terça-feira, 1 de novembro de 2011

O cretino do ano





Muammar Al- Gaddafi foi um militar, político, ideólogo e ditador da Líbia, sendo de fato chefe de estado do seu país entre 1969 até 2011 e na minha opinião, foi também cretino dos cretinos do ano de 2011, sem sombra de dúvida.
Kadhafi chegou ao poder em 1969, sem derramar sangue, por meio de um golpe de estado e assumiu a função formal de Chefe da Nação até 1977, quando renunciou o comando do chamado Conselho do Comando Revolucionário da Líbia e alegou apenas ser uma figura simbólica do governo. Seus críticos dizem que ele agia como um autocrata ou um demagogo, apesar do antigo governo líbio dizer que ele não detinha qualquer poder e o próprio Kadhafi tentava passar a imagem de um estadista-filósofo. Após Kadhafi renunciar o cargo, ele ficou conhecido como o "Irmão Líder e Chefe da Grande Revolução de Jamahiriya Popular Socialista da Líbia" ou "Líder Fraternal e Chefe da revolução"; em 2008, durante um encontro de líderes africanos, alguns destes o chamaram de "Rei dos Reis". Que absurdo!
Depois de chegar ao poder em 1969, ele aboliu a Constituição Líbia de 1951 e estabeleceu politicas alinhadas com sua ideologia, chamada de "Terceira Teoria Internacional" que foram publicadas em seu trabalho intitulado Livro Verde. Depois de estabelecer a “Jamahiriya” (estado de massas) em 1977, ele assumiu uma figura simbólica e representativa no governo, apesar de que, de fato, o poder politico total estava concentrado em sua pessoa, recaindo sobre ele a responsabilidade de fazer as politicas de Estado. Durante seu governo, a Líbia experimentou alguns períodos de forte crescimento econômico, por muito abalado pelas sanções impostas por países ocidentais contra seu governo. Devido as enormes rendas provenientes do petróleo, Kadhafi pode sustentar vários programas sociais que acabaram por dar a Líbia o maior IDH do continente africano, além de aumentar a participação das mulheres na vida pública e de dar mais direitos aos negros. Durante seu governo, a Líbia teve a menor dívida pública do mundo. Apesar dos crescimentos econômicos e dos avanços nas áreas sociais, os críticos do seu regime alegavam que Kadhafi concentrava boa parte das riquezas do seu país em sua própria mão, tendo uma fortuna pessoal estimada em 20 bilhões de dólares, enquanto boa parte da população do país vivia na pobreza. Muitos dos negócios e empresas líbias estavam supostamente sobre controle direto de Kadhafi e de membros de sua família. Na década de 1980, ele participou de vários conflitos armados e assumidamente adquiriu armas químicas. Em resposta, a comunidade internacional lançou várias sanções contra a Líbia.
Seis dias após a captura de Saddam Hussein por tropas americanas em 2003, Kadhafi anunciou que seu Estado estava abrindo mão de todos os programas de construção de armas de destruição em massa e convidou inspetores internacionais para que verificassem que ele estava comprometido com isso. Em resposta, o governo Bush removeu a Líbia da lista de países que apoiavam o terrorismo. Logo em seguida, a ONU levantou as sanções contra o país.
Em 2011, frente a protestos pedindo sua derrocada do poder, Kadhafi respondeu aos manifestantes com violência, porém as manifestações contrárias ao seu governo se intensificaram. Então eclodiu no país uma violenta guerra civil, colocando em confronto forças leais e contrárias ao regime. Durante este conflito, Kadhafi foi acusado de cometer vários crimes contra a humanidade e um mandado de prisão foi expedido contra ele pela Corte Penal Internacional. Em agosto de 2011, tropas do Conselho Nacional de Transição (CNT) atacaram e conquistaram a capital Trípoli colocando assim Kadhafi e seu governo em fuga. Em 20 de outubro, após 8 meses de guerra, o ex-líder foi morto em Sirte por simpatizantes do CNT. Seus 42 anos de governo o fizeram o líder não monárquico a mais tempo no poder desde 1900, sendo também o líder árabe que mais tempo ficou no poder.
Kadhafi nasceu em 7 de junho de 1942[39], numa família de berberes beduínos, adepta do islamismo sunita, filho de Abu Meniar Kadhafi e Aisha Kadhafi em uma tenda no deserto líbio, próximo à cidade Líbia de Surt ou Sirte. Teve contato com beduínos comerciantes que viajavam pela região de Surt, com quem adquiriu e formou suas precoces posições políticas. De acordo com várias biografias, sua família pertence a uma pequena tribo de árabes, os Qadhadhfa. Quando tinha entre 12 e 13 ouvia pelo rádio os discursos do líder egípcio Gamal Abdel Nasser, que chamava os povos árabes à unidade política (pan-arabismo) e defendia a causa palestina, o que o ajudou a adquirir uma precoce consciência política. Após o término de seus estudos secundários, Kadhafi iniciou a carreira militar. Integrou a Academia Militar de Benghazi, segunda principal cidade do país, e também integrou a Real Academia Militar de Sandhurst, na Inglaterra.
Em 2011, no bojo das revoltas sociais no norte da África, Kadhafi sofreu um ataque revolucionário por parte da oposição Líbia e, em um sinal de ruptura com o governo, a delegação da Líbia na ONU acusou Kadafi de genocídio e fez um apelo por sua renúncia. Diversas autoridades, inclusive o ministro da Justiça, Mustafá Abdel Yalil, e diplomatas em diferentes países, renunciaram, em protesto contra o uso excessivo de força na repressão das manifestações. Diplomatas que representavam o governo de Kadafi na China, na Índia e na Liga Árabe deixaram seus cargos em protesto ao governo. De acordo com a organização americana Human Rights Watch, os protestos na Líbia deixaram pelo menos 233 mortos. Há relatos de que em apenas um dia 160 manifestantes teriam morrido. Após a renúncia das autoridades, Saif al-Islam Muammar Kadhafi anunciou a criação de uma comissão para investigar episódios violentos durante os protestos. A comissão seria dirigida por um juiz e incluiria membros de organizações de direitos humanas líbias e estrangeiras, mas esta nunca foi implementada. Uma coalizão de líderes muçulmanos líbios emitiu uma declaração dizendo que "é obrigação de todo muçulmano se rebelar contra o governo líbio".
Devido a indícios de crimes contra a humanidade cometidos pelas tropas do governo contra os rebeldes e civis líbios, nas áreas de insurreição e combate, em 16 de maio de 2011, Luis Moreno-Ocampo, Procurador-Chefe do Tribunal Penal Internacional, sediado em Haia, solicitou mandato internacional de captura e prisão de Kadhafi, por crimes contra a Humanidade.
Em agosto de 2011, as tropas do Conselho Nacional de Transição lançaram-se sobre Trípoli na Segunda batalha de Trípoli e conquistaram a cidade. Apoiados pela OTAN, os rebeldes líbios atacaram várias outras cidades litorâneas até chegar a capital. Logo após a queda da cidade, Kadhafi, seus parentes e membros do seu governo fugiram. Para a comunidade internacional, Gaddafi não falava mais pelo povo líbio, tendo essa autoridade recaindo sobre o CNT.
Em 20 de outubro de 2011, após a queda de Sirte, o último grande reduto das forças de Kadhafi, o Conselho Nacional de Transição informou oficialmente à rede de televisão Al Jazeera que Kadhafi havia sido capturado. De acordo com algumas fontes, Kadhafi teria sido ferido nas pernas ou levado dois tiros no peito. Segundo as primeiras informações, ele teria morrido em consequência desses ferimentos. Imagens de um vídeo amador mostram o corpo ensaguentado de Kadhafi, ainda vivo, sendo carregado como um troféu em Sirte.
O primeiro-ministro do Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio, Mahmoud Jibril, confirmou a morte do ex-líder Muammar Kadhafi, durante os confrontos pela tomada da cidade de Sirte. "Esperávamos havia muito tempo por este momento. Muammar Kadhafi foi morto", afirmou ele. Segundo Jibril, a autópsia determinou que o líder deposto foi morto por um ferimento de bala na cabeça, após sua captura. Jibril afirmou, durante entrevista coletiva, que Kadhafi estava em boa saúde e armado, quando foi encontrado. Enquanto era levado até uma caminhonete, levou um tiro no braço ou na mão direita. Posteriormente, levou um tiro na cabeça sob circunstâncias não claras até hoje. Mas isso é o que menos importa. Enfim...
O corpo de Kadhafi foi levado para uma câmara fria e ficou exposto para visitação pública, juntamente com o corpo de seu filho Mo'tassim e do chefe militar do regime Abu-Bakr Yunis Jabr, durante 4 dias. Posteriormente foram enterrados em um local secreto, numa simples e respeitosa cerimônia, de acordo com o governo líbio. Em seu testamento politico divulgado pouco depois da sua morte, Kadhafi exortou o seu povo a continuar lutando e resistindo de todas as formas contra o novo governo e deixou instruções sobre como ele gostaria de ser enterrado, a maneira muçulmana. Menos um facínora e um cretino no mundo! Kadhafi já vai tarde!

Fonte: Revista Veja

Salve Drummond!


“...Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração...” Com esse Poema de Sete Faces que se iniciou minha paixão por esse grande poeta “gauche” de Itabira (MG), chamado Carlos Drummond de Andrade , que há 31 de outubro de 1902 nascia para entrar para história da literatura brasileira, do mundo e viver em nossa memória pela eternidade. Se estivesse vivo estaria este mês comemorando 109 anos de idade e de muita poesia da melhor qualidade.
Filho de uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.
Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo em Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil.
O modernismo não chega a ser dominante nem mesmo nos primeiros livros de Drummond, Alguma poesia de 1930 e Brejo das almas de 1934, em que o poema-piada e a descontração sintática pareceriam revelar o contrário. A dominante é a individualidade do autor, poeta da ordem e da consolidação, ainda que sempre, e fecundamente, contraditórias. Torturado pelo passado, assombrado com o futuro, ele se detém num presente dilacerado por este e por aquele, testemunha lúcida de si mesmo e do transcurso dos homens, de um ponto de vista melancólico e cético. Mas, enquanto ironiza os costumes e a sociedade, asperamente satírico em seu amargor e desencanto, entrega-se com empenho e requinte construtivo à comunicação estética desse modo de ser e estar. Drummond, como os modernistas, segue a libertação proposta por Mário e Oswald de Andrade; com a instituição do verso livre, mostrando que este não depende de um metro fixo.Se dividirmos o modernismo numa corrente mais lírica e subjetiva e outra mais objetiva e concreta, Drummond faria parte da segunda, ao lado do próprio Oswald de Andrade.
Vem daí o rigor, que beira a obsessão. O poeta trabalha sobretudo com o tempo, em sua cintilação cotidiana e subjetiva, no que destila do corrosivo. Em Sentimento do mundo de 1940, em José de 1942 e sobretudo em A rosa do povo de 1945, Drummond lançou-se ao encontro da história contemporânea e da experiência coletiva, participando, solidarizando-se social e politicamente, descobrindo na luta a explicitação de sua mais íntima apreensão para com a vida como um todo. A surpreendente sucessão de obras-primas, nesses livros, indica a plena maturidade do poeta, mantida sempre.
Várias obras do poeta foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas. Drummond foi seguramente, por muitas décadas, o poeta mais influente da literatura brasileira em seu tempo, tendo também publicado diversos livros em prosa. Em mão contrária traduziu os seguintes autores estrangeiros: Balzac, Marcel Proust, García Lorca, François Mauriac e Molière.
Quando se diz que Drummond foi o primeiro grande poeta a se afirmar depois das estreias modernistas, não se está querendo dizer que Drummond seja um modernista. De fato herda a liberdade linguística, o verso livre, o metro livre, as temáticas cotidianas. Mas vai além. "A obra de Drummond alcança — como Fernando Pessoa ou Jorge de Lima, Herberto Helder ou Murilo Mendes — um coeficiente de solidão, que o desprende do próprio solo da História, levando o leitor a uma atitude livre de referências, ou de marcas ideológicas, ou prospectivas", afirma Alfredo Bosi .
Segundo o escritor e estudioso da obra de Drummond, Affonso Romano de Sant'ana costuma estabelecer que a poesia de Carlos Drummond a partir da dialética "eu x mundo", desdobrando-se em três atitudes: Eu maior que o mundo, que é marcada pela poesia irônica, Eu menor que o mundo, que é marcada pela poesia social, Eu igual ao mundo, que abrange a poesia metafísica.
Sobre a poesia política, algo incipiente até então, deve-se notar o contexto em que Drummond escreve. A civilização que se forma a partir da Guerra Fria está fortemente amarrada ao neocapitalismo, à tecnocracia, às ditaduras de toda sorte, e ressoou dura e secamente no eu artístico do último Drummond, que volta, com frequência, à aridez desenganada dos primeiros versos: A poesia é incomunicável. Fique quieto no seu canto. Não ame. Muito a propósito da sua posição política, Drummond diz, curiosamente, na página 82 da sua obra O Obervador no Escritório,RJ, Editora Record, de 1985, que Mietta Santiago, a escritora, expõe-me sua posição filosófica: " Do pescoço para baixo sou marxista, porém do pescoço para cima sou espiritualista e creio em Deus."
No final da década de 1980, o erotismo ganha espaço na sua poesia até seu último livro.
Atualmente, também, há representações em Esculturas do Escritor, como é o caso das estátuas Dois poetas, na cidade de Porto Alegre, e também O Pensador, na praia de Copacabana no Rio de Janeiro, além de um memorial em sua homenagem da cidade de Itabira.
Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade. Como disse Drummond: "...Quem morre vai descansar na paz de Deus. Quem vive é arrastado pela guerra de Deus...". Fica então a sábia lição.

Lição
Tarde, a vida me ensina
Esta lição discreta:
a ode cristalina,
é a que se faz sem poeta.
(Carlos Drummond de Andrade)

Fonte: Memória viva.