quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ser poeta

Os romanos diziam, que ao contrário dos oradores, que se fazem, poeta nasce-se. Não adianta forçar, os deuses dão o dom ao versejador de fabricar versos, este sim é o verdadeiro poeta. Sempre quando leio Mario Quintana, Manoel Bandeira, Cecília Meireles, Fernando Pessoa, Camões, Gonçalves Dias, Drummond, digo pra mim mesmo: Deus foi muito bom com eles!
A poesia para mim é uma coisa inigualável, é uma expressão de sentimentos, é uma declaração de amor. Não há estudo que te diga como escrever uma poesia. Acredito sim que seja um dom e dos mais belos, uma arte das mais bonitas, é uma prática diária, um sacerdócio sem fim, tem de ter empenho, sensibilidade e claro conhecimento de métrica, de rima, de escola literária, conhecer os estilos, os clássicos, os mestres, mesmo que você vá fazer uma poesia moderna.
Ser poeta pra mim é saber colocar o sentimento no papel, colocar para fora o que esta se passando em seu interior mas não colocar um amontoados de letras apenas, ir agrupando-as em palavras e frases de difícil entendimento, traduzindo o sentimento da forma mais simples e assim poder falar à todos de sua maneira, no final de tudo ser poeta é ser apenas honesto consigo mesmo.
Muitas vezes esquecemos o ser do poeta, que na sua essência acaba sendo muito solitário, sofrido, esse é o viver de sentir os mundos que nunca formam descobertos, tecendo palavras e versos, descobrindo a pureza em tudo desde do insignificante ao significante, exteriorizando o abstrato, inventando novas formas, ter nos dedos o pensar, tendo que ser diferente e original sempre, tendo que suportar o chorar do outro, fazer o irreal se tornar real, o existencial em metafísico e vice versa e sempre ir além do concreto, gostar mesmo desse árduo oficio e ainda assim ser um ser sensível e ao mesmo tempo gritar ferozmente para a sociedade, dando um basta à toda mediocridade e superficialidade que nos rodeia.
Uma vez alguém me disse que para se matar um poeta basta proíbi-lo de escrever, é como se estivéssemos tirando sua ânsia de vida, deixando o louco aos poucos, matando lentamente o seu inventar, o seu criar, o seu sonhar.

Ser poeta

“Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!”

(Florbela Espanca)

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