quarta-feira, 9 de junho de 2010
O fotógrafo do invisível
Henri Cartier Bresson, nasceu em Chanteloup na França em 1908, foi um dos mais importantes fotógrafos do século XX, considerado por muitos como o pai do fotojornalismo. Cartier Bresson era filho de pais de uma classe média, relativamente abastada. Quando criança, ganhou uma câmera fotográfica Box Brownie, com a qual produziu inúmeros instantâneos. Sua obsessão pelas imagens levou-o a testar uma câmera de filme 35mm. Além disto, Bresson também pintava e foi para Paris estudar artes em um estúdio.
Em 1931, aos 22 anos, Cartier-Bresson viajou à África, onde passou um ano como caçador. Porém, uma doença tropical obrigou-o a retornar à França. Foi neste período, durante uma viagem a Marselha, que ele descobriu verdadeiramente a fotografia, inspirado por uma fotografia do húngaro Martin Munkacsi, publicada na revista Photographies, mostrando três rapazes negros a correr em direção ao mar, no Congo.
Quando explodiu a Segunda Guerra Mundial, Bresson serviu o exército francês. Durante a invasão alemã, Bresson foi capturado e levado para um campo de prisioneiros de guerra. Tentou por duas vezes escapar e somente na terceira obteve sucesso. Juntou-se à Resistência Francesa em sua guerrilha pela liberdade. Quando a paz se restabeleceu, Cartier Bresson fundou em 1947, a agência fotográfica Magnum junto com Bill Vandivert, Robert Capa, George Rodger e David Seymour. Começou também o período de desenvolvimento sofisticado de seu trabalho.
Revistas como a Life, Vogue e Harper's Bazaar contrataram-no para viajar o mundo e registrar imagens únicas. Da Europa aos Estados Unidos da América, da Índia à China, Bresson dava o seu ponto de vista especialíssimo. Tornou-se também o primeiro fotógrafo da Europa Ocidental a registrar a vida na União Soviética de maneira livre. Fotografou os últimos dias de Gandhi e os eunucos imperiais chineses, logo após a Revolução Cultural. Chegou a fazer fotos de grande importância histórica como, o término do domínio britânico na Índia, a queda de Pequin em 1949 e foi o primeiro fotógrafo ocidental que teve permissão de fotografar a Rússia comunista após a morte de Stálin em 1954.
Na década de 1950, vários livros com seus trabalhos foram lançados, sendo o mais importante deles "Images à la Sauvette", publicado em inglês sob o título "The Decisive Moment" em 1952. Em 1960, uma megaexposição com quatrocentos trabalhos rodou os Estados Unidos em uma homenagem ao nome forte da fotografia. Cartier Bresson chegou a ser chamadora por alguns de "o olho do século".
Para Cartier Bresson, fotografar era definido como um ato livre, espontâneo e discreto. E se descrevia como um solitário que disparava cliques com intensa alegria e uma concentração religiosa. O reconhecimento é um fardo muito pesado para se carregar. Não quero ser fotografado, identificado, quero ser anônimo. A celebridade é horrível. Eu sou libertário. Tenho horror ao poder. A notoriedade como fotógrafo é uma forma de poder que repudio. Dizia que via o mundo como uma coreografia que permite tanto ao objeto da fotografia como ao próprio fotógrafo participar na dança.
Era assim mesmo Henri Cartier Bresson, o fotógrafo do invisível, sem tripé ou qualquer artefato tecnológico, procurando sempre os momentos decisivos da vida apenas com sua máquina fotográfica nas mãos e tentando passar despercebido. Nunca uso o flash: Considero-o uma grande falta de educação. Fotografar pra mim é colocar, na mesma linha de mira, a cabeça, o olho e o coração. Detesta fotos retocadas e cenários artificiais. Não acho nem um pouco atraente essas fotografias artísticas modernas, que são fortemente encenadas e vinculadas à publicidade e a essas maravilhas da manipulação de imagens em computadores. Disse o fotografo.
Os seus últimos trinta anos da vida dedicou-se exclusivamente à pintura e ao desenho. Sua carreira profissional terminou à partir de 1973, mas continuou a fotografar apenas Fotografia, só retratos, e apenas para os amigos. Nada de novo, pois famosos são os retratos que captou de artistas como Pablo Picasso, Alberto Giacometti, Pierre Bonnard e Henri Matisse e de escritores como Paul Claudel, Paul Valéry, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Albert Camus.
“A máquina fotográfica é um bloco de notas, o desenho imediato, com a sensibilidade, a surpresa, o subconsciente, o gosto pela forma. Eu faço pintura, estudei pintura desde os 15 anos. A fotografia é o problema do tempo. Tudo desaparece. Com a fotografia, existe uma angústia que não há com o desenho. O presente concreto ocorre numa fração de segundos, o que é desagradável e ao mesmo tempo, maravilhoso. É uma luta contra o tempo o qual, por sua vez, é uma invenção do homem. A pintura e o desenho obrigam-me a pensar no aqui e agora e no amanhã. Para mim, só há duas coisas que contam: o instante e a eternidade ”. Palavras de um gênio da fotografia prestes a morrer com 95 anos, em agosto de 2004. Sua morte foi uma perda irreparável para os profissionais e admiradores da fotografia artística e do fotojornalismo.
Cartier Bresson gerou uma nova concepção fotográfica no século XX. E mudou o conceito de que antes tinha a fotografia artística de que era arte de fotografar de maneira não convencional de que não existe uma preocupação de retratar a realidade e de colocar uma impressão intelectual e não emocional. Suas fotos são repletas de sensibilidade, simplicidade e autenticidade. Como diria esse mestre da fotografia em uma de suas frases mais famosas: “A fotografia pra mim, por si só não me interessa, mas sim me interessa, a comunicação que se faz entre o mundo e o homem, através deste instrumento maravilhoso do tamanho da mão que não faz passarmos desapercebidos por este planeta”.
Fonte: Focusfoto
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