quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Desnudando Fernanda Young
A escritora Fernanda Young confessou em entrevista que posou para a Playboy desse mês de novembro por duas razões: a primeira era ganhar a roupa de coelhinha; a segunda, para encontrar uma mulher que não está acostumada a ver nas publicações masculinas. “Quero mudar a estética do Brasil. Sou altamente brasileira, mas era sempre representada por um erotismo que não me diz respeito. Resolvi posar para me satisfazer”, revelou, citando que também gostaria de ver mulheres como Fernanda Torres, Andréa Beltrão e Angélica estampando a capa.
Antes de topar posar para a revista, Fernanda confessou que muito pensou. “Pensei tanto que já estava pensando em desistir, mas então lembrei de três babacas e adoro uma vingança”, disse, referindo-se a homens que lhe fizeram mal no passado. “Se chegasse aos 50 anos sem ter posado para a Playboy, iria me odiar muito. Prefiro me arrepender por ter feito algo porque o arrependimento de não fazer é muito pior”.
A apresentadora do GNT disse ter ficado surpresa quando viu as fotos e se deparou com seu corpo. “Estou bem à beça. Pedi para que usassem muito pouco do Photoshop. Não queria que minha pele perdesse a textura, o que faria o ensaio perder a razão”, contou, salientando que fez questão de apagar as estrias da gestação e as cicatrizes do peito, resultado de uma plástica.
O ensaio foi clicado por Bob Wolfenson, que realizou o desejo de Fernanda Young em retratar uma mulher à espera de seu homem. “Tudo acontece em uma casa vazia, mafiosa. Enquanto ela aguarda, se prepara. Há muito sonho, desejo e ilusão na preparação de uma mulher para um encontro amoroso. Talvez seja a parte mais excitante de um encontro.” Escreveu até um texto esclusivo intitulado (Estala coração de vidro pintado) para acrescentar à essa mulher-personagem que personificou na fotos sensuais e fetichistas do ensaio. “Minhas fotos não puramente eróticas tem arte nelas também e mesmo assim espero que muita gente se masturbe. Vou ficar felicíssima se isso acontecer. Aguardo relatos”, divertiu-se Fernanda.
A morena também contou que sempre sofreu na escola. “Era aquela em que todos jogavam s bolinhas. Até os que levavam a bolinha, jogavam em mim. Então, fazer a Playboy é uma espécie de vingança. Só aceitei que ser gostosa é legal há uns dois anos.”
A vontade de Young? Vender mais revistas que uma ex-BBB. “Os homens gostam de mulheres bundudas, peitudas, morenas e de cabelos compridos. Por que não podem ver algo diferente? Antes de ver a revista já ficam dizendo que sou sem sal...”, reclamou. A escritora também aposta no público feminino para comprar suas revistas. “Acho mais bonito o nu feminino e já comprei muitas vezes a Playboy. Porém, jamais compraria revista de homem nu. Acho indigesto. E olha que eu gosto de homem, viu?
Estala coração de vidro pintado
Por Fernanda Young
Enquanto ela se arruma, o mundo para. O mundo dela, onde só existe o homem que aguarda. Nessa casa sem vínculos, vazio perfeito para encontros clandestinos. Ela tenta fazer daquele quase nada, algo acolhedor. Quer oferecer, alimentar, prover o aconchego que crê que ele mereça. Porque ele é o seu homem. Só seu, durante o tempo em que estiver naquela casa. Lar sem lembranças nem porta-retratos. Ilusão que ela finge não notar, e durará apenas o tempo-livre daquele que espera. Já que ele não é dela e ela não é ele, embora se prepare como se fosse.
Quer que o vazio esteja lindo, sem saber que lindo seria vê-la assim, acreditando num amor-para-sempre, que termina antes do anoitecer. Não é ingênua ou cínica, é uma mulher e gosta desse jogo, mesmo sabendo que, nele, nunca há vencedoras. Perdedora ou perdida, sente-se excitada. Quase aborrecida por ele estar atrasado. Lembra, porém, de mais alguns detalhes que faltam no paraíso que quer ofertar.
Circula pela casa, toma um vinho, escreve um poema. Vai tentar convencê-lo de quanto ela é perfeita. Ela escreve versos. Ela é livre, mas sabe cozinhar. Escuta um barulho e seu corpo treme inteiro, ainda não é ele. Tenta ficar calma, mas seu coração, agora não bate, estala, como um delicado cristal que, num brinde, trinca. Serve-se mais uma taça de vinho. Sente uma certa vontade de chorar. Tenta se distrair. Pode brincar um pouco enquanto ele não chega? Decide que sim, imaginando tudo que gostaria de fazer com ele. Algumas que nunca fez, inclusive. Mas ele demora demais e ela prefere não mexer onde não deve.
O primeiro prazer daquela tarde deverá ser com ele, por ele. Mesmo reconhecendo que, no quarto escuro de sua mente, faça o que quiser, com quem quiser. Ele não precisa saber disso. Nenhum homem precisa saber que é na imaginação que a mulher esconde o tal ponto G. Ri. Vê a hora, começa a ficar realmente irritada. Mais uma taça de vinho e o seu coração de vidro estalará mais forte, talvez forte demais. Tornando-a mais intensa em sua poesia e menos preocupada com a refeição que esfria.
Que casa é essa, afinal? Decide macular o branco daquele local asséptico. O mundo, afinal, não é apenas o local que seu homem habita, homem que nem é tão seu. E tudo fica melhor quando está bagunçado. Então, desarruma tudo.
Fonte: Revista Playboy
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