quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A dama de ouro do cinema





Que Meryl Streep é recordista absoluta com 17 indicações ao Oscar isso todo mundo está cansado de saber, acho que até ela mesma. Ela venceu em três ocasiões: prêmio de Melhor atriz pelo filme O franco-atirador em 1979 e de Melhor atriz codjuvante pelo filme Kramer vs. Kramer em 1980 e neste último domingo dia 26, ganhou mais um Oscar pra sua coleção particular, Oscar de Melhor atriz principal por sua magistral atuação da primeira-dama britânica Margaret Thatcher no filme A dama de ferro. Sem esquecer que já foi vitoriosa também com o prêmio do Globo de Ouro, com 26 indicações, tendo ganho 8 vezes.
Ao receber o Oscar, Meryl foi ovacionada de pé por seus colegas. Ela abriu seu discurso agradecendo o marido, por medo de que o limite de tempo a impedisse de dizer obrigado a ele por tudo e encerrou declarando que queria aproveitar para agradecer a todos os seus colegas e amigos. "Porque acho que nunca mais estarei aqui de novo”. disse a grande atriz. Meryl venceu com mérito as outras indicadas na mesma categoria, entre elas as atrizes: Viola Davis, Rooney Mara, Michelle Williams e Glenn Close.
Meryl já ganhou um Globo de Ouro e um Bafta por esse mesmo papel no filme A dama de ferro.
O filme foca no enredo da humanização e na polêmica da personagem, a primeira-dama britânica Margaret Thatcher, que governou a Inglaterra com mão de ferro entre 1979 e 1990. Durante a recessão econômica causada pela crise do petróleo no fim da década de 70, a líder política tomou medidas impopulares para a recuperação do país. Notabilizando-se por uma defesa estrita do monetarismo, da privatização de estatais, da flexibilização do mercado de trabalho e cortes de benefícios sociais, eliminando até o salário mínimo, restabelecido por Tony Blair em 1999. Seu grande teste, entretanto, foi no conflito entre a Grã-Bretanha e a Argentina na Guerra das Ilhas Malvinas, que completará 30 anos em abril. Passando um tanto batido por boa parte desse contexto político, o filme retrata a ex-primeira-ministra, que está viva, com 86 anos, como uma velha senhora abalada pela pré-senilidade, solitária e cercada de auxiliares mais empenhados em vigiá-la do que acolhê-la. Virtuosa, translúcida e convincente foram são algumas das palavras usadas por críticos dos Estados Unidos para descrever a atuação de Meryl na pele da polêmica política britânica. Críticas mais que merecidas!
Mary Louise Streep é descendente de uma família de britânicos, irlandeses, suíços e neerlandeses, filha de uma artista plástica e de um executivo da indústria farmacêutica, foi criada em Bernardsville, Nova Jersey, onde frequentou e se graduou na Bernards High School. Ela recebeu seu B.A. (Bacharelado de Artes) em Teatro na Vassar College, em 1971. Estudou música, arte dramática e ópera na Universidade Yale. Após finalizar os estudos, trabalhou para o Theatre Repertory Company, de Phoenix, e obteve reconhecimento ao ser nomeada para o Tony Award, e por vencer o Outer Critics Circle Award.
Sua estreia cinematográfica aconteceu em Julia, de Fred Zinnemann, em 1977. Debutou na televisão em 1978, com a série Holocausto, pela qual foi agraciada com o Emmy de melhor atriz.
Desde 1978 Meryl é casada com o escultor Don Gummer, com quem tem 4 filhos, Henry, Mamie Gummer, Grace e Louisa. Em 2009, foi eleita a 48ª mulher mais poderosa do mundo do entretenimento segundo o Hollywood Reporter e possui uma estrela na Calçada da Fama, localizada em 7020 Hollywood Boulevard. A atriz foi homenageada Festival de Cinema de Berlim este ano com um Urso de Ouro Honorário e uma retrospectiva de alguns de seus filmes mais famosos dos últimos 30 anos de carreira. Meryl Streep, tem 62 anos e é considerada a maior atriz viva do cinema. Meryl Streep é considerada por mim, a dama maior do cinema mundial. Meryl Streep é a primeira e única dama de ouro do cinema. Parabéns Meryl!

Fonte: Cinema Oul

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Uma dupla dinâmica que faz arte













“Os gêmeos” como são chamados a dupla de irmãos gêmeos idênticos, cujos nomes reais são Otávio e Gustavo Pandolfo, nascidos na cidade de São Paulo nos anos 70, são formados em desenho de comunicação pela Escola Técnica Estadual Carlos de Campos, começaram a pintar grafites em 1987 no bairro em que cresceram, o Cambuci e gradualmente tornaram-se uma das influências mais importantes na cena paulistana, ajudando a definir um estilo brasileiro de grafite.
Os trabalhos da dupla estão presentes em diferentes cidades dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Grécia, Cuba, entre outros países. Os temas vão de retratos de família à crítica social e política; o estilo formou-se tanto pelo hip hop tradicional como pela pichação.
Em 22 de maio de 2008, executaram a pintura da fachada da Tate Modern, de Londres, para a exposição Street Art, juntamente com o grafiteiro brasileiro Nunca, o grupo Faile, de Nova York; JR, de Paris; Blu, da Itália; e Sixeart, de Barcelona.
De suas duas mentes criativas transbordam todas as cores e sabores da imaginação. Lá tudo é possível e qualquer sonho se torna realidade. A inspiração para tantos desenhos e fábulas mágicas vem da forma com que a dupla Gustavo e Otávio Pandolfo, refletem em seu interior a realidade e a fantasia que lhes rodeiam. Cada pequeno detalhe, porque são através deles que suas obras assumem esta forma já tão reconhecível, são componentes importantes na criação do mundo fantástico, cheio de histórias cotidianas em forma de poesia. O mundo encantado em que vivem todos os seus personagens e que funciona como a janela da alma única dos irmãos gêmeos é repleto de uma mistura harmoniosa entre realismo e ficção. Suas histórias dançam entre dois importantes pilares. O olhar sonhador que possibilita a materialização de um mundo cheio de fantasias e suas críticas incisivas sobre as dificuldades enfrentadas por tantos cidadãos espalhados pelo mundo, vítimas de um modelo sócio-econômico que se encontra em grande transformação. Dessa união nascem obras que invocam um universo lírico e criações que mesclam ambas projeções, como se os próprios personagens mágicos criticassem com olhos inocentes toda a discrepância que existe em nossa sociedade.
Foi quando ainda viviam no mundo da fantasia ingênua e infantil, que tudo começou. Desde pequenos a maneira de brincar e construir os cenários onde seus personagens habitavam era minuciosa. Desmontado as peças originais de presentes que ganhavam, os irmãos refaziam com toda a delicadeza um outro universo. Com três anos de idade os lápis de cor e a imaginação já estavam presentes nos jogos e em todos os papeis espalhados pela casa. Desenhavam na mesma folha de papel e quando não, escolhiam os mesmo temas para ilustrar. O incentivo para mergulhar no mundo criativo que existia dentro deles sempre esteve presente na família, composta de outros artistas, como o irmão mais velho Arnaldo e a mãe Margarida. Também foram o pai e os avós que trouxeram a tona uma forma de apresentar ao mundo real toda a ânsia criativa que lhes transbordava.
O grafitismo entrou na vida dos irmãos em 1986, quando ainda viviam na região central de São Paulo onde passaram sua infância e adolescência. A cultura hip hop chegava ao Brasil e os jovens do bairro começaram a colorir suas idéias nos muros da cidade. Naquela época, com apenas 12 anos, tudo era novidade e sem ter de onde tirar suas referencias, Gustavo e Otavio improvisavam e inventavam sua própria linguagem, pintando com tintas de carro, látex, spray e usando bicos de desodorante e perfume para moldar seus traços; já que ainda não existiam acessórios e produtos próprios para a prática. O que a cidade proporcionou a eles foi essencial para o desenvolvimento de todas as habilidades que se transformaram depois no estilo próprio e imediatamente reconhecível dos artistas. Uma infância criativa, que rendeu duas vidas ao mundo da arte contemporânea.
A válvula de escape para a dupla era o grafite. Uma maneira que encontraram de criar um mundo onde só se pode penetrar através de suas mentes e onde tudo funciona pela lógica própria de “Tritrez”, o universo habitado pelos personagens amarelos, onde brilha e reina a sintonia entre todos os seus elementos. Cada parte e cada detalhe esta mergulhada na magia que envolve a imaginação dos irmãos.
Novos ventos começaram a sobrar em 1993 com a visita ao Brasil do artista plástico e grafiteiro Barry Mgee (Twist), de São Francisco. Mgee que chegou em São Paulo para realizar uma exposição de arte contemporânea mostrou aos irmãos a possibilidade de viver fazendo o que se gosta. Nesta época por diversão Gustavo e Otávio, que acabavam de completar 19 anos, já haviam começado a desenvolver um estilo próprio e a fazer trabalhos publicitários e decoração em lojas e escritórios com seus grafites. Começavam desta forma a viver única e exclusivamente deste maravilhoso dom que ocupava quase 100% de seus seres.
Em 1995, como experimento, realizaram uma exposição conjunta sobre arte de rua no MIS (Museu da Imagem e do Som) de SP e um ano depois uma pequena mostra de algumas peças e instalações em uma casa na Vila Madalena.
Mas a vida como artistas plásticos com o estilo já quase completamente maduro aconteceu pouco tempo depois em Munique (Alemanha) a convite de Loomit, grande nome do mundo do “Street Art “ que descobriu a dupla brasileira em uma revista internacional sobre o tema. Com este convite, a dupla embarcou em uma viagem sem volta pelo mundo realizando projetos em parceria com outros artistas e finalmente em 2003 a primeira exposição solo na galeria Luggage Store , em São Francisco.
Um grande salto veio quando os artistas entraram para a galeria Deitch Projects de Nova York em 2005, onde suas obras tomaram forma dentro do mercado de arte contemporânea. No momento em que ingressaram para o universo das galerias, a dupla pode trazer suas criações para um mundo muito além das ruas. Com isso, suas ideias tomaram formas tridimensionais em esculturas e instalação feitas de maneira peculiar com todos os elementos e detalhes que se podem acrescentar quando um desenho pula do papel e chega ao mundo real. Apenas depois de um ano, já com um nome forte no exterior, os gêmeos fizeram sua primeira exposição no Brasil na Galeria Fortes Vilaça, em São Paulo.
O trabalho desses gêmeos já ultrapassou as barreiras do grafite nas ruas e chegou a museus do mundo inteiro isso é público e notório. Nas exposições, além dos painéis, encontram-se esculturas gigantescas, carros e instrumentos musicais (que funcionam!) customizados. E não são para desbravar só com os olhos: na maioria das obras, sempre é possível uma interação: pode-se tocar, manusear e, nas peças maiores, como barcos, caixas e túneis, a entrada é permitida e incentivada. Frequentemente mencionados com louvor, como grandes representantes da arte contemporânea, os gêmeos impressionam pela imponência e riqueza de detalhes. Suas esculturas, na maioria das vezes muito altas, são à base de material reciclado, como latas, papelões, lascas de madeira e retalhos. Tudo trabalhado de forma tão delicada que um universo de detalhes se abre perante os olhos: a face, a posição dos braços e até mesmo as estampas das roupas das personagens estão cravados de expressões que dão uma riqueza inestimável às obras.
A pintura feita nas ruas e as criações feitas para obras e instalações em galerias partem do mesmo mundo onírico que existe dentro da mente da dupla, mas tomam rumos distintos. A primeira é o próprio dialogo dos artistas com as ruas, com cada pessoa que passa e de forma direta ou indireta interage com a pintura, isso é o grafite. A segunda é a materialização de sonhos, ideias, críticas sociais e políticas que retratam o universo vivido dentro em contraste com que se apresenta fora no dia-a-dia dos próprios irmãos. No momento em que todas estas ideias entram dentro de uma galeria elas deixam de pertencer ao grafite e passam a fazer parte do mundo que envolve a arte contemporânea.
A imaginação são as asas que os gêmeos utilizam para ir aos mais divertidos e ilusórios lugares que habitam suas mentes. É a porta aberta e o convite para mergulhar no humor e nas delícias de poder criar um mundo da nossa própria maneira e com todas as cores e fantasias que se possa imaginar. E que imaginação hein?

Fonte: Lost Art

Tatuagem

Uma cicatriz marcada na carne
Um pigmento que vira paixão
Uma pele que vira história
O corpo colocado em exposição
Sereias, corações, serpentes
Identidade colorida de nanquim
Os pêlos, os poros, a penugem
A flor da pele na pele uma flor
Cobras, caveiras, dragões
Tatouage para francês ver
Tatuagem só pra você
Derme, epiderme, hipoderme
Uma superfície de ideologia, modismo e crença
Uma camada que dialoga com um ponto corporal
Uma marca registrada pra sempre
Resumindo-nos apenas a sangue, tinta e suor.

(Codinome Pensador)