sexta-feira, 24 de julho de 2009

Tô ouvindo: CD Labiata do Lenine


O cantor, compositor e auto-definido "orquidólatra" Lenine, em Labiata seu sexto CD de carreira, faz uma homenagem a uma espécie rara de orquídea, flor pela qual o artista tem verdadeira paixão e cultiva várias espécies em um local especial de Petrópolis, região serrana do Rio.
O disco tem 11 músicas e é o mais íntimo do cantor, feito com as pessoas mais próximas, onde estão parcerias com Arnaldo Antunes, Lula Queiroga, Braulio Tavares, Dudu Falcão, Carlos Rennó e Paulo Cesar Pinheiro.
De contrato novo com a gravadora e de volta à Universal Music, o álbum foi finalizado nos estúdios do ex-vocalista do Genesis, Peter Gabriel (Real World), em Londres, com as cópias fabricadas na França.
O recente trabalho do pernambucano tem uma novidade para os fãs é que os primeiros dez mil compradores poderão adquirir um pacote especial, com o CD original na versão Digitec (alta tecnologia), um disco prensado no tradicional vinil e um pen-drive musical. Lenine justificou a volta ao vinil afirmando que "nada substitui o contato da agulha com aquela ranhura".
Uma das canções do disco, É o Que Me Interessa, foi incluída na trilha sonora da novela "A Favorita", como tema da personagem de Patrícia Pillar. O brilho dos olhos azuis de Lenine se acentua ainda mais quando ele fala do título do trabalho. "Foi uma escolha passional", diz o "orquidólatra" assumido, explicando que Labiata vem de lábia mesmo.
"Labiata é uma orquídea rara do Nordeste", de nome científico catlea labiata, que "rivaliza", segundo ele, com outra orquídea do sul, a lelia purpurata. "São 40 mil espécies, que podem ser encontradas desde a Austrália até o Tibet", ensinou Lenine.
O pernambucano fala com intimidade da flor que dá nome ao recente trabalho e a compara com a música popular brasileira. "A Labiata é de grande adaptabilidade e pode ser cultivada na altitude e na planície. é uma flor delicada, mas muito robusta, resistente. E isso é a música popular brasileira, não morre nunca".
No site do artista pernambucano (www.lenine.com.br) é possível se cadastrar e baixar uma das músicas (É o que me interessa). Lenine já está ensaiando o show do novo CD. A estréia vai ser no começo de novembro, no Sesc-Pinheiros, em São Paulo e, depois, na segunda quinzena de novembro, no Vivo do Rio de Janeiro. A idéia é percorrer o Brasil com o show e, a partir de março, iniciar a turnê pelo exterior.
Faixas:
1. Martelo Bigorna (Lenine)
2. Magra (Lenine e Ivan Santos)
3. Samba e Leveza (Lenine e Chico Science)
4. A Mancha (Lenine e Lula Queiroga)
5. Lá Vem a Cidade (Lenine e Bráulio Tavares)
6. O Céu É Muito (Lenine e Arnaldo Antunes)
7. É Fogo (Lenine e Carlos Rennó)
8. É o que me Interessa (Lenine e Dudu Falcão)
9. Ciranda Praieira (Lenine e Paulo César Pinheiro)
10. Excesso Exceto (Lenine e Arnaldo Antunes)
11. Continuação (Lenine)

Fonte: Site Porto Cultura

Entre nós

Um entrelaçamento de desejos, de sentidos e de destinos
Nesse entrosamento entre vida e felicidade
A entrada certa, uma porta aberta para a perdição

Um entregar louco, uma espera pouca
Nas entrelinhas sempre eu e você
Num entregar de dois corações fazendo oferenda para a paixão

Entreatos, onde começa o meu propósito, termina o teu acaso
Um entrelaçamento de afagos, corpos em entra-e-sai, se entregando a beijos cálidos
Entre nós, um encontro de dois numa uma teia que nos cercou

Entretanto, surge então a vertente do bálsamo do carinho sem igual
Entranhas que rasgamos de nossas anatomias em meio a entoadas pornografias
Entusiasmados num contínuo, de um pelo outro, querer se amar.

(Codinome Pensador)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Eu vi. O filme: O Leitor

Sinopse: Na Alemanha pós-2ª Guerra Mundial, o adolescente Michael Berg (David Kross) se envolve, por acaso, com Hanna Schmitz (Kate Winslet), uma mulher que tem o dobro de sua idade. Apesar das diferenças de classe, os dois se apaixonam e vivem uma bonita história de amor. Até que um dia Hanna desaparece misteriosamente. Oito anos se passam e Berg, então um interessado estudante de Direito, se surpreende ao reencontrar seu passado de adolescente quando acompanhava um polêmico julgamento por crimes de guerra cometidos pelos nazistas. Ficha técnica: Título Original: The Reader/ Gênero: Drama/ Ano de Lançamento (EUA / Alemanha): 2008/Direção: Stephen Daldry/ Elenco: Ralph Fiennes (Michael Berg), David Kross (Michael Berg - jovem), Kate Winslet (Hanna Schmitz).

terça-feira, 14 de julho de 2009

Fugindo do óbvio

Falar do óbvio não é fácil, pelo contrário, o óbvio é traidor principalmente quando sabemos que ele é óbvio e não sabemos explicá-lo e falar sobre ele.
Constatei escrevendo meus textos e minhas poesias, o medo do óbvio ou do clichê ronda o imaginário de nossas mentes.
Engraçado afirmar isso, pois todo escritor ou blogueiro de plantão que se preze tenta fugir desse senhor óbvio, mas sempre acabamos caindo num problema comum do nosso mundo pós-moderno, a idéia de que todos os temas já foram trabalhados. Por maior que seja a quantidade de assunto ou de reflexão que contemporaneidade consegue fornecer, passamos sim por uma limitação de temas que podem criar boas reflexões humanas.
Não há limitação de formas de apresentação, porém se alguém quiser criar um texto sobre as relações entre duas pessoas, ele vai passar pela sensação de aquilo já ter sido escrito. Tem uns meses que reli rapidamente "Olhai os lírios do campo" do Veríssimo. A relação de mediocridade de um menino pobre, que consegue vencer na vida após ter se unido a ricos e se vendido para os valores deles. Quem não leu algo que seja parecido? Não vou negar, com a perspicácia de Érico Veríssimo não, pois seu texto se dota de sutilezas de percepção própria do personagem, algo que é característico de autores ingleses.
Para fugir do óbvio cheguei a conclusão que é preciso três coisas: tato, criatividade e sempre procurar um novo ângulo da questão. Acho que afastar-se excessivamente, para não repetir o que já está dito, é um modo bem instigante, tentar reescrever e subverter, estimula na criação de qualquer texto ou poesia, isso é inspirador pra mim, mas não esquecer jamais de que a diferença entre o veneno e o remédio é a dosagem.
Tem um poema do Vinícius de Moraes, que não lembro agora o nome, que fala que para fugir do óbvio devemos olhar além de tudo, atravessar a matéria, até porque analisando bem, as mais belas descobertas do nosso cotidiano, às vezes, tão maçante, ocorrem quando as mesmas coisas são vistas com um novo olhar, isso que dar um novo sopro, um novo frescor.
De onde veio a palavra "óbvio". É óbvio que fui procurar e descobri que nasceu lá na antigüidade, do vocábulo latino via (caminho). "Obviam" significava então algo que está "no caminho". Segundo os dicionários atuais, a gente pode atestar que óbvio é aquilo que é claro, manifesto, que salta à vista.
Não é difícil não ser óbvio, até porque na base da comunicação humana não existem coisas óbvias. Afinal cada pessoa interpreta um signo á sua maneira, de acordo com o seu repertório pessoal, suas vivências e até seu estado de espírito. Nada está mais fora do nosso controle do que a interpretação daquilo que nós dizemos, fazemos ou parecemos. A única coisa mesmo mais óbvia e que não podemos fugir nessa nossa existência é da morte. E que ela nunca seja tão breve e nem tão óbvia para nós.

(Codinome Pensador)

domingo, 12 de julho de 2009

Som e fúria

O som se cala

Surge o silêncio, um cofre de sensatez

Interioriza-se a dor, emperra-se o peito

Num vácuo, uma lágrima

Entre o olhar e o emocionar

Surge do inferno

Ódio, raiva, vingança, fúria

E a serpente da maldade

Tentando se alimentar

Da alegria profunda dos momentos poéticos

Do grito de êxtase no ápice do prazer

Da beleza que paralisa, elege e embebece

Da flor que desabrocha todos os dias

Cosmicamente e resistentemente dentro de nós.

(Codinome Pensador)

terça-feira, 7 de julho de 2009

Pensador com codinome

Muitas pessoas apenas existem

Eu existo, observo, escuto, explico, conceituo, leio, escrevo e penso

Pensando viro um pensador

Pensador com codinome

Codinome para pensar

Pensando meus pensamentos se transformam

Se transformam em Descartes

Penso porque existo ou existo porque penso?

Pensando bem

Não pensar é morrer

Então vivo

Porque a melhor forma de não ser apenas mais um

É racionalizar o meu pensar.

(Codinome Pensador)

sábado, 4 de julho de 2009

O ator da vez

Selton Melo é o ator da vez no cinema brasileiro, está em cartaz com três filmes para agradar aos mais diversos gostos. Da comédia tipo sessão da tarde “A mulher invisível”, ao viés social tratado em “Jean Charles” até o claustrofóbico e erotizado “A erva do rato” .
Da nova safra de filmes de comédia do Brasil, o filme “Mulher invisível” mesmo com roteiro frágil e previsível, o filme consegue se manter graças ao carisma e talento de seu protagonista (Selton Melo), além da boa dinâmica dele com o restante do elenco.
“Mulher Invisível” é a história do controlador de tráfego Pedro, que cria na imaginação uma mulher perfeita, logo após ser chutado pela esposa. A tal mulher perfeita (Luana Piovani) realiza todos os desejos do rapaz, mas a situação começa a mudar quando uma outra mulher entra na parada.
O filme é mais um exemplar produzido com a marca “Globo Filmes”, o que traz ótimos pontos (como financeiro), mas também carrega consigo um peso enorme, principalmente quando há em cena um ator no auge de sua carreira, como é o caso de Selton Melo, mas no geral é um pacotão básico, um modelo estruturado que serve para vários filmes. Deixando um pouco isso de lado, o diretor Cláudio Torres acerta quando prepara o filme todo para Selton brilhar, interferindo pouco em cena e até aparando algumas arestas aqui ou ali.
A narrativa é construída de maneira bastante linear. Apesar de tentar criar um certo clima de suspense, todo mundo já sabe mais ou menos o que vai acontecer, até porque o trailer entrega bastante coisa. O que não entrega, no entanto, é a história paralela do outro lado do “triângulo amoroso”, vivida por Maria Manoela, um papel que exige um pouco mais e que a atriz interpreta de maneira correta. O grande trunfo do filme, no entanto, são as "gags" de Selton e seu elenco de apoio. Assim como Jim Carrey e outros grandes comediantes, o ator brasileiro tem o terreno todo para si e consegue, com isso, estabelecer uma boa dobradinha com Vladmir Brichta, que vive Carlos, seu melhor amigo. O roteiro, sim, é o fundo do poço do longa. Linear demais, previsível e frágil na maioria das cenas, ele leva a história a pontos bem chatos. No entanto, creio que o tipo de história cairia perfeitamente num daqueles seriados noturnos de sexta-feira da Globo, com muita comédia e temática mais adulta.


Amparado numa história real e com grande implicação social e política, o filme “Jean Charles” faz desse pano de fundo apenas uma muleta para levar à frente sua verdadeira história: a dificuldade de imigrantes brasileiros em Londres. E é apenas com as belas atuações do elenco que o filme se sustenta, apresentando uma narrativa e roteiro bem criativos.
“Jean Charles” conta a história do protagonista que dá nome ao longa (Selton Melo) e de sua prima Vivian (Vanessa Giácomo), que vivem na Inglaterra uma rotina de duras provações e subempregos mal remunerados.
A história de milhares de brasileiros que vivem fora do país já é bastante conhecida do público, que vê constantemente nos telejornais casos parecidos, com pessoas subempregadas e retornando ao país do jeito que foi: com a mão na frente e a outra atrás. Essa imigração, na sua maioria ilegal, é o mote do filme, que mostra não só os dois principais personagens, Jean e Vivian, mas também outra infinidade de brasileiros que vivem em Londres.
“Jean Charles” é apenas o registro do cotidiano de alguns brasileiros que vêem num país estrangeiro oportunidades que não encontram no Brasil. Fato corriqueiro e antigo, é verdade, mas que de certa forma não foi tratado ainda no cinema.
A dinâmica desses atores, aliás, é o grande trunfo do filme. Selton Melo encarna um Jean alegre e bem humorado, mas sem nunca deixar de ser prestativo e tentar ajudar a todos. Essa característica é que pontua toda trajetória de Jean pelo filme, que consegue resolver os problemas dos outros, mas os seus ficam sempre em segundo plano. Vivian, sua prima que vai à Inglaterra para juntar dinheiro para ajudar a mãe no interior de Minas, apresenta-se frágil, mas que percorre uma trajetória de crescimento pessoal considerável. Luis Miranda faz seu Alex despojado e engraçado em praticamente todas as falas, usando bem o corpo (quase numa teatralização de sua atuação) para uma quebra da dramaticidade do filme.
Em “ Jean Charles” com um papel difícil, cheio de sutilezas e riscos, Selton Mello mostrou de forma categórica que seu talento é muito maior do se poderia imaginar. A cena do telefonema para a mãe, por exemplo. Só um ator de maturidade plena conseguiria imprimir tanta vida e verdade a um personagem comum, cujo nasceu tão somente da tragédia estúpida que o matou.
Palmas também, nesse sentido, para o diretor Henrique Goldman, que optou por realizar um filme sóbrio, sem qualquer apelação, quando as tentações e as pressões para transformar Jean Charles num mártir não devem ter sido poucas. Goldman se concentra na morte incomum de Jean Charles, está mais preocupado como o cotidiano de um brasileiro comum numa cidade estrangeira. Simplesmente registra, com humanidade, uma história interrompida no meio pela violência, como tantas outras, infelizmente.


O diretor Júlio Bressane baseou-se em dois contos do genial Machado de Assis (A causa secreta e Um esqueleto), escritor de onde saiu a matéria prima para o seu Brás Cubas de 1985, um de seus filmes mais inesquecíveis.
Bressane, que para muitos considerado o Godard brasileiro, em “A Erva do Rato” nos mostra uma das melhores interpretações da carreira de Selton Melo e também uma atuação hipnótica de Alessandra Negrini. Temos, assim, dois atores globais completamente deslocados do que costumam fazer na televisão, o que já garante algumas interrogações iniciais no público que não acompanha a carreira do diretor. Mas isso é só o começo.
Na seqüência de abertura, vemos o mar banhado pelo sol e numa só tomada em 180º somos jogados pra dentro de um decadente cemitério. Lá estão Selton Mello num canto e Alessandra Negrini de outro. Apenas identificados como ele e ela. Isso é só o cartão de visita do que teremos pela frente. Imensidão, mistério, morte e muita ironia machadiana. Dessa externa somos jogados para dentro de uma claustrofóbica casa, onde praticamente todo o resto do filme se desenvolve. Tudo se concentra na estranha relação entre o casal central. Uma relação que começa na aproximação e, aos poucos, se mostra como uma espécie de servidão e entrega. Ele fala sobre mitologias, natureza e Rio de Janeiro, enquanto ela, obediente, anota todos os seus pensamentos. A entrega da mulher como objeto de posse do homem, quase um senhor feudal. Aos poucos, a relação de obediência e aprendizado se transforma em servidão erótica. Ele passa a fotografá-la, primeiro em comportados vestidos. Aos poucos as roupas são descartadas e a beleza dela passa a disputar atenção com sua própria fisiologia. Até que a relação de fetiche chega ao limite com a chegada de um rato. Um roedor safado que se alimenta das fotografias eróticas, surge a tríade um homem, uma mulher e um rato. As interpretações dos dois únicos atores ajudam a imprimir a força, seja pela imposição vocal levemente debochada de Selton Mello e a indiferente nudez (matadora, como sempre) de Alessandra Negrini. Ah, sim, e uma ratazana que bem poderia ser Hamlet em outra encarnação.
O que se passa no decorrer dos planos estáticos, com a fotografia do Walter Carvalho ameaçando transbordar o tempo todo, é simples: homem conhece mulher no cemitério e desenvolve com ela uma relação curiosa. A curiosidade não é só do ponto de vista do espectador em direção ao filme, mas dele em direção a ela, aos mistérios do corpo feminino, à revelação do órgão sexual por uma câmera fotográfica. O estranhamento de quem está diante da tela encontra um eco no estranhamento do personagem de Mello diante do corpo imóvel e desnudo, que parece esconder um mundo para o qual ele não tem acesso que não seja pela mediação de uma lente.
Nos minutos finais, a bizarrice domina (mais do que isso não posso dizer), e o filme cresce com isso. O último plano, de uma complexidade formal absurda para dar conta de uma ação simples, que pode ser percebida pelo barulho da máquina fotográfica, revela que Bressane ficou realmente deslumbrado com a técnica de Walter Carvalho.
“A Erva do Rato” tem muitos méritos, um deles certamente é o desconforto que provoca no espectador, que se sente impelido a uma revisão, desde que a preguiça ou a intolerância com o diferente não o tenha levado à desistência num primeiro momento. Mas esse encanto preciosista, a curto ou médio prazo, pode significar um beco sem saída para seu cinema. Não duvido que possa dar marcha a ré. Mas seria, de qualquer forma, uma involução.

Fonte: Cine Pop

Elas são bi. Ser bi está na moda ou é estratégia de marketing?


Elas são bonitas, femininas, vaidosas. E gostam uma das outras. Ao mesmo tempo é o que dizem cada vez mais. Em três semanas consecutivas de maio, três estrelas americanas famosas revelaram que sentem atração pelo mesmo sexo. Megan Fox, símbolo sexual da nova geração, afirmou que prefere mulheres por serem mais limpinhas. O furacão Fergie, do Black Eyed Peas, disse que gostou de experimentar moças. A performática Lady Gaga confirmou sua bissexualidade e aproveitou para lançar um clipe da nova música beijando outra mulher. Em abril, fora a vez de Kelly McGillis, musa dos anos 80.
A jovem atriz americana Lindsay Lohan, ídolo teen do cinema, não tem escondido sua dor de cotovelo depois que sua namorada, uma DJ, a abandonou. Isso sem falar na megaestrela Angelina Jolie, que antes de se tornar mãe de família, alardeava sua bissexualidade. Brad Pitt acreditou, mas na cama do casal em vez de outras mulheres, há cada vez mais crianças.
No Brasil, Preta Gil não cansa de se rotular como “total flex”. Afinal, trata-se da liberação do desejo feminino ou de estratégia de marketing?
Para os especialistas as duas respostas estão corretas. O erotismo que envolve duas mulheres é infalível em termos de mídia, graças à curiosidade geral sobre a homossexualidade e ao fato de ser a fantasia número um dos homens. Mas a natureza feminina, mais flexível e com menos defesas em relação à afetividade, acaba proporcionando uma liberdade mais no campo sexual sem que necessariamente haja rotulações e nem todas as pessoas crescem com a definição tão absoluta quanto à orientação sexual, muitas vezes é preciso amadurecer para a experimentação. Homens e mulheres têm essa mesma curiosidade sobre o mesmo sexo, mas as mulheres não tem barreiras em beijar e abraçar confortavelmente suas amigas.
“É marketing total”, diz a webdesigner paulista Del Torres, idealizadora do Leskut, um site de relacionamento só entre meninas, que em nove meses, já tem 14 mil participantes. Del que lésbica assumida, diz que quando existe o desejo verdadeiro, o comportamento é discreto, as celebridades estão cansadas de saber que esse tipo de declaração chama a atenção, além de torná-las modernas e mais interessantes.
Não há dúvida de que mulher com mulher dá audiência. Há quem diga que tudo começou com o beijo cinematográfico que Madonna deu em Britney Spears no Vídeo Music Awards em 2003. Daí uma epidemia de beijos femininos na mídia, das brasileiras do axé Daniela Mercury e Alinne Rosa, na gravação de um DVD no ano passado, às francesas Sophie Marceau e Mônica Bellucci, nuas e abraçadas na capa da revista Paris Match do mês de junho deste ano. No último Big Brother, a sensação foi o selinho debaixo d’água de Priscila e Milena, que bateu recordes nos sites de notícias, até Woody Allen não resistiu e colocou no filme Vicky Cristina em Barcelona, uma cena em que Scarlett Johansson beija Penélope Cruz, acontecimento que foi badalado insistentemente anos antes de o filme entrar em cartaz.
Se a homossexualidade ou a bissexualidade feminina está mais palatável é porque vem embrulhada num pacote delicado e feminino. Quando o armário se abre saem dele mulheres magras, sexy,de batom. É o fenômeno chamado: light lesbian chic ou lipstick lesbian.
De repente, mulher gostar de mulher entrou na moda, mas desde que elas tenham características consideradas femininas, que atraiam os olhares masculinos e não choquem, assim os especialistas dizem que o imaginário social fica mais bem trabalhado para compreender e aceitar bissexuais e lésbicas de uma maneira geral.

Fonte: Revista Época.