segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Eu vi. Filme: A estrada

Sinopse:o mundo foi destruído há mais de 10 anos, mas ninguém sabe o que exatamente aconteceu. Como resultado, não há energia, vegetação ou comida. Milhões de pessoas morreram, devido aos incêndios, inundações ou queimadas que se seguiram ao cataclisma. Neste contexto vivem um pai (Viggo Mortensen) e seu filho (Kodi Smit-McPhee), que sobrevivem de quaisquer alimento e vestuário que conseguem roubar. Apesar dos contratempos, eles seguem viagem pela estrada, sempre rumo ao oeste dos Estados Unidos.
Ficha técnica: Título original: The Road. Lançamento: 2009 (EUA). Direção: John Hillcoat. Gênero: Drama. Elenco: Viggo Mortensen, Kodi Smit-McPhee, Robert Duvall, Guy Pearce, Charlize Theron.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Bandidos e mocinhos

Com tantos crimes hediondos acontecendo no nosso país e sendo cobertos pela imprensa nacional com tanta repercussão e glamourização, acaba virando um perigo muito grande para a nossa sociedade brasileira que altamente receptiva à celebridades durante a cobertura de um crime dessa natureza, o criminoso-psicopata se torna então o fetiche do momento. Se torna uma fonte mórbida de prazer. Um prazer movido talvez pelo mesmo sentimento das pessoas que se aglomeram no entorno de uma cena de acidente e que vai ser realimentado por outro acontecimento. Se nos dias atuais prevalece o gosto pela violência e pelo mórbido, a mídia jornalística está diante de um dilema que exige um posicionamento. Resumindo, estamos vivendo numa sociedade doente e urgentemente precisando de sérios cuidados.
Lembrei agora de um fenômeno cinematográfico da década de 90, chamado de Quentin Tarantino que com seus filmes, como: Cães de Aluguel e Pulp Fiction, celebrizou para o grande público sua obra pop com personagens facilmente denominados como psicopatas.
Seria bom se tivessem feito sucesso por elementos como a narrativa circular com que o diretor estrutura suas tramas. Mas a violência praticada por pessoas que não sabem o que é sentir dor não está apenas no âmbito do cinema. É a chamada glamourização de psicopatas que é um traço de nossa sociedade atual do nosso país, que também pode ser visto em representações da realidade. Pra mim isso é o retrato sórdido da mídia ou o cinema mostram o que a sociedade masoquista e hipócrita quer. Mas é importante também levar em conta o efeito destas representações na vida das pessoas. Estudiosos afirmam que a representação também constrói a realidade na medida em que a reproduz. Será? Quem são os verdadeiros bandidos e os mocinhos dessa história?
Com toda essa glamourização dessas criaturas abomináveis que matam em série ou mesmo matam com requintes de crueldade, acho que estamos criando cobras pra nos morder. As pessoas normais, quer queira, quer não, são influenciadas por esses maníacos insensíveis e é exatamente nesse momento que um sociopata reprimido pode sair do armário e nos atacar na primeira esquina escura que ele encontrar.
Desde da década de 70, que esses casos de maníacos ganham jornais e revistas e chamam à atenção da sociedade que vivemos, se formos lembrar. Temos: o assassinato da socialite Ângela Diniz pelo namorado Doca Street, cujo julgamento foi acompanhado de perto por milhões de brasileiros, temos um outro caso de comoção muito maior, o assassinato da jovem atriz Daniela Perez, que em 1993, foi furiosamente estocada pelo ator e colega de novela Guilherme de Pádua e sua mulher Paula Tomaz. Daniela foi morta com uma tesoura e uma chave de fenda. Temos Suzane Von Richthofen, que em 2002 abriu a porta de casa para que o então namorado, acompanhado do irmão entrassem no quarto de seus pais e os assassinassem a golpes de barras de ferro. Suzane disse meses depois que era uma menina perturbada, tentando convencer assim à todos. Na verdade ela estava evitar uma condenação judicial mais rigorosa. E só pra finalizar um caso mais recente e não menos monstruoso, que paralisou o Brasil, que foi o assassinato da menina Isabella Nardoni, morta em 2008, aos 5 anos de idade, após ser espancada e jogada da janela de seu apartamento, no 6º andar. Pelo próprio pai, Alexandre Nardoni e sua mulher Ana Carolina Jatobá, que atiraram a criança para a morte, segundo os laudos da polícia.
Se fôssemos procurar a origem dessa violência que vivemos é só observarmos a terrível descrição do comportamento humano, uma coisa infernal, uma coisa dantesca, o ser humano infelizmente está perdendo todos os escrúpulos. E me pergunto: O que é mesmo um ser humano sem escrúpulos? Não ter escrúpulos para mim é aquele cidadão ou cidadã que só pensa em si mesmo e não se preocupa em ser justo com os outros, que comete muitos delitos de conduta social e moral e o pior, que na maioria das vezes não senti nenhuma culpa, remorso ou compaixão pelo atos errados que cometeu.
Até a arte na atualidade é extremamente violenta, a arte cinematográfica, como já citei acima o Tarantino, a arte televisiva, com sua submissão à violência, parece ter subjacente ao ideal nazista de conduzir a sociedade ao extermínio. Parece que a arte só pode ser feita desse modo e quando a gente fala que não é possível que seja assim, os críticos dizem que a gente está sendo censurando ou sendo conservadores. Eu acho que, de algum modo, censurados são aqueles que não podem fazer o seu tipo de arte: será se a ternura, a doçura também não podem fazer parte da arte? A esperança por uma política com ética e honesta e a utopia não podem fazer parte da arte? Ou que Drummond precisava de violência para fazer a sua poesia de vanguarda? Porque a violência do sacrifício de criar um a arte não é como a primavera brotando, rasgando, com sua violência para nascer. Será que sou o último dos românticos? Quero acreditar que não.
O problema é que o mal está sendo banalizado, ou sei lá, estamos infelizmente criando uma espécie de olimpíada da crueldade. Como diria Jim Morrison do alto de sua insanidade sensata: “A única obscenidade que conheço é a violência."

(Codinome Pensador)

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Uma lady contra os gagás


Stefani Joanne Angelina Germanotta, é verdadeiro nome da nova-iorquina, compositora e nova rainha da mídia e da música pop da século XXI na atualidade, conhecida mundialmente como Lady Gaga.
Depois de ter sido contratada e logo despedida da Def Jam Records aos 19 anos de idade, começou a se apresentar no cenário musical de rock no sudeste da cidade de Nova Iorque. Durante este período, trabalhava para a gravadora Interscope Records como compositora para artistas conhecidos, incluindo Akon, que, depois de ouvir Gaga cantar, convenceu o presidente da Interscope Jimmy Iovine a contratá-la para um acordo musical entre a gravadora e a de Akon Kon Live. Seu álbum de estréia The Fame foi lançado em agosto de 2008 contando com um grande êxito comercial e crítico. Em adição por receber várias críticas positivas, o álbum chegou ao primeiro lugar de vendas em quatro países, além de nos Estados Unidos pela parada da Billboard "Top Electronic Albums". Os dois primeiros singles do álbum, "Just Dance" e "Poker Face", se tornaram grandes sucessos internacionais, sendo que o primeiro foi indicado na categoria "Melhor Canção Dançante" no 51º Grammy Awards. Em 2009, depois de abrir turnês de grupos como New Kids on the Block e Pussycat Dolls, embarcou na sua própria, a The Fame Ball Tour. Lady Gaga passou a ser reconhecida mundialmente pelo sucesso dos seus singles que vieram depois como "LoveGame", "Paparazzi", "Bad Romance" e atualmente "Alejandro".
Musicalmente, Gaga é inspirada por cantores e grupos de glam rock como David Bowie e Queen e por cantores de pop dos anos 1980 como Cher, Cyndi Lauper, Freddie Mercury, Madonna e Michael Jackson. Ela também é inspirada por moda, o que ela diz ser essencial para suas composições e apresentações e apoia a comunidade gay ao creditá-los por seu sucesso inicial.
A cantora Lady Gaga se tornou, de fato, a rainha do YouTube. A artista que já tinha, em novembro, quebrado o recorde da personalidade mais visitada no canal de vídeos, acumulando mais de 1 bilhão de acessos aos seus vídeos musicais, agora é dona do clipe mais visto de todos os tempos do YouTube.
Nessa quarta-feira, o canal de vídeos informou que o clipe "Bad Romance", um dos maiores sucessos da cantora, atingiu o posto de vídeo musical mais visto de todos os tempos, superando a marca de 180 milhões de acessos. A canção foi lançada em novembro de 2009 e é o primeiro single de Lady Gaga do álbum "The fame monster", que ocupou o primeiro lugar das paradas britânicas e norte-americanas.
O clipe de "Bad Romance" foi produzido por Francis Lawrence, que também já realizou vídeos musicais para artistas como Britney Spears, Shakira e Aerosmith, além de ter dirigido o filme Constantine. Além deste clipe, a cantora também poderá emplacar novos recordes. Seu mais recente single, "Telephone", já conseguiu alcançar a marca de 500 mil visualizações em 12 horas.
Mesmo com todo esse sucesso não deixa de ser marketeira e polêmica, ela disse em 2009 que era hermafrodita, afirmou ter genitália masculina e feminina, mas que se considerava uma mulher.
Lady resolveu assumir o hermafroditismo porque nos últimos dias o boato começou a correr pelos sites de fofoca, tudo começou depois foi flagrada com um volume extra conjugal nas partes íntimas durante um show. Golpe de marketing ou verdade? Eis a questão...
Se considera muito tímida apesar de sua personalidade e figurinos extravagantes, é bastante reservada e fica nervosa quando conhece pessoas novas, especialmente outras celebridades.
"Eu realmente não me reúno com muitos artistas porque sou tímida. Talvez eu não seja tímida com as pessoas que conheço, mas com pessoas quem não conheço, sou muito", disse ela.
"Geralmente, eu realmente fico reservada e focada na minha música, mas quando eu encontro pessoas que tem muito em comum comigo, então relaxo. Sempre fico tímida diante do universo de Hollywood. Me sinto um pouco como me sentia na escola, uma estranha entre as outras pessoas”. Gaga revelou também que sua inibição se estende à sua vida amorosa: “Eu sou um desastre com os homens, mas ainda acredito que sou super-sexy".
O que não é nada sexy é o que a cantora de “Bad Romance” revelou aos seus fãs no programa de Larry King, que possui ter Lúpus. Lúpus é uma doença auto-imune rara que ataca o próprio sistema conjuntivo, resultando em inflamação e dano tecidual. Pode aparecer em várias partes do corpo, mas as principais áreas atingidas são o coração, pele, pulmão e articulações. Costuma aparecer em mulheres por volta de vinte anos e não tem cura. Ela revelou ter a doença depois de várias especulações sobre sua saúde. Em alguns shows de sua segunda turnê “The Monster Ball Tour”, a cantora teve palpitações e perda de fôlego, além de desmaios. Estipularam até que a cantora era portadora do vírus HIV. Por ora, a cantora afirma que está bem e que não é para os fãs se preocuparem com sua saúde. É uma doença incurável, mas com o avanço da tecnologia já se pode obter uma qualidade de sobrevida muito boa para os portadores de Lúpus.
Em recente divulgação da revista Forbes com sua lista anual com os mais poderosos do showbiz. Lady Gaga figura em terceiro lugar apenas perdendo para a apresentadora Oprah Winfrey lidera o ranking e a cantora Beyoncé que vem em segundo lugar, já em outra revista a Time, Gaga lidera o ranking de personalidade mais influente do mundo com 190 mil votos, desbancando nomes como Barack Obama, Hugo Chávez, Hilary Clinton.
Diva ou não, influente ou não, poderosa ou não. Lady Gaga é, sem dúvidas, uma das personalidades mais excêntricas do show business com suas músicas chiclete, daqueles que basta ouvir uma vez para colar e você cantarolar durante o dia todo, um som pop com batidas eletro modernas e o visual quase alegórico da cantora que se sobressai onde quer que sua presença seja confirmada. A cantora leva seus devaneios e desejos ao extremo. Em termos de moda, pelo menos, sempre podemos esperar o improvável e ainda assim nos surpreender com o que Gaga apresenta sendo que hoje, já se fala de uma divisão entre o cenário pop pré e pós a interferência da Lady. No início da fama, a cantora teve seu estilo comparado ao de outra musa, Katy Perry, mas em pouco tempo sua ousadia deixou claro que não mais haveria semelhança entre Lady Gaga e outra estrela pop. Com um pé nos anos 80, a loira confessa ser apaixonada por moda e considerar esse um elemento fundamental para o seu processo criativo. Relatou, ainda e entrevista para a MTV que ao compor já imagina o que irá vestir ao cantar a música em desenvolvimento. Seguindo o estilo conhecido como “fashion destruction”, Gaga investe nas cores berrantes, nos cortes estruturados, em uma sensualidade explícita, no make sempre exagerado, nos penduricalhos e principalmente, na diversão ao escolher os seus looks performáticos. Suas jaquetas e vestidos que trazem toda a ousadia da década de 80 juntamente com os seus sapatos coloridos, relógios, máscaras, luvas e o seu próprio cabelo servem de adereço para as roupas nada discretas da diva.
Entre os destaques desse desfile apresentado pela cantora, estão os seus looks no Brit Awards e no VMA. Nesse último, vimos uma verdadeira transformação de Gaga em seus seis figurinos da noite, onde a loira foi de O Fantasma da Ópera, passeou por algo parecido com Carrie, A Estranha quando contou com o sangue artificial de sua apresentação; trouxe referências futuristas e finalizou a noite à lá A Noiva Cadáver. Suas longas madeixas platinadas servem de matéria-prima para a elaboração de penteados arquitetônicos. Botões, coroas de imagens santas e laços do melhor estilo Minnie, são algumas das formas que os fios da cabeleira da cantora pop. Reverenciando a personagem Peggy Bundy e polêmica Donatella Versace, o estilo de Lady Gaga não poderia ser menos impactante. Famosa, também, por suas turnês de investimentos milionários, a cantora se tornou a queridinha do mundo fashion, dos moderninhos e dos maiores designers da atualidade.
Loucuras e esquisitices à parte, Lady Gaga se distingue das demais celebridades pop por ter feito sucesso com o que muitas delas apenas tentaram: a criação de um personagem. Independente de todo o esforço mercadológico, os riscos já tomados pela cantora a elevam ao título de ícone da moda e da indústria fonográfica. E como ambos os universos tendem a acolher de braços abertos os excêntricos, Gaga continua investindo na estética do imprevisível e promete continuar fazendo do Carnaval e das antigas ousadias de estilo, apenas uma breve alucinação do que ela ainda pode exibir.
Lady Gaga é o que entendemos como ídolo pop é um indivíduo que encanta as massas com a habilidade artística de que é capaz sendo seu autor ou o mero representante de uma estética inventada por publicitários e estrategistas de produtos culturais. O ídolo pop é a humana mercadoria que permite o gozo pelo logro que o espectador logrado aplica a si mesmo. Como diria o grande Nietzsche. Lady Gaga certamente veio para nos lograr.
A indústria cultural sempre tem na quantidade uma questão mais importante do que a qualidade, mas se Lady Gaga sabe disso e não o esconde, é porque elevou o cinismo a discurso, ao mesmo tempo, lança-nos uma ironia capaz de fazer pensar.
E como ídolo pop, Gaga chegou a um patamar que não poderá soar indiferente aos mais conservadores ou aos mais modernos apenas como um modo de rebelar as massas de mulheres subjugadas a estética pop para o pós-feminismo. E também sem essa demagogia clichê e hipócrita de proteger os bons costumes, criar antipatia ao que Lady Gaga representa hoje para o mundo, para o mundo feminino. Um feminismo que sim coloca a mulher no mesmo lugar do homem, dentro de posições antes ocupadas por homens e que agora passam criar uma fagulha de medo no mundo macho.
No vídeo de “Paparazzi” fica exposto o amor-ódio que um homem nutre por uma mulher, a ponto de uma vingança inesperada com o assassinato desse mesmo homem. Em “Bad Romance”, o vídeo mais visto de todos os tempos, mulheres de branco, como noivas dançantes surgem com ninfas futuristas para curar uma louca que chora querendo ter um “mau romance” com um homem. Surge a bailarina sensual personificada por Gaga, junto de suas companheiras faz o elogio do corpo que é obrigado a se erotizar diante de um grupo de homens. No fim, a noiva contemplando o noivo cadáver. Ironia que é na verdade o elogio do amor-paixão, do amor-doença e ao qual foi reduzido o amor romântico. Em “Telephone”, a estética adotada é a da lésbica e da pin-up. Ambas criminosas. A primeira por ser uma forma de vida feminina que dispensa os homens, a segunda por ameaçá-los com uma estética da mulher de imagem de página de revista e de desenho animado. E em “Alejandro” clipe mais novo, soldados carregam símbolos místicos e seu o encerramento onde-se “queima” a freira que usa cruzes invertidas na batina e engole um crucifixo. Gaga se coloca na posição do homem, mais uma vez em um clipe ela é a líder. É ela quem comanda um exército masculino segue todos seus passos e suas ordens. Transmite isso na cena em que aparece simulando prazer com três homens ao mesmo tempo, mostrando que a mulher tem desejos sexuais e múltiplos. Gaga sem dúvida se reinventa a cada dia e coloca isso nos seus clipes, colocando a mulher onde ela poderia estar e impedida pelo pelo modelo patriarcal que vivemos.
Todos esses exemplos só provam que Lady Gaga é o melhor modelo de uma deusa pós-feminista e pós-moderna. Uma lady contra todos esses gagás preconceituosos que estão por aí.

Fonte: Popline.