segunda-feira, 29 de março de 2010

Andy Warhol, sempre pop e sempre vivo.


A exposição Andy Warhol, Mr. América foi aberta ao público neste último dia 20, onde fica em cartaz até o dia 23 de maio. São 44 filmes, 26 pinturas, 58 gravuras, 39 fotos, 44 filmes e duas instalações expostas na Estação Pinacoteca em São Paulo. A mostra foi organizada pelo The Andy Warhol Museum, de Pittsburgh, nos EUA. Grande parte das peças que integram o conjunto foram criadas quando o artista morava na lendária Factory, em Nova York, um estúdio onde trabalhava, reunia amigos e promovia festas. A mostra, que já passou por Bogotá, na Colômbia e por Buenos Aires, na Argentina, centra-se no período entre 1961 e 1968, considerado o mais prolífico da trajetória deste artista pop.
Quando iniciou sua Factory, em 1964, Warhol tinha duas obsessões na vida: ganhar dinheiro e ficar famoso, não necessariamente nessa ordem. O próprio loft, com as paredes cobertas com papel alumínio e o teto e o chão pintados com tinta prateada, acabou virando uma boa estratégia para o tão desejado sucesso. Warhol fazia questão de deixar sua porta sempre aberta para acolher as celebridades em alta e elas retribuíam com uma assiduidade de cartão de ponto. A modelo, atriz e socialite Edie Sedgwick tornou-se companhia constante. O cantor Bob Dylan também era um frequentador habitual do endereço, assim como Lou Reed e John Cale, membros da banda The Velvet Underground, que tinha justamente Warhol como empresário. O mais americano dos artistas americanos adorava uma fofoca, gastava horas ao telefone e não perdia uma boa festa. Tudo em nome da fama e do dinheiro. Aos poucos, transformou-se em um produto. Sua casa, a Factory, virou marca. E sua atitude, suas companhias, enfim, sua imagem pública converteu-se em um meio para valorizar sua obra. O também artista Charles Henri Ford definiu muito bem certa vez o estilo de vida do amigo: "Andy numa ilha deserta não seria Andy".
Andy Warhol é o nome sem dúvida o mais representativo, controvertido e conhecido do movimento chamado Pop Art, surgido na Inglaterra na década de 1950, mas que floresceu somente nos anos 1960. Os artistas da época usavam produtos do capitalismo, como embalagens e propagandas, para expressar arte, fazendo assim uma crítica ao consumo de massa, após estudar apurado nos símbolos e produtos do mundo da propaganda nos EUA, passaram a transformá-los em tema de suas obras, isso tudo fincado nas raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp. Representavam, assim, os componentes mais ostensivos da cultura popular, de poderosa influência na vida cotidiana na segunda metade do século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em oposição ao expressionismo abstrato que dominava a cena estética desde o final da segunda guerra. Sua iconografia era a da televisão, da fotografia, dos quadrinhos, do cinema e da publicidade.
Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamento da sociedade pelos objetos de consumo, a Pop Art operava com signos estéticos massificados da publicidade, quadrinhos, ilustrações e designam, usando como materiais principais, tinta acrílica, ilustrações e designs, usando como materiais, usando como materiais principais, tinta acrílica, poliéster, látex, produtos com cores intensas, brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente grande, transformando o real em hiper-real. Mas ao mesmo tempo que produzia a crítica, a Pop Art se apoiava e necessitava dos objetivos de consumo, nos quais se inspirava e muitas vezes o próprio aumento do consumo. Baseado nisso surge Andy Warhol com sua concepção da produção mecânica da imagem em substituição ao trabalho manual numa série de retratos de ídolos da música popular e do cinema, como Elvis Presley e Marilyn Monroe e Che Guevara. Warhol entendia as personalidades públicas como figuras impessoais e vazias, apesar da ascensão social e da celebridade. Da mesma forma e usando sobretudo a técnica de serigrafia, destacou a impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo, como garrafas de Coca-Cola, as latas de sopa Campbell, automóveis, crucifixos, dinheiro, icônicos da história da arte, como a Mona Lisa. Produziu filmes e discos, incentivou o trabalho de outros artistas e teve uma revista mensal. Além disso, muito do que era considerado brega, virou moda e já que tanto o gosto, como a arte tem um determinado valor e significado conforme o contexto histórico em que se realiza, a Pop Art proporcionou a transformação do que era considerado vulgar, em refinado e aproximou a arte das massas, desmitificando, já que se utilizava de objetos próprios delas, a arte para poucos.
A obra de Andy Warhol expunha uma visão irônica da cultura de massa. No Brasil, seu espírito foi subvertido, pois, nosso pop usou da mesma linguagem, mas transformou-a em instrumento de denúncia política e social, através de artistas como: Duke Lee, Baravelli, Fajardo, Nasser, Resende, Aguilar e Antonio Henrique Amaral.
Andrew Warhola ou Andy Warhol como o conhecemos, nasceu em Pittsburgh, Pensilvânia, filho de imigrantes da classe operária originários de Mikó, hoje chamada Miková, no nordeste da Eslováquia. Nos primeiros anos de estudo, Warhol teve coreia, uma doença do sistema nervoso que provoca movimentos involuntários das extremidades, que se acredita ser uma complicação da escarlatina e causa manchas de pigmentação na pele. Às vezes quando estava confinado à cama, desenhava, ouvia rádio e colecionava imagens de estrelas de cinema ao redor de sua cama. Warhol depois descreveu esse período como muito importante no desenvolvimento da sua personalidade, do conjunto de suas habilidades e de suas preferências.
Aos 17 anos, em 1945, entrou no Instituto de Tecnologia de Carnegie, em Pittsburgh, hoje Universidade Carnegie Mellon e se graduou em design. Logo após mudou para Nova York e começou a trabalhar como ilustrador de importantes revistas, como Vogue, Harper's Bazaar e The New Yorker, além de fazer anúncios publicitários e displays para vitrines de lojas. Começa aí uma carreira de sucesso como artista gráfico ganhando diversos prêmios como diretor de arte do Art Director's Club e do The American Institute of Graphic Arts. Fez a sua primeira mostra individual em 1952, na Hugo Galley onde exibe quinze desenhos baseados na obra de Truman Capote. Esta série de trabalhos é mostrada em diversos lugares durante os anos 50, incluindo o MOMA, Museu de Arte Moderna, em 1956 e passa a assinar Warhol.
Em 1968, Valerie Solanis, fundadora e única membro da SCUM (Society for Cutting Up Men - Sociedade para castrar homens) invade o estúdio de Warhol e o fere com três tiros, mas o ataque não é fatal e Warhol se recupera, depois de se submeter a uma cirurgia que durou cinco horas. Este fato é tema do filme "I shot Andy Warhol" (Eu atirei em Andy Warhol), dirigido por Mary Harron, em 1996.
Em 1987 ele foi operado à vesícula biliar. A operação correu bem mas Andy Warhol morreu no dia seguinte. Ele sumiu da vida para entrar para eternidade de milhões de fãs e vira ícone pop e eterno das artes pláticas contemporânea. E fica eternizada também sua mais conhecida frase: “In the future everyone will be famous for fifteen minutes”. No futuro, toda a gente será célebre durante quinze minutos. Aqui estamos nós , após 23 anos depois da sua morte: em pleno reality show, isto é, dá para dizer que Warhol de certa forma antecipou a superexposição da vida pessoal que, com a internet e seus populares sites de relacionamentos, blogs e Twitters da vida, tornou-se uma característica marcante do século XXI. Isso só prova mais ainda como um caipira de Pittsburgh tinha uma tremenda sensibilidade e genialidade para entender o presente e assustadora habilidade para antecipar o futuro.

Fonte: Uol

Um comentário:

  1. Muito bom amigo,um artista bem relacionado,marqueteiro,visionário,arrogante,meio doido,mas um artista de todos os tempos!

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