimpíadas, 19 medalhas ao todo, sendo duas de prata e uma de ouro nesses jogos de Londres. Só poderia ser ele mesmo, a fera das piscinas, Michael Fred Phelps II ou simplesmente Michael Phelps, um dos maiores atletas de todos os tempos, já quebrou trinta e sete recordes mundiais e conquistou o maior número de medalhas de ouro em uma única olímpiada, feito este realizado nos Jogos de Pequim 2008, com oito ouros e em Atenas 2004, seis ouros e dois bronzes. Phelps nasceu em 1985 em Baltimore no estado de Maryland nos EUA, estudou na escola Rodgers Forge e se formou na Towson High School, em 2003. Filho de um policial e de uma professora, tem duas irmãs mais velhas: Whitney e Hilary, sendo que as duas também são nadadoras, Whitney ganhou o ouro nos Jogos Olímpicos de 1996 em Atlanta na prova 4x200m Livres. Em sua juventude, foi diagnosticado que Michael Phelps tinha Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Ele começou a nadar aos sete anos de idade, partindo da influência das irmãs nadadoras. Ele se destacou como um excelente nadador, e quando tinha 10 anos de idade, ele quebrou o recorde nacional de natação para a idade dele. Enquanto crescia, Phelps ia quebrando recordes para sua idade e, aos 15 anos se classificou para as Olimpíadas de 2000, em Sydney. Esse tubarão das piscinas de 27 anos, tem o corpo particularmente propício para a natação, ele tem braços excepcionalmente compridos, com envergadura de 2,01m, desproporcionais para sua altura de 1,93m e peso de 84 kg. Seus pés têm 29,8 cm aproximadamente, equivalente a calçados número 48. Além disso, Phelps é portador de hipermobilidade, isto é, sua flexibilidade de braços e pernas é comparável à de um bailarino clássico. Mas como ninguém é perfeito, Phelps deu suas escorregadas, teve seus dias de provar que era de carne e osso. Pouco depois dos Jogos de Atenas, foi preso por dirigir alcoolizado. Julgado e condenado, prestou serviços durante 18 meses na Associação Mães contra Alcoolizados no Volante e multas mensais de US$ 250 pelo mesmo período. Em 2009, um tablóide inglês publicou fotos suas fumando maconha. Mas ele soube se desculpar: "Me comportei mal. Fiz um julgamento errado das coisas. Apesar de todo o sucesso que tenho nas piscinas, me envolvi em algo inapropriado. Algo que as pessoas não esperam de mim. Me desculpem". Até o presidente dos EUA Barack Obama fez uma pausa na sua campanha eleitoral e usou o Twitter para parabenizar o nadador norte americano, na última terça-feira por seus 19 pódios. “Parabéns para Michael Phelps por quebrar o recorde de medalhas olímpicas de todos os tempos. Você deu orgulho ao seu país”, escreveu Obama. Depois de Londres 2012, Michael Phelps jura que vira as costas para a natação. Apesar da pressão da mãe, que quer ir ao Rio de Janeiro, em 2016. Ele diz que vai com ela, mas como turista. Só quero ser um tipo normal. Disse o nadador à CNN. Moral a história. Depois de 20 anos brilhando nas piscinas, Michael Phelps deixa de ser nadador para virar lenda.

domingo, 15 de julho de 2012

Eu vi. Filme: Sete dias com Marilyn

Sinopse: A musa Marilyn Monroe (Michelle Williams) está em Londres pela primeira vez para filmar "O príncipe encantado". Colin Clark (Eddie Redmayne), o jovem assistente do prestigiado cineasta e ator Laurence Olivier (Kenneth Branagh), sonha apenas em se tornar um diretor de cinema, mas logo viverá um romance com a mulher mais sexy do mundo na época. O que começa como uma aventura amorosa mudará a vida do ainda inocente Colin e revelará uma das várias facetas de um dos maiores mitos do século XX. Até porque é difícil explicar o fenômeno que era Marilyn Monroe nos anos 1950. Ela não era uma simples estrela do cinema, era um furacão que causava uma revolução por onde passava. Ela imprimia uma idéia na mente das pessoas naquele tempo. Provavelmente em toda a humanidade. Para os homens o maior objeto de desejo, para as mulheres um ideal a ser seguido. Só ela conseguia ao mesmo tempo incorporar vulnerabilidade, doçura, medos e esperanças. Ficha técnica: Título original: My week with Marilyn. Lançamento: 2012. Direção: Simon Curtis. Gênero: Drama. Elenco: Michelle Williams, Kenneth Branagh, Emma Watson, Judi Dench, Eddie Redmayne, Dougray Scott, Julia Ormond.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Ele é o cara!

Praticamente ninguém sabia quem era Michael Fassbender antes do diretor Quentin Tarantino escalá-lo para viver o tenente Archie Hicox em Bastardos Inglórios, onde como ator, ele conseguiu se consagrar, com uma atuação digna de Oscar. Realmente o ator vinha dedicando a maior parte de seu tempo na época à produções para a televisão, fossem elas séries ou filmes. Seu foco mudou após ele conseguir papéis como: Stelios em 300, Richard Wirth em Blood Creek e Magneto em X-Men: First Class. Desde então Michael Fassbender vem conseguindo conquistar Hollywood e ser considerado por muitos como o ator da vez no cinema mundial. Depois que Tarantino viu seu grande talento, outros diretores também olharam melhor para esse alemão de 35 anos, que foi criado na Irlanda e hoje mora em Londres. Em 2001 mudou-se para os EUA, pois havia conseguido o seu primeiro papel na TV, na minissérie Band of Brothers, produzida por Steven Spielberg e Tom Hanks. Mas como ele mesmo diz: “Gosto de Londres e, quando passo muito tempo longe, sinto falta. Sou muito europeu." Em 2008, chamou todas as atenções no Festival de Cannes sua interpretação magistral de Bobby Sands, um prisioneiro que faz greve de fome, no premiado Hunger. O filme marcou o primeiro episódio de sua parceria com o diretor e roterista Steve McQueen (homônimo do ator americano, estrela de Papillon, 1974, morto em 1980). Para dar veracidade à história de Bobby Sands, ele emagreceu 16 quilos. "Steve me deu a primeira chance de verdade no cinema. Viramos amigos depois disso", disse Michael. McQueen tem três fimes no currículo: Hunger, Shame e 12 Years a Slave, este último que será filmado neste ano. E Fassbender está em todos. Ano passado ele emplacou dois filmes de sucesso nos EUA, que fizeram seu nome entrar no radar dos grandes estúdios de cinema e fez a crítica se render a seu trabalho. Em Um método Perigoso, de David Cronenberg, ele faz o psicanalista suíço Carl Jung, que, com seu mestre, o austríaco Sigmund Freud interpretado por Viggo Mortensen, tenta curar a dona de casa vivida por Keira Knightley e acaba se envolvendo com ela. Já em Shame, de Steve McQueen, ao lado de Carey Muligan, ele faz um viciado em sexo, e com esse personagem polêmico ganhou o prêmio de melhor ator em Veneza e concorreu ao Globo de Ouro de melhor ator em drama mas não ganhou perdendo para George Clooney pelo filme Os Descendentes , muitos críticos foram além e se queixaram bastante que Fassbender foi injustiçadamente esquecido nas indicações do Oscar este ano. Mas para alegria de seus fãs, este ano esse grande ator pode ser visto em grandes projetos, como no claustrofóbico Prometheus de Ridley Scott, que foi lançado em junho, onde faz um androide que rouba todas as cenas, que mesmo não sendo humano, sofre com as mazelas da humanidade e o violento Haywire de Steven Soderbergh, (ainda sem data de estreia no Brasil). Fassbender provavelmente será o novo RobCop em um remake que começará a ser filmado ano início do ano que vem e terá direção do brasileiro José Padilha de Tropa de Elite, também é o favorito do diretor Darren Aronofsky de Cisne Negro, para ser o protagonista de seu próximo longa, Noé, ao lado de Anthony Hopkins, além de está sendo muito cotado para se tornar o novo 007 e substituirá o canastrão loiro Daniel Craig. É mole ou ainda quer mais? Só dar ele mesmo, Mr. Fassbender é o cara! Daqui pra frente o difícil vai ser não se viciar em Michael Fassbender.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A dama de ouro do cinema





Que Meryl Streep é recordista absoluta com 17 indicações ao Oscar isso todo mundo está cansado de saber, acho que até ela mesma. Ela venceu em três ocasiões: prêmio de Melhor atriz pelo filme O franco-atirador em 1979 e de Melhor atriz codjuvante pelo filme Kramer vs. Kramer em 1980 e neste último domingo dia 26, ganhou mais um Oscar pra sua coleção particular, Oscar de Melhor atriz principal por sua magistral atuação da primeira-dama britânica Margaret Thatcher no filme A dama de ferro. Sem esquecer que já foi vitoriosa também com o prêmio do Globo de Ouro, com 26 indicações, tendo ganho 8 vezes.
Ao receber o Oscar, Meryl foi ovacionada de pé por seus colegas. Ela abriu seu discurso agradecendo o marido, por medo de que o limite de tempo a impedisse de dizer obrigado a ele por tudo e encerrou declarando que queria aproveitar para agradecer a todos os seus colegas e amigos. "Porque acho que nunca mais estarei aqui de novo”. disse a grande atriz. Meryl venceu com mérito as outras indicadas na mesma categoria, entre elas as atrizes: Viola Davis, Rooney Mara, Michelle Williams e Glenn Close.
Meryl já ganhou um Globo de Ouro e um Bafta por esse mesmo papel no filme A dama de ferro.
O filme foca no enredo da humanização e na polêmica da personagem, a primeira-dama britânica Margaret Thatcher, que governou a Inglaterra com mão de ferro entre 1979 e 1990. Durante a recessão econômica causada pela crise do petróleo no fim da década de 70, a líder política tomou medidas impopulares para a recuperação do país. Notabilizando-se por uma defesa estrita do monetarismo, da privatização de estatais, da flexibilização do mercado de trabalho e cortes de benefícios sociais, eliminando até o salário mínimo, restabelecido por Tony Blair em 1999. Seu grande teste, entretanto, foi no conflito entre a Grã-Bretanha e a Argentina na Guerra das Ilhas Malvinas, que completará 30 anos em abril. Passando um tanto batido por boa parte desse contexto político, o filme retrata a ex-primeira-ministra, que está viva, com 86 anos, como uma velha senhora abalada pela pré-senilidade, solitária e cercada de auxiliares mais empenhados em vigiá-la do que acolhê-la. Virtuosa, translúcida e convincente foram são algumas das palavras usadas por críticos dos Estados Unidos para descrever a atuação de Meryl na pele da polêmica política britânica. Críticas mais que merecidas!
Mary Louise Streep é descendente de uma família de britânicos, irlandeses, suíços e neerlandeses, filha de uma artista plástica e de um executivo da indústria farmacêutica, foi criada em Bernardsville, Nova Jersey, onde frequentou e se graduou na Bernards High School. Ela recebeu seu B.A. (Bacharelado de Artes) em Teatro na Vassar College, em 1971. Estudou música, arte dramática e ópera na Universidade Yale. Após finalizar os estudos, trabalhou para o Theatre Repertory Company, de Phoenix, e obteve reconhecimento ao ser nomeada para o Tony Award, e por vencer o Outer Critics Circle Award.
Sua estreia cinematográfica aconteceu em Julia, de Fred Zinnemann, em 1977. Debutou na televisão em 1978, com a série Holocausto, pela qual foi agraciada com o Emmy de melhor atriz.
Desde 1978 Meryl é casada com o escultor Don Gummer, com quem tem 4 filhos, Henry, Mamie Gummer, Grace e Louisa. Em 2009, foi eleita a 48ª mulher mais poderosa do mundo do entretenimento segundo o Hollywood Reporter e possui uma estrela na Calçada da Fama, localizada em 7020 Hollywood Boulevard. A atriz foi homenageada Festival de Cinema de Berlim este ano com um Urso de Ouro Honorário e uma retrospectiva de alguns de seus filmes mais famosos dos últimos 30 anos de carreira. Meryl Streep, tem 62 anos e é considerada a maior atriz viva do cinema. Meryl Streep é considerada por mim, a dama maior do cinema mundial. Meryl Streep é a primeira e única dama de ouro do cinema. Parabéns Meryl!

Fonte: Cinema Oul

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Uma dupla dinâmica que faz arte













“Os gêmeos” como são chamados a dupla de irmãos gêmeos idênticos, cujos nomes reais são Otávio e Gustavo Pandolfo, nascidos na cidade de São Paulo nos anos 70, são formados em desenho de comunicação pela Escola Técnica Estadual Carlos de Campos, começaram a pintar grafites em 1987 no bairro em que cresceram, o Cambuci e gradualmente tornaram-se uma das influências mais importantes na cena paulistana, ajudando a definir um estilo brasileiro de grafite.
Os trabalhos da dupla estão presentes em diferentes cidades dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Grécia, Cuba, entre outros países. Os temas vão de retratos de família à crítica social e política; o estilo formou-se tanto pelo hip hop tradicional como pela pichação.
Em 22 de maio de 2008, executaram a pintura da fachada da Tate Modern, de Londres, para a exposição Street Art, juntamente com o grafiteiro brasileiro Nunca, o grupo Faile, de Nova York; JR, de Paris; Blu, da Itália; e Sixeart, de Barcelona.
De suas duas mentes criativas transbordam todas as cores e sabores da imaginação. Lá tudo é possível e qualquer sonho se torna realidade. A inspiração para tantos desenhos e fábulas mágicas vem da forma com que a dupla Gustavo e Otávio Pandolfo, refletem em seu interior a realidade e a fantasia que lhes rodeiam. Cada pequeno detalhe, porque são através deles que suas obras assumem esta forma já tão reconhecível, são componentes importantes na criação do mundo fantástico, cheio de histórias cotidianas em forma de poesia. O mundo encantado em que vivem todos os seus personagens e que funciona como a janela da alma única dos irmãos gêmeos é repleto de uma mistura harmoniosa entre realismo e ficção. Suas histórias dançam entre dois importantes pilares. O olhar sonhador que possibilita a materialização de um mundo cheio de fantasias e suas críticas incisivas sobre as dificuldades enfrentadas por tantos cidadãos espalhados pelo mundo, vítimas de um modelo sócio-econômico que se encontra em grande transformação. Dessa união nascem obras que invocam um universo lírico e criações que mesclam ambas projeções, como se os próprios personagens mágicos criticassem com olhos inocentes toda a discrepância que existe em nossa sociedade.
Foi quando ainda viviam no mundo da fantasia ingênua e infantil, que tudo começou. Desde pequenos a maneira de brincar e construir os cenários onde seus personagens habitavam era minuciosa. Desmontado as peças originais de presentes que ganhavam, os irmãos refaziam com toda a delicadeza um outro universo. Com três anos de idade os lápis de cor e a imaginação já estavam presentes nos jogos e em todos os papeis espalhados pela casa. Desenhavam na mesma folha de papel e quando não, escolhiam os mesmo temas para ilustrar. O incentivo para mergulhar no mundo criativo que existia dentro deles sempre esteve presente na família, composta de outros artistas, como o irmão mais velho Arnaldo e a mãe Margarida. Também foram o pai e os avós que trouxeram a tona uma forma de apresentar ao mundo real toda a ânsia criativa que lhes transbordava.
O grafitismo entrou na vida dos irmãos em 1986, quando ainda viviam na região central de São Paulo onde passaram sua infância e adolescência. A cultura hip hop chegava ao Brasil e os jovens do bairro começaram a colorir suas idéias nos muros da cidade. Naquela época, com apenas 12 anos, tudo era novidade e sem ter de onde tirar suas referencias, Gustavo e Otavio improvisavam e inventavam sua própria linguagem, pintando com tintas de carro, látex, spray e usando bicos de desodorante e perfume para moldar seus traços; já que ainda não existiam acessórios e produtos próprios para a prática. O que a cidade proporcionou a eles foi essencial para o desenvolvimento de todas as habilidades que se transformaram depois no estilo próprio e imediatamente reconhecível dos artistas. Uma infância criativa, que rendeu duas vidas ao mundo da arte contemporânea.
A válvula de escape para a dupla era o grafite. Uma maneira que encontraram de criar um mundo onde só se pode penetrar através de suas mentes e onde tudo funciona pela lógica própria de “Tritrez”, o universo habitado pelos personagens amarelos, onde brilha e reina a sintonia entre todos os seus elementos. Cada parte e cada detalhe esta mergulhada na magia que envolve a imaginação dos irmãos.
Novos ventos começaram a sobrar em 1993 com a visita ao Brasil do artista plástico e grafiteiro Barry Mgee (Twist), de São Francisco. Mgee que chegou em São Paulo para realizar uma exposição de arte contemporânea mostrou aos irmãos a possibilidade de viver fazendo o que se gosta. Nesta época por diversão Gustavo e Otávio, que acabavam de completar 19 anos, já haviam começado a desenvolver um estilo próprio e a fazer trabalhos publicitários e decoração em lojas e escritórios com seus grafites. Começavam desta forma a viver única e exclusivamente deste maravilhoso dom que ocupava quase 100% de seus seres.
Em 1995, como experimento, realizaram uma exposição conjunta sobre arte de rua no MIS (Museu da Imagem e do Som) de SP e um ano depois uma pequena mostra de algumas peças e instalações em uma casa na Vila Madalena.
Mas a vida como artistas plásticos com o estilo já quase completamente maduro aconteceu pouco tempo depois em Munique (Alemanha) a convite de Loomit, grande nome do mundo do “Street Art “ que descobriu a dupla brasileira em uma revista internacional sobre o tema. Com este convite, a dupla embarcou em uma viagem sem volta pelo mundo realizando projetos em parceria com outros artistas e finalmente em 2003 a primeira exposição solo na galeria Luggage Store , em São Francisco.
Um grande salto veio quando os artistas entraram para a galeria Deitch Projects de Nova York em 2005, onde suas obras tomaram forma dentro do mercado de arte contemporânea. No momento em que ingressaram para o universo das galerias, a dupla pode trazer suas criações para um mundo muito além das ruas. Com isso, suas ideias tomaram formas tridimensionais em esculturas e instalação feitas de maneira peculiar com todos os elementos e detalhes que se podem acrescentar quando um desenho pula do papel e chega ao mundo real. Apenas depois de um ano, já com um nome forte no exterior, os gêmeos fizeram sua primeira exposição no Brasil na Galeria Fortes Vilaça, em São Paulo.
O trabalho desses gêmeos já ultrapassou as barreiras do grafite nas ruas e chegou a museus do mundo inteiro isso é público e notório. Nas exposições, além dos painéis, encontram-se esculturas gigantescas, carros e instrumentos musicais (que funcionam!) customizados. E não são para desbravar só com os olhos: na maioria das obras, sempre é possível uma interação: pode-se tocar, manusear e, nas peças maiores, como barcos, caixas e túneis, a entrada é permitida e incentivada. Frequentemente mencionados com louvor, como grandes representantes da arte contemporânea, os gêmeos impressionam pela imponência e riqueza de detalhes. Suas esculturas, na maioria das vezes muito altas, são à base de material reciclado, como latas, papelões, lascas de madeira e retalhos. Tudo trabalhado de forma tão delicada que um universo de detalhes se abre perante os olhos: a face, a posição dos braços e até mesmo as estampas das roupas das personagens estão cravados de expressões que dão uma riqueza inestimável às obras.
A pintura feita nas ruas e as criações feitas para obras e instalações em galerias partem do mesmo mundo onírico que existe dentro da mente da dupla, mas tomam rumos distintos. A primeira é o próprio dialogo dos artistas com as ruas, com cada pessoa que passa e de forma direta ou indireta interage com a pintura, isso é o grafite. A segunda é a materialização de sonhos, ideias, críticas sociais e políticas que retratam o universo vivido dentro em contraste com que se apresenta fora no dia-a-dia dos próprios irmãos. No momento em que todas estas ideias entram dentro de uma galeria elas deixam de pertencer ao grafite e passam a fazer parte do mundo que envolve a arte contemporânea.
A imaginação são as asas que os gêmeos utilizam para ir aos mais divertidos e ilusórios lugares que habitam suas mentes. É a porta aberta e o convite para mergulhar no humor e nas delícias de poder criar um mundo da nossa própria maneira e com todas as cores e fantasias que se possa imaginar. E que imaginação hein?

Fonte: Lost Art

Tatuagem

Uma cicatriz marcada na carne
Um pigmento que vira paixão
Uma pele que vira história
O corpo colocado em exposição
Sereias, corações, serpentes
Identidade colorida de nanquim
Os pêlos, os poros, a penugem
A flor da pele na pele uma flor
Cobras, caveiras, dragões
Tatouage para francês ver
Tatuagem só pra você
Derme, epiderme, hipoderme
Uma superfície de ideologia, modismo e crença
Uma camada que dialoga com um ponto corporal
Uma marca registrada pra sempre
Resumindo-nos apenas a sangue, tinta e suor.

(Codinome Pensador)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Viver é conviver

O ano de 2011 acabando, me peguei pensando e pude analisar e observar como cada vez mais o mundo está doente, por inúmeros motivos, mas o motivo que mais me chamou atenção foi a falta de intolerância com o outro, como o nosso semelhante, a ausência de disposição para aceitar pessoas com pontos de vista diferentes, que está baseada no preconceito, podendo levar à discriminação até na violência mais extrema.
As formas mais comuns são: o racismo, o sexismo, a homofobia, o heterossexismo, o etaísmo, sem esquecer as intolerâncias religiosa e política, que estão cada vez mais frequente em nossa sociedade. Uma atitude no mínimo lamentável e põe lamentável nisso, pra não falar coisa pior.
Quem não se lembra da polêmica sobre o racismo no futebol, durante o amistoso entre Brasil e Guatemala em 2006, quando uma banana foi atirada no gramado do estádio do Pacaembu, em São Paulo, com os dizeres "Grafite macaco!", citando o atacante do São Paulo e da seleção, pivô da confusão envolvendo também o argentino Desábato, naquela data o jogador Grafite acusou Desábato de ter lhe feito ofensas raciais. O jogador argentino foi detido ainda dentro do estádio e passou quase 40 horas preso em São Paulo. Liberado após pagar fiança de R$ 10 mil, ele irá responder a processo por injúria com agravante racial.
E isso não acontece só no Brasil, lembram em maio deste ano, quando o estilista londrino John Galliano que foi preso no chiquérrimo bairro do Marais, em Paris, depois de ter ofendido um casal de judeus em um bar. Galliano chegou a depor, negou que tivesse xingado o casal e foi liberado após pagar fiança.
Falar em homofobia e logo vir a minha mente aquele caso horrendo há dois meses atrás, que um grupo de quatro menores e um jovem de 19 anos, todos de classe alta, agrediu com socos, chutes, pauladas e lâmpadas fluorescentes três pedestres que caminhavam na avenida Paulista. Agressão foi motivada pelo fato de as vítimas serem ou estarem acompanhadas de homossexuais. E agora pasmem, por conta do crescente número de casos de homofobia no Senegal, o governo daquele país da África Ocidental, está forçando os gays a reprimirem suas vidas. Em janeiro do ano passado, foi condenado um grupo de nove homens a oito anos de prisão por homossexualismo. Parece mentira mas é a mais pura verdade.
E os crimes desse tipo só aumentaram, toda semana há pelo menos um caso de homofobia noticiado no Brasil, isto é, casos de agressões verbais ao cúmulo do assassinato à homossexuais, travestis e transexuais são notícias recorrentes no Brasil ao se transformarem em vítimas constantes de crimes de ódio motivados pela discriminação.
O etaísmo é um tipo de discriminação contra pessoas ou grupos baseado na idade. Quando este preconceito é a motivação principal por trás dos atos de discriminação, maus-tratos ou intolerância contra aquela pessoa ou grupo, então estes atos se constituem em discriminação por idade. Etaísmo está geralmente associada a duas faixas etárias específicas: adolescentes: (etaísmo contra adolescentes é também chamado "adultismo"), a quem são atribuídos as características estereotipadas de imaturos, insubordinados e irresponsáveis e terceira idade: que são rotulados de lentos, fracos, dependentes e senis.
E quem não viu o vídeo em setembro, do caso do interior de São Paulo de uma idosa de 70 anos que era cega, surda e não podia andar, que era agredida constantemente por uma mulher de 33 anos contratada para tomar conta da idosa, após desconfiança da família que percebeu muitos hematomas no corpo da anciã, decidiu-se instalar uma câmera dentro do quarto e em uma semana, a rotina de violência que a vítima sofria foi comprovada. As imagens foram entregues à polícia caiu na net e toda a imprensa noticiou.
Mesmo antes de fazer as gravações, a família já tinha registrado um boletim de ocorrência por suspeita de maus-tratos. Na época, a empregada foi chamada para depor, mas disse que não sabia de nada. Mas um laudo constatou lesão grave na idosa, provocada por meio cruel. Os advogados da empregada alegam que ela tem problemas mentais.
No primeiro semestre deste ano, o Disque Direitos Humanos registrou mais de três mil denúncias de agressão e maus tratos contra os idosos em todo o País. O Estatuto do Idoso, criado em 2003, ganhou mais uma lei que reforça a proteção a quem já passou dos 60 anos. Agora, as instituições de saúde públicas ou privadas são obrigadas a notificar as autoridades caso haja uma agressão física ou psicológica contra o idoso.
Agora entrando em terreno delicado, a intolerância religiosa, como diz aquela música do Gilberto Gil: “Ele diz que tem como abrir o portão do céu. Ele promete a salvação. Ele chuta a imagem da santa, fica louco-pinel. Mas não rasga dinheiro não”. Baseado nessa letra me lembrei de um episódio que aconteceu em 1995, quando um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, que ainda bem que não lembro o nome do tal, chutou em seu programa de TV uma imagem de Nossa Senhora de Aparecida, causando consternação em todo o país. Enquanto chutava a imagem da Santa, também proferia um discurso carregado de preconceito e ódio, nada condizentes com um representante religioso de Jesus Cristo. Entre suas declarações, a mais surpreendente foi que ele se referiu a santa como: “Ela não funciona! Ela é feia! Ela é preta! Ela não tem valor no mercado! Ela só serve para atrapalhar os negócios com antigas superstições!” disse o bispo na época. Sem querer usar um trocadilho mas já usando: Que cidadão é esse pelo amor de Deus?
E o caso de intolerância politica mais marcante e significativa até hoje na história do Brasil é na minha opinião a Ditadura Militar, onde pessoas desapareciam e eram mortas por conta do enfrentamento contra o Estado e as ideias de oposição à esse regime entre os anos de 1964 e 1985. Um tempo de autoritarismo e desrespeito total aos direitos sociais e humanos.
Tem um livro excelente do escritor Heinrich Mann que fala que intolerância está presente na esfera das relações humanas desde que o mundo é mundo e são fundadas em sentimentos e crenças religiosas. Que era que uma prática que se auto justificar em nome de Deus, adquirindo automaticamente o status de uma guerra de deuses encarnados em homens e mulheres que se odeiam e não se suportam.
Já o Maquiavel, me lembro que diz em seu livro famoso livro O príncipe que a intolerância tomou a forma de lutas ideológicas. Maquiavel cantou a pedra do futuro de este caminho de não respeitar as diferenças entre as pessoas, quando no Renascimento, advogou que os fins justificam os meios, em outras palavras, que a razão do Estado deve se impor a despeito dos meios utilizados.
Pra mim está claro que o maior problema do mundo de hoje, sem dúvida, é a intolerância. A intolerância que faz com que o meu “Deus” seja o único verdadeiro. A minha opinião a única certa. A minha verdade, a única verdade. A intolerância é radical, fera deixa marcar pro resto da vida. A intolerância é violenta pela própria natureza da não-aceitação a não ser do que consideramos certo, do que entendemos como justo, do que acreditamos como verdadeiro, da minha e somente minha verdade.
E é aí que estamos sendo uns completos idiotas e totalmente cegos, porque a verdade nunca vai ser pura e simples. Quando a verdade é na verdade apenas um instinto humano do mais primitivos possíveis, que nasce com a pretensão do homem e vai morrer com ele. Até porque quem conhece a verdade é um ignorante e a usa como artifício, análise ou idéia para tentar fazer as pessoas acreditarem nela. Até porque a verdade só é verdade, por mais absoluta que ela aparente ser, até que se prove o contrário. Falando em contrariar, vou contrariar agora Fernando Pessoa em sua famosa frase. Viver é preciso e conviver com as diferenças também é preciso, navegar fica pra depois, pra horas de lazer.

(Codinome Pensador)

Tô ouvindo: CD Cavaleiro selvagem aqui te sigo da Mariana Aydar


A cantora paulistana Mariana Aydar é certamente um dos principais talentos da nova safra da música brasileira, mesmo que ela prefira afastar-se desse rótulo. Seu mais recente trabalho o CD intitulado Cavaleiro Selvagem Aqui te Sigo, é o terceiro de sua carreira, mostra Mariana como uma cantora em constante evolução. Sinto que existe nela uma espécie de fuga da mesmice trazida por diversas cantoras brasileiras, que preferem se infiltrar somente no samba ou mesmo trazer algum ar de pseudomodernidade a MPB. Neste CD há espaço para diversos estilos, desde rock até forró, com direto à participação especial de Dominguinhos na doce Preciso do teu sorriso. Até mesmo por esta razão, seja difícil rotular o estilo de Mariana neste universo musical.
Algo que chamou atenção no CD, foram geniais e descolados arranjos de percussão e metais durante todas as músicas, que foi gravado praticamente ao vivo no Na Cena Studios, em São Paulo, com alguns adicionais no estúdio próprio da cantora, o Casa de Kavita.
Algumas das músicas de Cavaleiro Selvagem chegaram a ser apresentadas ao público em diversos shows da cantora, que serviram como uma espécie de laboratório para aprovação ou não do público. Foi o caso da excelente versão de Nine Out of Ten, de Caetano Veloso, considerado o primeiro reggae brasileiro, gravada no antológico disco Transa, de 1972 e de Porto (Porto, é Lisboa ou Salvador/Lindo, é cidade ou é amor), composição de Romulo Fróes e Nuno Ramos. Excelentes também estão as versões de Galope Rasante, do cantor e compositor paraibano Zé Ramalho, que sem a voz cavernosa de Zé Ramalho, fica uma leitura bem particular na voz da cantora e de Vai vadiar (Alcino Corrêa e Monarco), conhecido samba na voz de Zeca Pagodinho, e que no disco ganha um novo arranjo, quase um tango por conta da sanfona de Guilherme Ribeiro. No entanto, o grande achado mesmo é Preciso do teu sorriso, forró do Trio Virgulino que ganha uma balanço gostoso com a sanfona parisiense do mestre Dominguinhos.
Mariana Aydar, ou melhor Kavita (seu codinome), apresenta algumas composições próprias como Solitude, composta durante um retiro espiritual, Floresta, Cavaleiro Selvagem e Vinheta da Alegria.
Para se ter uma idéia, uma das faixas mais contagiantes é O homem da perna de pau, a guitarrada paraense candidata a hit das pistas mais antenadas.
Mas a grande afirmação artística de Mariana está na música Passionais, segue a inspiração da cantora de encontrar grandes músicas para engrandecê-las um pouco mais. Grande composição, grande letra, grande interpretação da cantora. “Escrevi essa letra porque sou passional em tudo na vida”. Diz ela.
A banda Los Caballeros acompanha a cantora em todas as faixas: Robinho nos baixos, Guilherme Held nas guitarras (de 6 e 12 cordas), Gustavo de Dalva na percussão e efeitos, Guilherme Ribeiro nos teclados (Rhodes, Hammond, piano acústico e sintetizadores) e Duani Martins, o segundo produtor deste álbum e também dois anteriores Kavita 1 de 2006 e Peixes, Pássaros, Pessoas (2000), na bateria. Letieres Leite toca flauta, pífano e caxixi.
É nítido que Mariana procurou investir em seu lado compositora. E se deu bem em canções que são enriquecidas por trompas e trombones sinfônicos, percussões suaves e bem colocadas, linha de baixo envolvente e guitarra etérea. Quase um trip hop genuinamente brasileiro.
“O cavaleiro passa, perpassa, atravessa o álbum da faixa de abertura aos galopes finais da última canção, como se todas as coisas não acabassem, mas se renovassem constantemente voltando às suas origens.A idéia se conecta com o conceito de fundamento das coisas da ancestralidade, tão ligado aos padrões percussivos afrobaianos, que dão um espírito particularmente forte ao disco”. Diz a cantora.
“A Saga do Cavaleiro é sugerir e guiar, passar e inspirar. Criei meu CD mais artesanal, cheio de mistérios, afromântrico. Não tem manual, não é uma homenagem a tradições, cada um de nós tem seu próprio Cavaleiro Selvagem. É uma busca a algo maior pela música, pela expressão, pela soma. O caminho é pessoal a cada participante e ouvinte e se é universal é pelo ímpeto artístico. O coração sente e derrama vida. E fim”. Refletiu Mariana.
A cantora consegue percorrer pelos mais diversos estilos e com uma moldura musical mais apurada, Mariana mostra ter firmeza e conhecimento sobre o que está fazendo e os faz ter uma projeção de que vem muita coisa boa pela frente em seus próximos trabalhos. Confirmando a tendência da nova geração em querer se mostrar eclética, Mariana Aydar ganha pontos por fazer isso de forma autêntica e realmente eclética.

Fonte: Misturebapop.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Feriado

Vamos deixar a vida chata pra depois
Desligar o celular e a tv
Se ligar em alguém especial, em algum lugar legal
Notícias perderam todo o sentido de ser
Amanhã o tempo terá todo o tempo do mundo
Silêncio, mudez, preguiça, sono
Apenas o desejo puro e simples de nada
Vontade de apenas sentir o mundo girar
Vontade de apenas sentir o tempo passar
Insuportável paciência
Dependência incansável
Amanhã o dia terá uma outra história
Esqueça o fato
Não esqueça a data
Ôpa, amanhã, no calendário, é feriado!

(Codinome Pensador)