quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Viver é conviver

O ano de 2011 acabando, me peguei pensando e pude analisar e observar como cada vez mais o mundo está doente, por inúmeros motivos, mas o motivo que mais me chamou atenção foi a falta de intolerância com o outro, como o nosso semelhante, a ausência de disposição para aceitar pessoas com pontos de vista diferentes, que está baseada no preconceito, podendo levar à discriminação até na violência mais extrema.
As formas mais comuns são: o racismo, o sexismo, a homofobia, o heterossexismo, o etaísmo, sem esquecer as intolerâncias religiosa e política, que estão cada vez mais frequente em nossa sociedade. Uma atitude no mínimo lamentável e põe lamentável nisso, pra não falar coisa pior.
Quem não se lembra da polêmica sobre o racismo no futebol, durante o amistoso entre Brasil e Guatemala em 2006, quando uma banana foi atirada no gramado do estádio do Pacaembu, em São Paulo, com os dizeres "Grafite macaco!", citando o atacante do São Paulo e da seleção, pivô da confusão envolvendo também o argentino Desábato, naquela data o jogador Grafite acusou Desábato de ter lhe feito ofensas raciais. O jogador argentino foi detido ainda dentro do estádio e passou quase 40 horas preso em São Paulo. Liberado após pagar fiança de R$ 10 mil, ele irá responder a processo por injúria com agravante racial.
E isso não acontece só no Brasil, lembram em maio deste ano, quando o estilista londrino John Galliano que foi preso no chiquérrimo bairro do Marais, em Paris, depois de ter ofendido um casal de judeus em um bar. Galliano chegou a depor, negou que tivesse xingado o casal e foi liberado após pagar fiança.
Falar em homofobia e logo vir a minha mente aquele caso horrendo há dois meses atrás, que um grupo de quatro menores e um jovem de 19 anos, todos de classe alta, agrediu com socos, chutes, pauladas e lâmpadas fluorescentes três pedestres que caminhavam na avenida Paulista. Agressão foi motivada pelo fato de as vítimas serem ou estarem acompanhadas de homossexuais. E agora pasmem, por conta do crescente número de casos de homofobia no Senegal, o governo daquele país da África Ocidental, está forçando os gays a reprimirem suas vidas. Em janeiro do ano passado, foi condenado um grupo de nove homens a oito anos de prisão por homossexualismo. Parece mentira mas é a mais pura verdade.
E os crimes desse tipo só aumentaram, toda semana há pelo menos um caso de homofobia noticiado no Brasil, isto é, casos de agressões verbais ao cúmulo do assassinato à homossexuais, travestis e transexuais são notícias recorrentes no Brasil ao se transformarem em vítimas constantes de crimes de ódio motivados pela discriminação.
O etaísmo é um tipo de discriminação contra pessoas ou grupos baseado na idade. Quando este preconceito é a motivação principal por trás dos atos de discriminação, maus-tratos ou intolerância contra aquela pessoa ou grupo, então estes atos se constituem em discriminação por idade. Etaísmo está geralmente associada a duas faixas etárias específicas: adolescentes: (etaísmo contra adolescentes é também chamado "adultismo"), a quem são atribuídos as características estereotipadas de imaturos, insubordinados e irresponsáveis e terceira idade: que são rotulados de lentos, fracos, dependentes e senis.
E quem não viu o vídeo em setembro, do caso do interior de São Paulo de uma idosa de 70 anos que era cega, surda e não podia andar, que era agredida constantemente por uma mulher de 33 anos contratada para tomar conta da idosa, após desconfiança da família que percebeu muitos hematomas no corpo da anciã, decidiu-se instalar uma câmera dentro do quarto e em uma semana, a rotina de violência que a vítima sofria foi comprovada. As imagens foram entregues à polícia caiu na net e toda a imprensa noticiou.
Mesmo antes de fazer as gravações, a família já tinha registrado um boletim de ocorrência por suspeita de maus-tratos. Na época, a empregada foi chamada para depor, mas disse que não sabia de nada. Mas um laudo constatou lesão grave na idosa, provocada por meio cruel. Os advogados da empregada alegam que ela tem problemas mentais.
No primeiro semestre deste ano, o Disque Direitos Humanos registrou mais de três mil denúncias de agressão e maus tratos contra os idosos em todo o País. O Estatuto do Idoso, criado em 2003, ganhou mais uma lei que reforça a proteção a quem já passou dos 60 anos. Agora, as instituições de saúde públicas ou privadas são obrigadas a notificar as autoridades caso haja uma agressão física ou psicológica contra o idoso.
Agora entrando em terreno delicado, a intolerância religiosa, como diz aquela música do Gilberto Gil: “Ele diz que tem como abrir o portão do céu. Ele promete a salvação. Ele chuta a imagem da santa, fica louco-pinel. Mas não rasga dinheiro não”. Baseado nessa letra me lembrei de um episódio que aconteceu em 1995, quando um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, que ainda bem que não lembro o nome do tal, chutou em seu programa de TV uma imagem de Nossa Senhora de Aparecida, causando consternação em todo o país. Enquanto chutava a imagem da Santa, também proferia um discurso carregado de preconceito e ódio, nada condizentes com um representante religioso de Jesus Cristo. Entre suas declarações, a mais surpreendente foi que ele se referiu a santa como: “Ela não funciona! Ela é feia! Ela é preta! Ela não tem valor no mercado! Ela só serve para atrapalhar os negócios com antigas superstições!” disse o bispo na época. Sem querer usar um trocadilho mas já usando: Que cidadão é esse pelo amor de Deus?
E o caso de intolerância politica mais marcante e significativa até hoje na história do Brasil é na minha opinião a Ditadura Militar, onde pessoas desapareciam e eram mortas por conta do enfrentamento contra o Estado e as ideias de oposição à esse regime entre os anos de 1964 e 1985. Um tempo de autoritarismo e desrespeito total aos direitos sociais e humanos.
Tem um livro excelente do escritor Heinrich Mann que fala que intolerância está presente na esfera das relações humanas desde que o mundo é mundo e são fundadas em sentimentos e crenças religiosas. Que era que uma prática que se auto justificar em nome de Deus, adquirindo automaticamente o status de uma guerra de deuses encarnados em homens e mulheres que se odeiam e não se suportam.
Já o Maquiavel, me lembro que diz em seu livro famoso livro O príncipe que a intolerância tomou a forma de lutas ideológicas. Maquiavel cantou a pedra do futuro de este caminho de não respeitar as diferenças entre as pessoas, quando no Renascimento, advogou que os fins justificam os meios, em outras palavras, que a razão do Estado deve se impor a despeito dos meios utilizados.
Pra mim está claro que o maior problema do mundo de hoje, sem dúvida, é a intolerância. A intolerância que faz com que o meu “Deus” seja o único verdadeiro. A minha opinião a única certa. A minha verdade, a única verdade. A intolerância é radical, fera deixa marcar pro resto da vida. A intolerância é violenta pela própria natureza da não-aceitação a não ser do que consideramos certo, do que entendemos como justo, do que acreditamos como verdadeiro, da minha e somente minha verdade.
E é aí que estamos sendo uns completos idiotas e totalmente cegos, porque a verdade nunca vai ser pura e simples. Quando a verdade é na verdade apenas um instinto humano do mais primitivos possíveis, que nasce com a pretensão do homem e vai morrer com ele. Até porque quem conhece a verdade é um ignorante e a usa como artifício, análise ou idéia para tentar fazer as pessoas acreditarem nela. Até porque a verdade só é verdade, por mais absoluta que ela aparente ser, até que se prove o contrário. Falando em contrariar, vou contrariar agora Fernando Pessoa em sua famosa frase. Viver é preciso e conviver com as diferenças também é preciso, navegar fica pra depois, pra horas de lazer.

(Codinome Pensador)

Tô ouvindo: CD Cavaleiro selvagem aqui te sigo da Mariana Aydar


A cantora paulistana Mariana Aydar é certamente um dos principais talentos da nova safra da música brasileira, mesmo que ela prefira afastar-se desse rótulo. Seu mais recente trabalho o CD intitulado Cavaleiro Selvagem Aqui te Sigo, é o terceiro de sua carreira, mostra Mariana como uma cantora em constante evolução. Sinto que existe nela uma espécie de fuga da mesmice trazida por diversas cantoras brasileiras, que preferem se infiltrar somente no samba ou mesmo trazer algum ar de pseudomodernidade a MPB. Neste CD há espaço para diversos estilos, desde rock até forró, com direto à participação especial de Dominguinhos na doce Preciso do teu sorriso. Até mesmo por esta razão, seja difícil rotular o estilo de Mariana neste universo musical.
Algo que chamou atenção no CD, foram geniais e descolados arranjos de percussão e metais durante todas as músicas, que foi gravado praticamente ao vivo no Na Cena Studios, em São Paulo, com alguns adicionais no estúdio próprio da cantora, o Casa de Kavita.
Algumas das músicas de Cavaleiro Selvagem chegaram a ser apresentadas ao público em diversos shows da cantora, que serviram como uma espécie de laboratório para aprovação ou não do público. Foi o caso da excelente versão de Nine Out of Ten, de Caetano Veloso, considerado o primeiro reggae brasileiro, gravada no antológico disco Transa, de 1972 e de Porto (Porto, é Lisboa ou Salvador/Lindo, é cidade ou é amor), composição de Romulo Fróes e Nuno Ramos. Excelentes também estão as versões de Galope Rasante, do cantor e compositor paraibano Zé Ramalho, que sem a voz cavernosa de Zé Ramalho, fica uma leitura bem particular na voz da cantora e de Vai vadiar (Alcino Corrêa e Monarco), conhecido samba na voz de Zeca Pagodinho, e que no disco ganha um novo arranjo, quase um tango por conta da sanfona de Guilherme Ribeiro. No entanto, o grande achado mesmo é Preciso do teu sorriso, forró do Trio Virgulino que ganha uma balanço gostoso com a sanfona parisiense do mestre Dominguinhos.
Mariana Aydar, ou melhor Kavita (seu codinome), apresenta algumas composições próprias como Solitude, composta durante um retiro espiritual, Floresta, Cavaleiro Selvagem e Vinheta da Alegria.
Para se ter uma idéia, uma das faixas mais contagiantes é O homem da perna de pau, a guitarrada paraense candidata a hit das pistas mais antenadas.
Mas a grande afirmação artística de Mariana está na música Passionais, segue a inspiração da cantora de encontrar grandes músicas para engrandecê-las um pouco mais. Grande composição, grande letra, grande interpretação da cantora. “Escrevi essa letra porque sou passional em tudo na vida”. Diz ela.
A banda Los Caballeros acompanha a cantora em todas as faixas: Robinho nos baixos, Guilherme Held nas guitarras (de 6 e 12 cordas), Gustavo de Dalva na percussão e efeitos, Guilherme Ribeiro nos teclados (Rhodes, Hammond, piano acústico e sintetizadores) e Duani Martins, o segundo produtor deste álbum e também dois anteriores Kavita 1 de 2006 e Peixes, Pássaros, Pessoas (2000), na bateria. Letieres Leite toca flauta, pífano e caxixi.
É nítido que Mariana procurou investir em seu lado compositora. E se deu bem em canções que são enriquecidas por trompas e trombones sinfônicos, percussões suaves e bem colocadas, linha de baixo envolvente e guitarra etérea. Quase um trip hop genuinamente brasileiro.
“O cavaleiro passa, perpassa, atravessa o álbum da faixa de abertura aos galopes finais da última canção, como se todas as coisas não acabassem, mas se renovassem constantemente voltando às suas origens.A idéia se conecta com o conceito de fundamento das coisas da ancestralidade, tão ligado aos padrões percussivos afrobaianos, que dão um espírito particularmente forte ao disco”. Diz a cantora.
“A Saga do Cavaleiro é sugerir e guiar, passar e inspirar. Criei meu CD mais artesanal, cheio de mistérios, afromântrico. Não tem manual, não é uma homenagem a tradições, cada um de nós tem seu próprio Cavaleiro Selvagem. É uma busca a algo maior pela música, pela expressão, pela soma. O caminho é pessoal a cada participante e ouvinte e se é universal é pelo ímpeto artístico. O coração sente e derrama vida. E fim”. Refletiu Mariana.
A cantora consegue percorrer pelos mais diversos estilos e com uma moldura musical mais apurada, Mariana mostra ter firmeza e conhecimento sobre o que está fazendo e os faz ter uma projeção de que vem muita coisa boa pela frente em seus próximos trabalhos. Confirmando a tendência da nova geração em querer se mostrar eclética, Mariana Aydar ganha pontos por fazer isso de forma autêntica e realmente eclética.

Fonte: Misturebapop.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Feriado

Vamos deixar a vida chata pra depois
Desligar o celular e a tv
Se ligar em alguém especial, em algum lugar legal
Notícias perderam todo o sentido de ser
Amanhã o tempo terá todo o tempo do mundo
Silêncio, mudez, preguiça, sono
Apenas o desejo puro e simples de nada
Vontade de apenas sentir o mundo girar
Vontade de apenas sentir o tempo passar
Insuportável paciência
Dependência incansável
Amanhã o dia terá uma outra história
Esqueça o fato
Não esqueça a data
Ôpa, amanhã, no calendário, é feriado!

(Codinome Pensador)