Com tantos crimes hediondos acontecendo no nosso país e sendo cobertos pela imprensa nacional com tanta repercussão e glamourização, acaba virando um perigo muito grande para a nossa sociedade brasileira que altamente receptiva à celebridades durante a cobertura de um crime dessa natureza, o criminoso-psicopata se torna então o fetiche do momento. Se torna uma fonte mórbida de prazer. Um prazer movido talvez pelo mesmo sentimento das pessoas que se aglomeram no entorno de uma cena de acidente e que vai ser realimentado por outro acontecimento. Se nos dias atuais prevalece o gosto pela violência e pelo mórbido, a mídia jornalística está diante de um dilema que exige um posicionamento. Resumindo, estamos vivendo numa sociedade doente e urgentemente precisando de sérios cuidados.
Lembrei agora de um fenômeno cinematográfico da década de 90, chamado de Quentin Tarantino que com seus filmes, como: Cães de Aluguel e Pulp Fiction, celebrizou para o grande público sua obra pop com personagens facilmente denominados como psicopatas.
Seria bom se tivessem feito sucesso por elementos como a narrativa circular com que o diretor estrutura suas tramas. Mas a violência praticada por pessoas que não sabem o que é sentir dor não está apenas no âmbito do cinema. É a chamada glamourização de psicopatas que é um traço de nossa sociedade atual do nosso país, que também pode ser visto em representações da realidade. Pra mim isso é o retrato sórdido da mídia ou o cinema mostram o que a sociedade masoquista e hipócrita quer. Mas é importante também levar em conta o efeito destas representações na vida das pessoas. Estudiosos afirmam que a representação também constrói a realidade na medida em que a reproduz. Será? Quem são os verdadeiros bandidos e os mocinhos dessa história?
Com toda essa glamourização dessas criaturas abomináveis que matam em série ou mesmo matam com requintes de crueldade, acho que estamos criando cobras pra nos morder. As pessoas normais, quer queira, quer não, são influenciadas por esses maníacos insensíveis e é exatamente nesse momento que um sociopata reprimido pode sair do armário e nos atacar na primeira esquina escura que ele encontrar.
Desde da década de 70, que esses casos de maníacos ganham jornais e revistas e chamam à atenção da sociedade que vivemos, se formos lembrar. Temos: o assassinato da socialite Ângela Diniz pelo namorado Doca Street, cujo julgamento foi acompanhado de perto por milhões de brasileiros, temos um outro caso de comoção muito maior, o assassinato da jovem atriz Daniela Perez, que em 1993, foi furiosamente estocada pelo ator e colega de novela Guilherme de Pádua e sua mulher Paula Tomaz. Daniela foi morta com uma tesoura e uma chave de fenda. Temos Suzane Von Richthofen, que em 2002 abriu a porta de casa para que o então namorado, acompanhado do irmão entrassem no quarto de seus pais e os assassinassem a golpes de barras de ferro. Suzane disse meses depois que era uma menina perturbada, tentando convencer assim à todos. Na verdade ela estava evitar uma condenação judicial mais rigorosa. E só pra finalizar um caso mais recente e não menos monstruoso, que paralisou o Brasil, que foi o assassinato da menina Isabella Nardoni, morta em 2008, aos 5 anos de idade, após ser espancada e jogada da janela de seu apartamento, no 6º andar. Pelo próprio pai, Alexandre Nardoni e sua mulher Ana Carolina Jatobá, que atiraram a criança para a morte, segundo os laudos da polícia.
Se fôssemos procurar a origem dessa violência que vivemos é só observarmos a terrível descrição do comportamento humano, uma coisa infernal, uma coisa dantesca, o ser humano infelizmente está perdendo todos os escrúpulos. E me pergunto: O que é mesmo um ser humano sem escrúpulos? Não ter escrúpulos para mim é aquele cidadão ou cidadã que só pensa em si mesmo e não se preocupa em ser justo com os outros, que comete muitos delitos de conduta social e moral e o pior, que na maioria das vezes não senti nenhuma culpa, remorso ou compaixão pelo atos errados que cometeu.
Até a arte na atualidade é extremamente violenta, a arte cinematográfica, como já citei acima o Tarantino, a arte televisiva, com sua submissão à violência, parece ter subjacente ao ideal nazista de conduzir a sociedade ao extermínio. Parece que a arte só pode ser feita desse modo e quando a gente fala que não é possível que seja assim, os críticos dizem que a gente está sendo censurando ou sendo conservadores. Eu acho que, de algum modo, censurados são aqueles que não podem fazer o seu tipo de arte: será se a ternura, a doçura também não podem fazer parte da arte? A esperança por uma política com ética e honesta e a utopia não podem fazer parte da arte? Ou que Drummond precisava de violência para fazer a sua poesia de vanguarda? Porque a violência do sacrifício de criar um a arte não é como a primavera brotando, rasgando, com sua violência para nascer. Será que sou o último dos românticos? Quero acreditar que não.
O problema é que o mal está sendo banalizado, ou sei lá, estamos infelizmente criando uma espécie de olimpíada da crueldade. Como diria Jim Morrison do alto de sua insanidade sensata: “A única obscenidade que conheço é a violência."
(Codinome Pensador)
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
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