terça-feira, 9 de março de 2010
Eles são os melhores
Depois de 51 anos de carreira o ator Jeff Bridges, que já somava cinco indicações para o Oscar e agora com a indicação pelo papel do cantor Bad Blake em "Coração Louco” ganhou seu primeiro Oscar de melhor ator da temporada 2010. Bridges era favorito destacado para ficar com a estatueta na bolsa de apostas. O filme "Coração Louco" seria apenas mais um drama, mas a atuação de Jeff Bridges fez a diferença. A história que relata a vida de Bad Blake, cantor de música country de 57 anos em declínio na carreira e na vida.
Apresentando-se apenas em locais decadentes no território americano, Bad Blake acaba conhecendo Jean (Maggie Gyllenhaal), uma jovem jornalista em busca de uma entrevista com uma velha estrela e que acaba vivendo um romance repleto de dificuldades com o cantor. Em sua estréia como diretor, Scott Cooper, consegue fazer de Jeff Bridges, estrela da produção e que consegue dar ao personagem uma difícil mistura de negligência, frieza, derrotismo e ternura, que impedem ao espectador tomar uma posição clara a favor ou contra. A ausência de pretensões artísticas do diretor favorece a narração e permite que Bridges conduza o espectador ao longo da história. Como a premiação de melhor ator, põe fim a uma das maiores injustiças de Hollywood, que nunca premiou um ator que tem talento de sobra.
A atuação é o melhor momento de Bridges, de 60 anos, desde o cult “O grande Lebowski”, de 1998, onde fez uma excepcional atuação. Já premiado pelo papel com o Globo de Ouro, o ator ganha o seu merecido Oscar. E para surpresa do grande público que ficou sabendo, que Bridges quase recusou o personagem. “Quando me ofereceram o papel, não tinham nada decidido na parte musical, que é um aspecto essencial do filme. Pensei que sem a música certa, o filme poderia virar um fiasco”, explica Bridges em entrevista em Los Angeles. Foi só quando soube que a trilha ficaria a cargo do amigo e compositor T-Bone Burnett (responsável pela música do filme “E aí meu irmão, cadê você?”, entre outros), que o ator concordou em entrar para o projeto. Para o ator a única companheira no filme é a boa trilha sonora, formada por músicas sobre perdedores e amores perdidos, no estilo do country fora-da-lei de nomes como Waylon Jennings e Willie Nelson, que também inspiraram a criação do protagonista.
“O country é um tipo de música honesta, sobre pessoas que admitem suas falhas e cantam sobre elas. A criatividade de pessoas como Bad surge do sofrimento. Eles pensam: “Eu tenho que sofrer para escrever aquele tipo de música”. Mas isso acaba se tornando um circulo vicioso”, reflete Bridges, sem esconder que também já tomou seus porres. “Tive as minhas ressacas. Sei quais são os altos e baixos, o lado bom e ruim do álcool. E sei também do medo não só do fracasso como também do medo do sucesso.” Diferente de seu personagem, no entanto, Bridges se diz mais tranquilo quanto aos efeitos do tempo. “Sessenta anos se passaram num piscar de olhos. Meu pai morreu aos 85 e, daqui a 25 anos, eu estarei com 85. É um pouco assustador sentir que sua mortalidade está próxima de você, mas também te dá certa sensação de realização. Você começar a entender que não existe mais tempo a ser perdido e que precisa realizar as coisas que quer realizar”, conclui o ator.
E a ex-Queridinha da América e ex-Miss Simpatia é agora ex-atriz-menosprezada-pelos-críticos. Em sua primeira indicação ao Oscar, Sandra Bullock, de 45 anos de idade e 20 anos de carreira, entrou como favorita e saiu como vencedora. Pelo papel de Leigh Anne Tuohy no filme Um Sonho Possível, a mãe de família e empresária que, no alto de sua riqueza, decidiu adotar um jovem negro e o encorajar na carreira de jogador de futebol americano.
Há quem diga que o papel de Leigh Anne está para Bullock assim como Erin Brockovich estava para Julia Roberts. As semelhanças são muitas: Leigh Anne Tuohy, que deu o Oscar a Bullock e Brockovich, que deu o Oscar a Roberts, foram duas mulheres reais que, mesmo acostumadas a um cotidiano de poucas resoluções extremas, conseguiram ficar conhecidas por seus momentos altruístas.
Neste sábado dia 6 de março, a mesma Sandra Bullock levou o prêmio de pior atriz do ano no Framboesa pelo filme Maluca Paixão.
O filme Um sonho possível, conta a história real de Michael Oher, um jovem sem teto com uma mãe viciada que não tem para onde ir nem com quem contar. Ou quase isso, já que um sujeito que o deixa dormir em seu sofá consegue para ele uma vaga em um colégio particular. É lá que ele acaba conhecendo Leigh Anne, personagem de Sandra Bullock, uma decoradora e ex-cheerleader, que o adota e começa a mudar sua vida, permitindo que, ao contrário das pessoas que cresceram com ele na periferia de Memphis, ele possa ir para a faculdade e ser um jogador de futebol americano.
Logo na abertura do filme, a personagem de Sandra Bullock, explica o título original do longa, um termo derivado de táticas do futebol americano. A explicação se faz pertinente para expectadores como nós, brasileiros, que não entendemos nada desse esporte, e o termo "blind side" servirá de premissa para toda a história. Quando um quarterback destro se prepara para um passe, o atacante esquerdo de seu time deve proteger seu lado cego, que seria como o ponto cego de um carro, de um ataque do time oponente. Esta explicação é a metáfora da trama, que conta a história real do hoje atacante dos Baltimore Ravens, o então problemático adolescente Michael Oher, o Big Mike, o ótimo Quinton Aaron. Vale muito no filme é a atuação de Bullock, que teve merecidamente a premiação de melhor atriz no Oscar 2010, até por ser sua primeira personagem forte, em todos esses anos de carreira.
Por causa de sua altura e força, o personagem de Quinton Aaron, consegue estudar numa escola para ricos, já que lá apostam que ele pode ser um bom jogador de futebol americano. Mas Big Mike mal tem o que vestir, enfrenta inúmeras dificuldades para estudar e não consegue se comunicar. Com 15 minutos de filme já sabemos onde isso tudo vai parar e já é possível sentir aquele aperto no coração: Leigh Anne Tuohy conhece Michael e resolve ajudar o rapaz.
Loira, perua, engraçada e extremamente amorosa, Leigh Anne Tuohy é o tipo de mulher fútil que acaba sendo um exemplo de bondade ao adotar Mike e dar a ele as oportunidades que a vida lhe negou. O rapaz, que mal consegue esboçar um sorriso, acaba percebendo a importância de um lar e começa uma aparentemente não promissora carreira no futebol. Apesar de ser mais um daqueles típicos filmes americanos em que o protagonista supera todas as dificuldades para vencer na vida, Um Sonho Possível tem muitos méritos. Entre os que já foram citados e o maior deles talvez seja o esforço enorme que a direção e o roteiro de John Lee Hancok, adaptado do livro The Blind Side: Evolution of a Game, fazem para que o longa não seja piegas. E ele consegue. Vamos admitir que isso é um feito e meio caminho andando para que a boa aceitação do público. E claro, a boa química entre Sandra Bullock e Quinton Aron também ajudou muito.
Fonte: Cinepop
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário