Coletânea de poemas de Emily Dickinson, de seleção, tradução e ilustração de Angela Lago é um exemplo de obra disposta a trabalhar diferentes linguagens num exercício de criatividade e engenho. São 24 poemas escolhidos entre os 1.775 escritos que compõem a obra completa da autora, publicada postumamente por Thomas H. Johnson. Editora: Scipione/ 64 págs.
O livro constituíe um gênero medieval, contendo orações e salmos para as diversas horas do dia. Resgatando na minha opinião a relação da poesia com a religiosidade, elaborando assim uma composição na qual a associação plástica de imagens de flores, paisagens e outros contornos integram o texto poético. De certa forma, isso não deixa de ser um homenagem à poeta ou poetisa, como queiram, que em sua produção cotidiana também utilizava desenhos, bordados e outros motivos plásticos para ilustrar poemas dedicados a amigos. A palavra, com seus ritmos, sons, sentidos e simbologias, conta também com as sugestões imagéticas bordadas e anexadas ao texto, costurando ou constituindo um tecido bem amplo.
" Se o homem é transcendência, ir mais além de si mesmo, o poema é o signo mais puro desse contínuo transcender-se, desse permanente imaginar-se. O homem é imagem porque se transcende. As imagens do mundo, das coisas mais simples, do sujeito perdido em suas buscas são criadas por esse permanente imaginar, imaginar-se configurado a cada poema."
(Emily Dickinson)
segunda-feira, 9 de março de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário