sábado, 4 de julho de 2009

Elas são bi. Ser bi está na moda ou é estratégia de marketing?


Elas são bonitas, femininas, vaidosas. E gostam uma das outras. Ao mesmo tempo é o que dizem cada vez mais. Em três semanas consecutivas de maio, três estrelas americanas famosas revelaram que sentem atração pelo mesmo sexo. Megan Fox, símbolo sexual da nova geração, afirmou que prefere mulheres por serem mais limpinhas. O furacão Fergie, do Black Eyed Peas, disse que gostou de experimentar moças. A performática Lady Gaga confirmou sua bissexualidade e aproveitou para lançar um clipe da nova música beijando outra mulher. Em abril, fora a vez de Kelly McGillis, musa dos anos 80.
A jovem atriz americana Lindsay Lohan, ídolo teen do cinema, não tem escondido sua dor de cotovelo depois que sua namorada, uma DJ, a abandonou. Isso sem falar na megaestrela Angelina Jolie, que antes de se tornar mãe de família, alardeava sua bissexualidade. Brad Pitt acreditou, mas na cama do casal em vez de outras mulheres, há cada vez mais crianças.
No Brasil, Preta Gil não cansa de se rotular como “total flex”. Afinal, trata-se da liberação do desejo feminino ou de estratégia de marketing?
Para os especialistas as duas respostas estão corretas. O erotismo que envolve duas mulheres é infalível em termos de mídia, graças à curiosidade geral sobre a homossexualidade e ao fato de ser a fantasia número um dos homens. Mas a natureza feminina, mais flexível e com menos defesas em relação à afetividade, acaba proporcionando uma liberdade mais no campo sexual sem que necessariamente haja rotulações e nem todas as pessoas crescem com a definição tão absoluta quanto à orientação sexual, muitas vezes é preciso amadurecer para a experimentação. Homens e mulheres têm essa mesma curiosidade sobre o mesmo sexo, mas as mulheres não tem barreiras em beijar e abraçar confortavelmente suas amigas.
“É marketing total”, diz a webdesigner paulista Del Torres, idealizadora do Leskut, um site de relacionamento só entre meninas, que em nove meses, já tem 14 mil participantes. Del que lésbica assumida, diz que quando existe o desejo verdadeiro, o comportamento é discreto, as celebridades estão cansadas de saber que esse tipo de declaração chama a atenção, além de torná-las modernas e mais interessantes.
Não há dúvida de que mulher com mulher dá audiência. Há quem diga que tudo começou com o beijo cinematográfico que Madonna deu em Britney Spears no Vídeo Music Awards em 2003. Daí uma epidemia de beijos femininos na mídia, das brasileiras do axé Daniela Mercury e Alinne Rosa, na gravação de um DVD no ano passado, às francesas Sophie Marceau e Mônica Bellucci, nuas e abraçadas na capa da revista Paris Match do mês de junho deste ano. No último Big Brother, a sensação foi o selinho debaixo d’água de Priscila e Milena, que bateu recordes nos sites de notícias, até Woody Allen não resistiu e colocou no filme Vicky Cristina em Barcelona, uma cena em que Scarlett Johansson beija Penélope Cruz, acontecimento que foi badalado insistentemente anos antes de o filme entrar em cartaz.
Se a homossexualidade ou a bissexualidade feminina está mais palatável é porque vem embrulhada num pacote delicado e feminino. Quando o armário se abre saem dele mulheres magras, sexy,de batom. É o fenômeno chamado: light lesbian chic ou lipstick lesbian.
De repente, mulher gostar de mulher entrou na moda, mas desde que elas tenham características consideradas femininas, que atraiam os olhares masculinos e não choquem, assim os especialistas dizem que o imaginário social fica mais bem trabalhado para compreender e aceitar bissexuais e lésbicas de uma maneira geral.

Fonte: Revista Época.

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