segunda-feira, 29 de março de 2010

Andy Warhol, sempre pop e sempre vivo.


A exposição Andy Warhol, Mr. América foi aberta ao público neste último dia 20, onde fica em cartaz até o dia 23 de maio. São 44 filmes, 26 pinturas, 58 gravuras, 39 fotos, 44 filmes e duas instalações expostas na Estação Pinacoteca em São Paulo. A mostra foi organizada pelo The Andy Warhol Museum, de Pittsburgh, nos EUA. Grande parte das peças que integram o conjunto foram criadas quando o artista morava na lendária Factory, em Nova York, um estúdio onde trabalhava, reunia amigos e promovia festas. A mostra, que já passou por Bogotá, na Colômbia e por Buenos Aires, na Argentina, centra-se no período entre 1961 e 1968, considerado o mais prolífico da trajetória deste artista pop.
Quando iniciou sua Factory, em 1964, Warhol tinha duas obsessões na vida: ganhar dinheiro e ficar famoso, não necessariamente nessa ordem. O próprio loft, com as paredes cobertas com papel alumínio e o teto e o chão pintados com tinta prateada, acabou virando uma boa estratégia para o tão desejado sucesso. Warhol fazia questão de deixar sua porta sempre aberta para acolher as celebridades em alta e elas retribuíam com uma assiduidade de cartão de ponto. A modelo, atriz e socialite Edie Sedgwick tornou-se companhia constante. O cantor Bob Dylan também era um frequentador habitual do endereço, assim como Lou Reed e John Cale, membros da banda The Velvet Underground, que tinha justamente Warhol como empresário. O mais americano dos artistas americanos adorava uma fofoca, gastava horas ao telefone e não perdia uma boa festa. Tudo em nome da fama e do dinheiro. Aos poucos, transformou-se em um produto. Sua casa, a Factory, virou marca. E sua atitude, suas companhias, enfim, sua imagem pública converteu-se em um meio para valorizar sua obra. O também artista Charles Henri Ford definiu muito bem certa vez o estilo de vida do amigo: "Andy numa ilha deserta não seria Andy".
Andy Warhol é o nome sem dúvida o mais representativo, controvertido e conhecido do movimento chamado Pop Art, surgido na Inglaterra na década de 1950, mas que floresceu somente nos anos 1960. Os artistas da época usavam produtos do capitalismo, como embalagens e propagandas, para expressar arte, fazendo assim uma crítica ao consumo de massa, após estudar apurado nos símbolos e produtos do mundo da propaganda nos EUA, passaram a transformá-los em tema de suas obras, isso tudo fincado nas raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp. Representavam, assim, os componentes mais ostensivos da cultura popular, de poderosa influência na vida cotidiana na segunda metade do século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em oposição ao expressionismo abstrato que dominava a cena estética desde o final da segunda guerra. Sua iconografia era a da televisão, da fotografia, dos quadrinhos, do cinema e da publicidade.
Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamento da sociedade pelos objetos de consumo, a Pop Art operava com signos estéticos massificados da publicidade, quadrinhos, ilustrações e designam, usando como materiais principais, tinta acrílica, ilustrações e designs, usando como materiais, usando como materiais principais, tinta acrílica, poliéster, látex, produtos com cores intensas, brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente grande, transformando o real em hiper-real. Mas ao mesmo tempo que produzia a crítica, a Pop Art se apoiava e necessitava dos objetivos de consumo, nos quais se inspirava e muitas vezes o próprio aumento do consumo. Baseado nisso surge Andy Warhol com sua concepção da produção mecânica da imagem em substituição ao trabalho manual numa série de retratos de ídolos da música popular e do cinema, como Elvis Presley e Marilyn Monroe e Che Guevara. Warhol entendia as personalidades públicas como figuras impessoais e vazias, apesar da ascensão social e da celebridade. Da mesma forma e usando sobretudo a técnica de serigrafia, destacou a impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo, como garrafas de Coca-Cola, as latas de sopa Campbell, automóveis, crucifixos, dinheiro, icônicos da história da arte, como a Mona Lisa. Produziu filmes e discos, incentivou o trabalho de outros artistas e teve uma revista mensal. Além disso, muito do que era considerado brega, virou moda e já que tanto o gosto, como a arte tem um determinado valor e significado conforme o contexto histórico em que se realiza, a Pop Art proporcionou a transformação do que era considerado vulgar, em refinado e aproximou a arte das massas, desmitificando, já que se utilizava de objetos próprios delas, a arte para poucos.
A obra de Andy Warhol expunha uma visão irônica da cultura de massa. No Brasil, seu espírito foi subvertido, pois, nosso pop usou da mesma linguagem, mas transformou-a em instrumento de denúncia política e social, através de artistas como: Duke Lee, Baravelli, Fajardo, Nasser, Resende, Aguilar e Antonio Henrique Amaral.
Andrew Warhola ou Andy Warhol como o conhecemos, nasceu em Pittsburgh, Pensilvânia, filho de imigrantes da classe operária originários de Mikó, hoje chamada Miková, no nordeste da Eslováquia. Nos primeiros anos de estudo, Warhol teve coreia, uma doença do sistema nervoso que provoca movimentos involuntários das extremidades, que se acredita ser uma complicação da escarlatina e causa manchas de pigmentação na pele. Às vezes quando estava confinado à cama, desenhava, ouvia rádio e colecionava imagens de estrelas de cinema ao redor de sua cama. Warhol depois descreveu esse período como muito importante no desenvolvimento da sua personalidade, do conjunto de suas habilidades e de suas preferências.
Aos 17 anos, em 1945, entrou no Instituto de Tecnologia de Carnegie, em Pittsburgh, hoje Universidade Carnegie Mellon e se graduou em design. Logo após mudou para Nova York e começou a trabalhar como ilustrador de importantes revistas, como Vogue, Harper's Bazaar e The New Yorker, além de fazer anúncios publicitários e displays para vitrines de lojas. Começa aí uma carreira de sucesso como artista gráfico ganhando diversos prêmios como diretor de arte do Art Director's Club e do The American Institute of Graphic Arts. Fez a sua primeira mostra individual em 1952, na Hugo Galley onde exibe quinze desenhos baseados na obra de Truman Capote. Esta série de trabalhos é mostrada em diversos lugares durante os anos 50, incluindo o MOMA, Museu de Arte Moderna, em 1956 e passa a assinar Warhol.
Em 1968, Valerie Solanis, fundadora e única membro da SCUM (Society for Cutting Up Men - Sociedade para castrar homens) invade o estúdio de Warhol e o fere com três tiros, mas o ataque não é fatal e Warhol se recupera, depois de se submeter a uma cirurgia que durou cinco horas. Este fato é tema do filme "I shot Andy Warhol" (Eu atirei em Andy Warhol), dirigido por Mary Harron, em 1996.
Em 1987 ele foi operado à vesícula biliar. A operação correu bem mas Andy Warhol morreu no dia seguinte. Ele sumiu da vida para entrar para eternidade de milhões de fãs e vira ícone pop e eterno das artes pláticas contemporânea. E fica eternizada também sua mais conhecida frase: “In the future everyone will be famous for fifteen minutes”. No futuro, toda a gente será célebre durante quinze minutos. Aqui estamos nós , após 23 anos depois da sua morte: em pleno reality show, isto é, dá para dizer que Warhol de certa forma antecipou a superexposição da vida pessoal que, com a internet e seus populares sites de relacionamentos, blogs e Twitters da vida, tornou-se uma característica marcante do século XXI. Isso só prova mais ainda como um caipira de Pittsburgh tinha uma tremenda sensibilidade e genialidade para entender o presente e assustadora habilidade para antecipar o futuro.

Fonte: Uol

domingo, 14 de março de 2010

Eu vi. Filme: Bastardos Inglórios


Sinopse: 2ª Guerra Mundial. A França está ocupada pelos nazistas. O tenente Aldo Raine (Brad Pitt) é o encarregado de reunir um pelotão de soldados de origem judaica, com o objetivo de realizar uma missão suicida contra os alemães. O objetivo é matar o maior número possível de nazistas, da forma mais cruel possível. Paralelamente Shosanna Dreyfuss (Mélanie Laurent) assiste a execução de sua família pelas mãos do coronel Hans Landa (Christoph Waltz), o que faz com que fuja para Paris. Lá ela se disfarça como operadora e dona de um cinema local, enquanto planeja um meio de se vingar. Ficha técnica: título original: Inglourious Basterds/ Lançamento: 2009/ Gênero: Guerra / Direção: Quentin Tarantino/ Elenco:Brad Pitt (Tenente Aldo Raine), Mélanie Laurent (Shosanna Dreyfuss), Christoph Waltz (Coronel Hans Landa), Eli Roth (Sargento Donny Donowitz), Diane Kruger (Bridget von Hammersmark), Daniel Bruhl (Fredrik Zoller).

terça-feira, 9 de março de 2010

Eles são os melhores



Depois de 51 anos de carreira o ator Jeff Bridges, que já somava cinco indicações para o Oscar e agora com a indicação pelo papel do cantor Bad Blake em "Coração Louco” ganhou seu primeiro Oscar de melhor ator da temporada 2010. Bridges era favorito destacado para ficar com a estatueta na bolsa de apostas. O filme "Coração Louco" seria apenas mais um drama, mas a atuação de Jeff Bridges fez a diferença. A história que relata a vida de Bad Blake, cantor de música country de 57 anos em declínio na carreira e na vida.
Apresentando-se apenas em locais decadentes no território americano, Bad Blake acaba conhecendo Jean (Maggie Gyllenhaal), uma jovem jornalista em busca de uma entrevista com uma velha estrela e que acaba vivendo um romance repleto de dificuldades com o cantor. Em sua estréia como diretor, Scott Cooper, consegue fazer de Jeff Bridges, estrela da produção e que consegue dar ao personagem uma difícil mistura de negligência, frieza, derrotismo e ternura, que impedem ao espectador tomar uma posição clara a favor ou contra. A ausência de pretensões artísticas do diretor favorece a narração e permite que Bridges conduza o espectador ao longo da história. Como a premiação de melhor ator, põe fim a uma das maiores injustiças de Hollywood, que nunca premiou um ator que tem talento de sobra.
A atuação é o melhor momento de Bridges, de 60 anos, desde o cult “O grande Lebowski”, de 1998, onde fez uma excepcional atuação. Já premiado pelo papel com o Globo de Ouro, o ator ganha o seu merecido Oscar. E para surpresa do grande público que ficou sabendo, que Bridges quase recusou o personagem. “Quando me ofereceram o papel, não tinham nada decidido na parte musical, que é um aspecto essencial do filme. Pensei que sem a música certa, o filme poderia virar um fiasco”, explica Bridges em entrevista em Los Angeles. Foi só quando soube que a trilha ficaria a cargo do amigo e compositor T-Bone Burnett (responsável pela música do filme “E aí meu irmão, cadê você?”, entre outros), que o ator concordou em entrar para o projeto. Para o ator a única companheira no filme é a boa trilha sonora, formada por músicas sobre perdedores e amores perdidos, no estilo do country fora-da-lei de nomes como Waylon Jennings e Willie Nelson, que também inspiraram a criação do protagonista.
“O country é um tipo de música honesta, sobre pessoas que admitem suas falhas e cantam sobre elas. A criatividade de pessoas como Bad surge do sofrimento. Eles pensam: “Eu tenho que sofrer para escrever aquele tipo de música”. Mas isso acaba se tornando um circulo vicioso”, reflete Bridges, sem esconder que também já tomou seus porres. “Tive as minhas ressacas. Sei quais são os altos e baixos, o lado bom e ruim do álcool. E sei também do medo não só do fracasso como também do medo do sucesso.” Diferente de seu personagem, no entanto, Bridges se diz mais tranquilo quanto aos efeitos do tempo. “Sessenta anos se passaram num piscar de olhos. Meu pai morreu aos 85 e, daqui a 25 anos, eu estarei com 85. É um pouco assustador sentir que sua mortalidade está próxima de você, mas também te dá certa sensação de realização. Você começar a entender que não existe mais tempo a ser perdido e que precisa realizar as coisas que quer realizar”, conclui o ator.



E a ex-Queridinha da América e ex-Miss Simpatia é agora ex-atriz-menosprezada-pelos-críticos. Em sua primeira indicação ao Oscar, Sandra Bullock, de 45 anos de idade e 20 anos de carreira, entrou como favorita e saiu como vencedora. Pelo papel de Leigh Anne Tuohy no filme Um Sonho Possível, a mãe de família e empresária que, no alto de sua riqueza, decidiu adotar um jovem negro e o encorajar na carreira de jogador de futebol americano.
Há quem diga que o papel de Leigh Anne está para Bullock assim como Erin Brockovich estava para Julia Roberts. As semelhanças são muitas: Leigh Anne Tuohy, que deu o Oscar a Bullock e Brockovich, que deu o Oscar a Roberts, foram duas mulheres reais que, mesmo acostumadas a um cotidiano de poucas resoluções extremas, conseguiram ficar conhecidas por seus momentos altruístas.
Neste sábado dia 6 de março, a mesma Sandra Bullock levou o prêmio de pior atriz do ano no Framboesa pelo filme Maluca Paixão.
O filme Um sonho possível, conta a história real de Michael Oher, um jovem sem teto com uma mãe viciada que não tem para onde ir nem com quem contar. Ou quase isso, já que um sujeito que o deixa dormir em seu sofá consegue para ele uma vaga em um colégio particular. É lá que ele acaba conhecendo Leigh Anne, personagem de Sandra Bullock, uma decoradora e ex-cheerleader, que o adota e começa a mudar sua vida, permitindo que, ao contrário das pessoas que cresceram com ele na periferia de Memphis, ele possa ir para a faculdade e ser um jogador de futebol americano.
Logo na abertura do filme, a personagem de Sandra Bullock, explica o título original do longa, um termo derivado de táticas do futebol americano. A explicação se faz pertinente para expectadores como nós, brasileiros, que não entendemos nada desse esporte, e o termo "blind side" servirá de premissa para toda a história. Quando um quarterback destro se prepara para um passe, o atacante esquerdo de seu time deve proteger seu lado cego, que seria como o ponto cego de um carro, de um ataque do time oponente. Esta explicação é a metáfora da trama, que conta a história real do hoje atacante dos Baltimore Ravens, o então problemático adolescente Michael Oher, o Big Mike, o ótimo Quinton Aaron. Vale muito no filme é a atuação de Bullock, que teve merecidamente a premiação de melhor atriz no Oscar 2010, até por ser sua primeira personagem forte, em todos esses anos de carreira.
Por causa de sua altura e força, o personagem de Quinton Aaron, consegue estudar numa escola para ricos, já que lá apostam que ele pode ser um bom jogador de futebol americano. Mas Big Mike mal tem o que vestir, enfrenta inúmeras dificuldades para estudar e não consegue se comunicar. Com 15 minutos de filme já sabemos onde isso tudo vai parar e já é possível sentir aquele aperto no coração: Leigh Anne Tuohy conhece Michael e resolve ajudar o rapaz.
Loira, perua, engraçada e extremamente amorosa, Leigh Anne Tuohy é o tipo de mulher fútil que acaba sendo um exemplo de bondade ao adotar Mike e dar a ele as oportunidades que a vida lhe negou. O rapaz, que mal consegue esboçar um sorriso, acaba percebendo a importância de um lar e começa uma aparentemente não promissora carreira no futebol. Apesar de ser mais um daqueles típicos filmes americanos em que o protagonista supera todas as dificuldades para vencer na vida, Um Sonho Possível tem muitos méritos. Entre os que já foram citados e o maior deles talvez seja o esforço enorme que a direção e o roteiro de John Lee Hancok, adaptado do livro The Blind Side: Evolution of a Game, fazem para que o longa não seja piegas. E ele consegue. Vamos admitir que isso é um feito e meio caminho andando para que a boa aceitação do público. E claro, a boa química entre Sandra Bullock e Quinton Aron também ajudou muito.

Fonte: Cinepop

O brilhantismo da senhora H


A visita ao Brasil da secretária do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, nesta terça-feira do último dia 2 de março, pela primeira em visita oficial ao país, onde reuniu-se com senadores e deputados brasileiros para discutir temas como o Irã, o reconhecimento do governo golpista de Honduras, as propostas do governo Obama para a América Latina e a velha cantilena que o Brasil é importante parceiro dos EUA na preservação da democracia na América Latina.
O programa nuclear do Irã é um dos principais temas da pauta de encontro, destacando que Lula, que foi criticado por ter recebido o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad e por defender o direito de o país desenvolver tecnologia nuclear para fins pacíficos e já até tem visita agendada ao país do Oriente Médio em maio. Hilary está no Brasil para tentar atenuar o impacto das posições do governo Lula sobre temas como esses e os mesmos foram discutidos a portas fechadas com parlamentares no gabinete do presidente do Senado, José Sarney.
Deputados do PT, em resposta à clara intervenção de Hilary em assuntos internos do Brasil, questionaram a miséria nos EUA, a falta de atendimento médico a mais de 40 milhões de cidadãos norte-americanos, as intervenções militares em países do Oriente Médio e no Afeganistão, a morte de civis em flagrante violação aos direitos humanos, a prisão de Guantánamo e outros pontos, como o eixo EUA/Israel. Hilary esteve com o chanceler Celso Amorim e estranhou as diferenças entre o ministro brasileiro de Lula e os dois ministros de FHC.
Houve um momento de orgulho nesta visita, era o sentimento comum entre a diretoria, alunos e conselheiros que estiveram presentes no encontro com a secretária de Estado dos EUA, na Faculdade Zumbi. E mobilizou a imprensa nacional e internacional, personalidades e empresários. Os alunos que esgotaram a disponibilidade de credenciamento em apenas 3 horas no dia anterior, estavam extasiados. Além de ser um momento de orgulho, foi também um momento chave para história do povo brasileiro. “Ouvir uma pessoa tão importante e engajada, nos remete a uma reflexão. Temos de deixar de ser uma nação do futuro e nos tornarmos uma nação do presente”. Disse Luciano Palmeira, aluno do 7º semestre do curso de Administração.
Foi com lotação máxima que o auditório, com mais de 800 pessoas, ficou em total silêncio quando Hillary subiu ao palco, após apresentação do Coral Zumbi dos Palmares, que fez pout pourri, com as músicas “Brasileirinho” e “Asa Branca”. Mais o ponto alto do bate-papo foi quando o cordenador do curso de Direito da zumbi e promotor de justiça, Nadir de Campos, fez Hillary sorrir ao chamá-la de “O cara”, parafraseando o presidente Obama quando se referiu ao presidente Luis Inácio Lula da Silva, em certa ocasião.
A visita da Secretaria de Departamento dos EUA terminou depois de avistar-se com Lula, em São Paulo e foi aquilo mesmo que já era esperado, ela veio só para bater o cartão e mostrar que a administração Obama está comprometida com as relações bilaterais e toda aquela conversa que a gente já estamos cansados de ouvir.
Fora essa previsível visita. A tragetória politica e de vida de Hillary Diane Rodham Clinton é simplemente brilhante, nasceu no dia 26 de outubro de 1947, em Chicago, Illinois. Criada em uma família conservadora, chegou a fazer campanha para o candidato republicano à presidência, Barry Goldwater, aos 16 anos, antes de ingressar no Partido Democrata, onde permanece até hoje. A mudança de orientação política foi influenciada, em grande parte, por seu ingresso, em 1965, no curso de Ciências Políticas da Wellesley College, em Washington. Outro fato que marcou decisivamente o destino político de Hillary foi o assassinato de Martin Luther King Jr, líder dos direitos cívis, em 1968.
Em 1969, Hillary entrou para a Faculdade de Direito da Universidade de Yale. Um ano mais tarde, ela conheceria Bill Clinton, com quem viria a se casar em 1975. Durante o curso, ela trabalhou no comitê sobre trabalho de imigrantes do senador Walter Mondale, pesquisando questões como moradia, saneamento, saúde e educação, na campanha do candidato democrata à presidência, George McGovern e no Yale Child Study Center, aprendendo sobre novas pesquisas sobre desenvolvimento incial do cérebro em crianças. Hillary também assumiu casos de abuso infantil no Yale-New Haven Hospital. Seu projeto de conclusão de curso, uma tese sobre os direitos da crianças, já apontava a direção que ela seguiria nos anos seguintes. Em 1973, iniciou uma pós-graduação na Yale Child Study Center.
Em 1978, já casada, Hillary teve que conciliar o trabalho que fazia no respeitável escritório Rose Law Firm, especializado em casos de propriedade intelectual, com as responsabilidades de primeira-dama. Bill fora eleito governador do Arkansas. O título, mal sabia, a acompanharia por muito anos. Depois de uma nova passagem pelo governo do Arkansas em 1982, Bill Clinton tornou-se presidente dos EUA, 1993. Hillary serviu como primeira-dama até 2001.
Nomeada pelo National Law Journal como uma das 100 mais influentes advogadas dos Estados Unidos, Hillary foi a primeira primeira-dama a ter uma pós-graduação e a primeira a ter uma carreira profissional de sucesso. Ela é considerada a mais poderosa esposa de um presidente na história americana desde Eleanor Roosevelt.
Enquanto primeira-dama, Hillary ganhou muitos admiradores devido seu apoio aos direitos da mulher e o bem-estar de crianças em todo mundo. Ela lutou pela vacinação de todo o país contra a doenças infantis e apoiou mulheres a fazerem anualmente a mamografia para a prevenção de câncer de mama, com os custos do exame pagos pelo sistema público de saúde. Ela também viabilizou a criação do Office on Violence Against Women e foi uma das poucas figuras internacionais a se opor ao tratamento dado a mulheres afegãs pelo Talibã. Um dos programas que ela ajudou a criar foi o Vital Voices, uma iniciativa apoiada pelos EUA para promover a participação de mulheres no processo político de seus paises.
Hillary também ganhou muitos admiradores ao manter a dignidade durante o maior escândalo sexual da história recente dos EUA. Ela compartilhou com o país e o mundo a traição de Bill Clinton, que teve um caso com uma estagiária da Casa Branca. Ao mostrar força e lealdade no escândalo que envolveu seu marido, ela conquistou os EUA e deixou o papel de coadjuvante para se tornar personagem principal.
Não demorou para que a primeira-dama despontasse no cenário político. Em 2001, Hillary foi eleita senadora pelo estado de Nova York, sempre com o apoio de Bill e da filha do casal, Chelsea. Desde então, a ex-primeira-dama concorreu à Presidente dos EUA e hoje é a secretária do Departamento de Estado dos EUA nomeada pelo Presidente Barck Obama sob total total confiança e com muitos elogios de que ela demonstraria no seu gorverno como secretária com uma "tremenda estrutura política, brilhantismo intelectual e capacidade de trabalho” como nenhuma mulher daquele país seria capaz de ser.

Fonte: Globo.com

segunda-feira, 1 de março de 2010

Tô ouvindo: CD Hein! da Ana Canãs


Ana Cañas só tem sobrenome hispânico, mas é brasileiríssima. Hoje com 28 anos e vinda do circuito alternativo, ela se formou em Artes, uma área que não tinha muito a ver com o que ela supostamente iria realizar. Hoje, ela é umas das cantoras cotadas para entrar no seleto hall de divas da nossa música. Diferentemente de todas as cantoras que você já ouviu falar. Quando criança, ela não cantava em churrasco de família e não ouvia a coleção de vinis dos pais nos toca-discos de sua casa. Ela também não fez aula de canto e sempre teve o sonho de ser professora de teatro. Aos 22 anos tudo isso mudou. Ana descobriu o jazz, e com o ritmo, a sua própria musicalidade.
Ana Cañas não gosta de rótulos. "Sou uma amante da liberdade artística", levanta sua bandeira. É por isso que seu novo disco intitulado "Hein?", soa tão inquieto com suas influências. Ana Cañas que despontou na cena paulistana cantando standards de jazz agora também é rock, é reggae, é pop e é música brasileira. "Eu tenho uma preocupação em não ficar enlatada, que faz parte da minha personalidade. Não gosto da idéia de resumo, de agora me chamarem de rock. Gosto da pluralidade", diz a cantora.
Hein?, segundo disco da carreira ainda curta de Ana Cañas, chegou às lojas sob a produção de Liminha e com 11 faixas de autoria própria, além de uma releitura para Chuck Berry fields forever, do Gilberto Gil de Doces Bárbaros de 1974. A irreverência da cantora e a força de sua interpretação dialogam com eloquência nos 56 minutos do disco. “O nome do CD significa uma vontade de comunicação. Você não pode dizer hein? para alguém que você não esteja realmente interessado em compreender uma informação”, afirma ela.
O primeiro trabalho dessa cantora de 28 anos, foi "Amor e Caos", foi lançado no final de 2007 com uma sonoridade que não traduzia o verdadeiro potencial de Ana Cañas. "Aquele é um disco auto-afirmativo demais, a ponto de eu escrever uma música chamada A Ana. Eu poderia ter sido mais ampla nos questionamentos, mas existe uma tranquilidade de entender que foi o que a minha maturidade me permitiu fazer naquele momento", ela explica.
Com Hein?, Ana enfrentou a temida pressão do segundo disco e desafiou seu próprio repertório, com novas composições e novos rumos para sua música. "Você lança o primeiro disco e é 100% nova, as pessoas não te conhecem. No segundo álbum existe uma relação referencial com o anterior e o que você vai negar, reafirmar e criar. Esse segundo CD é mais relaxado, no sentido de não precisar me auto-firmar. É mais intenso e rígido na sonoridade", descreve.
Para construir seu novo disco, a cantora mergulhou na obra dos Os Mutantes e pincelou dali algumas influências que aparecem em Hein?. A faixa de abertura, Na Multidão, que tem participação de Arnaldo Antunes, é a que melhor deixa transparecer toda a inspiração em Rita Lee. "Mutantes tem uma obra muito sofisticada. E a Rita é uma mulher que tem uma carreira sólida e que sempre soube o que queria, de uma forma leve. Ela mostra como o brasileiro é muito bem humorado", diz.
Ana também é bem humorada, mas a primeira música de trabalho do novo disco,chamada Esconderijo, traz a frase: "procuro a solidão como o ar procura o chão", que soa como paradoxo num registro em que predominam vontades como diversão, dançar, planejar fuga e ficar mais louca. "Na verdade, eu fiz essa música pensando em paixão. Sabe quando você está num momento de monotonia na vida e, de repente, você se apaixona por alguém e tudo muda? Tem um universo que começa a gravitar em torno da pessoa. A música Esconderijo é um refúgio e uma abertura da troca", completa a cantora.
Em Hein?, Ana se entrega à interpretação sem ser superficial ou blasé. Ela brinca com os sons, faz scats, os chamados improvisos vocais com sílabas sem sentido, e usa sua voz como mais um instrumento da banda. "Tenho essa mania de ficar pervetendo a melodia", fala. Os maneirismos vocais improvisados que remetem a Ella Fitzgerald mesclam com bons momentos de arranjos e melodias que lembram uma Peggy Lee mais rock and roll na música Na Medida do Impossível, mas flertam também com um reggae inexpressivo na faixa Sempre Com Você.
Além de Liminha na coordenação e como parceiro na composição, Ana recebe como convidados Arnaldo Antunes, com quem dividiu cinco temas, e Dadi Carvalho dos Novos Baianos e do Barão Vermelho. Gilberto Gil empresta sua Chuck Berry fields forever para Ana e é quem executa o violão na música. "Acho a letra uma pérola da música brasileira, me identifico com a passagem que diz que rock é o nosso tempo, porque eu estou descobrindo o rock.
A cantora se preocupa também com a estética de seu trabalho. Mesmo em tempos de internet, em que o encarte que acompanham os CDs parece uma peça antiquada, os discos de Ana Cañas vêm bem acompanhados por arte elaborada com fotos e design. "Eu tenho um irmão fotógrafo, convivo com artistas plásticos e sempre me questiono: qual é a imagem que vou trazer para complementar o disco?”. Tenho o hábito de ir à loja e comprar um CD porque gostei da capa. Acho relevante e penso nisso porque eu sou assim".

Faixas do CD:

1. Na multidão
2. Coçando
3. Na medida do impossível
4. Esconderijo
5. Sempre com você
6. Chucky Berry fields forever
7. Gira
8. Problema tudo bem
9. Aquário
10. A Menina e o cachorro
11. Não quero mais
12. O Amor é mesmo estranho

Fonte: Imúsica