quinta-feira, 22 de julho de 2010

Tô ouvindo: CD Meu segredo mais sincero da Leila Pinheiro



2010 tem tudo para marcar de forma positiva a trajetória artística da cantora paraense Leila Pinheiro. Aos 50 anos de idade, ela celebra seus 30 anos de carreira com o lançamento do CD “Meu Segredo Mais Sincero”, em homenagem ao eterno líder da Legião Urbana, Renato Russo que morreu em 1996, que também completaria 50 anos este ano.
Leila Pinheiro conheceu Renato Russo pessoalmente em 1988, numa visita à casa da tia dele, na Ilha do Governador no Rio de Janeiro. Depois, foi ao encontro do vocalista da Legião Urbana no estúdio da Odeon (atual EMI Music), em Botafogo, para mostrá-lo a gravação de Tempo perdido, uma das faixas de Alma, o segundo disco que lançou pela Polygram (hoje EMI Music), naquele ano. Renato não só gostou do que ouviu, como acabou escrevendo um texto na contracapa do LP.
Além de Tempo perdido, a cantora passou a interpretar outras canções de Renato Russo em seus shows já naquela época. “Eu que me formei musicalmente ouvindo Tom Jobim, Chico Buarque e Ivan Lins. Confesso que não costumava ouvir muito os discos da Legião, mas sempre fui alucinada pelas letras do Renato. Embora, aparentemente, ele falasse para adolescentes, demonstrava ser um poeta culto, maduro e antenado”, observa Leila.
Em CDs lançados na década seguinte, a cantora gravou outras músicas do compositor: Monte Castelo, em Coisas do Brasil de 1993; Vento no litoral, em Na ponta da língua de 1998; e Hoje, parceria de Leila e Renato em Nos horizontes do mundo de 2005; Tempo perdido e Mais uma vez, que Renato fez com Flávio Venturini, em Nos horizontes do mundo Ao vivo de 2007. Mais recentemente, ela cantou Eu sei, Ainda é cedo e Índios, no programa Som Brasil, da TV Globo, feito em homenagem ao compositor.
“Depois de tanto cantar o Renato, passei a ter certeza que chegaria a este projeto. Mas há um ano e meio, quando comecei a pré-produção não atinei que em 2010, quando o álbum seria lançado, tanto ele quanto eu e Brasília, onde iniciou a carreira, estaríamos completando 50 anos”, conta Leila. Para chegar ao repertório do Meu segredo mais sincero, ela voltou a ouvir todos os discos da Legião e os dois solos do homenageado, assessorada pela atriz e diretora de tevê Denise Bandeira e pela cantora Zélia Duncan.
“Ouvia e anotava nota por nota para poder memorizar e entender o que era aquela melodia. Isso depois de selecionar 60 músicas, passar por 30 e até me fixar nas 15 que foram gravadas. Em 1994, quando nos reunimos em minha casa para compormos Hoje, fui para o piano e ele ficava dando voltas em torno do instrumento. Por vezes, pegava o meu dedo e passava por cima de uma nota para montar o acorde, que viria a ser a base da melodia. Aquilo estava na cabeça dele”, revela.
Ela explica: “Ao montar repertório o queria acessível às pessoas que acompanham sua trajetória. Os fãs da Legião podem gostar, ou não, mas procurei fazer o melhor que pedia a obra desse poeta, como cantora de MPB e não de rock’n’roll”. Entre as canções escolhidas há Hoje e Tempo perdido, que já haviam ganhado registro da cantora; os clássicos Ainda é cedo, Angra dos Reis, Há tempos, Índios e Perfeição; as lado B O teatro dos vampiros, Metal contra as nuvens e a pouco conhecida Quando você chegar, além de La solitudine, que Leila divide a interpretação com Renato Russo.
Meu segredo mais sincero, o nome do álbum foi retirado da letra de Daniel na cova dos leões. De acordo com o Luís Tatit, autor do texto de apresentação do CD, que traz na capa, na contracapa e no encarte fotos de Leila Pinheiro com Renato Russo, o refrão de Hoje, “Acho que a gente é que é feliz”, seja “o embrião de toda a proposta do disco. Para Tatit, as reinterpretações de Leila “valorizam o que Renato sabia fazer como ninguém: exprimir nos encontros e desencontros das relações pessoais (eu-você) quase todos os conflitos e desafios de sua geração.”
Músicas de Renato Russo na voz de Leila Pinheiro não são novidade, ela já gravou algumas. Quase sempre em versões um tanto arrastadas, em que cada palavra era pronunciada com solenidade estranha à música do roqueiro. Por isso, um disco da cantora só com músicas de Renato e Legião Urbana parecia previsível. Mas eis que ela surpreende.
Em Meu segredo mais sincero, Leila recorre àqueles recursos já conhecidos, mas trilha também outros caminhos, arrisca nos arranjos, encontra canções que se adequam mais a seu canto. Produziu assim releituras tocantes. Como na pouca conhecida Quando você voltar, só voz e teclado arranhados por uma guitarra dissonante ou em Angra dos Reis em que programações eletrônicas criam climas dramáticos.
Daniel na cova dos leões e Metal contra as nuvens também ganham força em interpretações exatas e emocionadas. No entanto, a inclusão de La solitudine (dueto póstumo de Leila com Renato para disco-tributo lançado recentemente) seria dispensável, destoa do restante do disco. Mas chega já no finalzinho para mostrar que o grande talento de Leila já deu seu recado.

Lista de músicas:
1. Ainda é Cedo
2. Índios
3. Quando você voltar
4. O teatro dos vampiros
5. Angra dos Reis
6. Daniel na cova dos leões
7. Hoje
8. Pais e filhos
9. Tempo perdido
10. Há tempos
11. Metal contra as nuvens
12. Eu sei
13. Andrea Dória
14. La Solitudine(dueto com Renato Russo)
15. Perfeição (vinheta)

Fonte: Biscoitofino

terça-feira, 6 de julho de 2010

Um pêndulo entre o bem e o mal

Dois lados opostos, antagônicos entre si
Um pêndulo entre o bem e o mal
Um lado pesando, o outro levitando
Na balança certa para dois pesos, duas medidas
Variando num vai e vem
Próprio da natureza humana
A melancolia equilibrando a serenidade
Dois vasos cônicos assimilando o tempo
Um pêndulo entre a latitude e a longitude
Um lado superior, o outro inferior
Movimento oscilatório onde se separam os lados contrários
Dividindo o ciclo entre o partir e o voltar
Num espaço que transcende todas as coisas mundanas
Alterando o sentido horário dos ponteiros do relógio
Um relógio diferente, um relógio sem ponteiros
Com outra forma, outro corpo, outra carne, outro estado
Num som estridente que faz travar o tic tac das horas
Confusão que acaba com a razão
Razão que vai de um extremo para outro
Dois lados da moeda, dualísticos entre si
Um pêndulo entre o positivo e o negativo
Um lado persiste, o outro desiste
Levando a periodicidade da vida do ínicio até o fim.

(Codinome Pensador)