segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O fenômeno psy...cótico do coreano

Parece até que o mundo perdeu o senso crítico e/ou o insight causando assim uma espécie de incapacidade de reconhecer o carácter estranho e bizarro do hit “Gangnam style” cantado pelo cantor, rapper e pop star sul-coreano Psy, alter-ego de Park Jae-Sang, pelos quatro cantos desse globo terrestre. Seu videoclipe é o mais visto da história do YouTube e da internet, ganhou mais de 970 milhões de visualizações desde seu lançamento, em 19 de junho deste ano e logo vai atingir a marca de 1 bilhão, entrando automaticamente para o Guinness Book e também no capítulo da história da cultura pop dedicado às celebridades instantâneas e globais. E não é que o fenômeno coreano, estudou música? E nos EUA! Ele lançou seu primeiro disco em 2000, até agora, o cantor tem seis álbuns lançados. Até este ano, ele fazia sucesso só na Coréia. Este ano, o sul-coreano receberá mais de US$ 8 milhões (cerca de R$ 17 milhões de reais) pelo seu hit de sucesso, de acordo com a Associated Press, apenas o valor dos anúncios relacionados ao vídeo rendem ao astro cerca de US$ 870 mil (R$ 1,8 milhão de reais), além disso, o músico e a empresa que gerencia sua carreira também recebem valores relacionados às inúmeras paródias do hit. A revista Time colocou Psy em a sua lista com os 38 indicados a "Pessoa do Ano". Além de o presidente reeleito Barack Obama, Malala Yousafzai, a jovem que foi baleada por extremistas do Talebã por querer estudar, E.L. James, a autora do best-seller Cinquenta tons de cinza e o cantor Jay-Z. O vencedor será conhecido no dia 20 de dezembro. Aqui no Brasil esse fenômeno foi copiado, o hit ganhou até uma versão criada pelo cantor Latino, que vive pegando carona em sucessos internacionais, na versão brasileira chamada por aqui de “Despedida de solteiro” é usado o compasso de “Gangnam style” para falar sobre mulheres e pegação, versão que foi reprovada por boa parte do público brasileiro. Mesmo estando bombado numa dimensão estratosférica, mesmo usando seu estilo brega-chic, mesmo com a dancinha bizarra sobre um cavalo imaginário e mesmo com influências visíveis do hip-hop, rock, R&B e da música eletrônica, Psy é uma exceção entre os ídolos coreanos, os artistas mais famosos do chamado “K-Pop” (uma abreviação de música pop coreana ou música popular coreana) fazem partes de boys bands ou girls bands (Girls Generation, Super Junior, Big Bang, 2NE1 e SHINee, só para citar alguns), muito semelhantes a grupos ingleses e norte-americanos, como o novato One Direction ou o sucesso dos anos 1990 N'Sync. Diferentemente de Psy, as garotas do Girls Generation ou os meninos do Big Bang não zombam dos ricos ou aspirantes a ricos de Seul e nem exibem quilinhos a mais num terno apertado. Os integrantes dos grupos coreanos mais famosos são jovens, bonitos, magros, estilosos e com maquiagem e penteado impecáveis. Nas músicas, que contam com coreografias elaboradas e algumas frases em inglês, eles cantam geralmente sobre o amor. E a pergunta que não quer calar: o que é esse tal estilo Gangnam de ser? Fui pesquisar e descobri que Gangnam é um bairro de classe alta de Seul, capital da Coréia do Sul. Lá não só vivem as pessoas mais ricas e influentes do país, mas também estão localizados as lojas mais caras e luxuosas da cidade, sendo um dos polos que mais cria tendências nacionais. A desigualdade é tanta que quase 7% do PIB do país está localizado nos quase 15 quilômetros quadrados dos bairro. Então, o Gangnam Style seria algo parecido com o Estilo Morumbi de São Paulo, ou o Estilo Leblon no Rio de Janeiro. Mas muito se engana quem pensa que o cantor fez a música apenas para exaltar o estilo de vida luxuoso do local. Todo o clipe é uma divertida crítica social ao modo de vida consumista da região. Além dos filhos de famílias ricas, acostumados com luxo e conforto, o bairro costuma a receber muitas pessoas que não possuem tanto dinheiro assim, mas tentam se passar por ricos e importantes. Apesar de ter nascido no bairro de Gangnam, Park “Psy” Jae-Sang, sempre se mostrou contra a tentativa dos frequentadores do bairro de parecerem mais chiques do que realmente são. O clipe inteiro gira em torno de um cara que se acha um figurão, mas o tempo todo se revela estar num lugar completamente diferente e viver de aparências. Quando pensamos que ele está numa praia, o clipe mostra que ele está num parquinho. Ao invés de andar de cavalo e jogar polo, ele anda num carrossel e brinca de cavalinho (a coreografia mais bizarra e divertida dos últimos tempos). Ao invés de dança numa balada TOP ele dança num ônibus com turistas. Ele encontra a namorada dentro do metrô. Canta dentro de uma cabine de banheiro, sentado na privada. E assim por diante… Mesmo depois do videoclipe ter ganhado milhares de paródias e releituras que ampliaram a sua repercussão. “Gangnam style” e seu criador tiveram sua consagração definitiva semana passada, quando, após assinar contrato com Scooter Braun, empresário de Justin Bieber e da cantora Carly Rae Jepsen, que também fez fama na internet, Psy esteve no programa da apresentadora americana Ellen DeGeneres para ensinar a coreografia a ela e à cantora Britney Spears, no YouTube, o vídeo da “aula” de Psy a Ellen e Britney já soma, sozinho, mais de 20 milhões de visualizações. O talk show de DeGeneres foi um trampolim. Nos dias que se seguiram, o rapper participou de outros programas famosos da televisão americana, como o Saturday Night Live e o Today Show, e foi notícia no mundo todo. Para esses artistas, o problema do sucesso que vem da internet, com ou sem motivação bizarra, é que ele tende a ser um sucesso efêmero. Psy é bom começar a bolar outra dancinha esdrúxula. Ou “Gangnam style”, em breve, pode virar trilha de comercial de ketchup. Eu acho até que isso também poderia estourar no YouTube? Deus tende piedade de nós e de nossos ouvidos! Fica a dica!

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