sexta-feira, 13 de novembro de 2009

“Antiarte por excelência” de Hélio Oiticica







Hélio Oiticica, nascido e falecido no Rio de janeiro, foi pintor, escultor, artista plástico e performático de aspirações anarquistas. Estudou com Ivan Serpa e em 1956 integrou o Grupo Frente, fundando três anos depois, em 1959 o Movimento Neoconcreto, ao lado de artistas como Amilcar de Castro, Lygia Clark, Lygia Pape e Franz Weissmann.
Integrou também a representação do Brasil na exposição internacional de arte concreta realizada em 1960 em Zurique, na Suíça e esteve presente nas coletivas de vanguarda Opinião 1965 e 1966, Nova Objetividade Brasileira e Vanguarda Brasileira, realizadas entre 1965 e 1967 no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, expondo ainda na Bienal de São Paulo em 1957, 1959 e 1965 e na da Bahia em 1966.
É considerado por muitos um dos artistas mais revolucionários de seu tempo e sua obra experimental e inovadora é reconhecida internacionalmente. Neto de José Oiticica, anarquista, professor e filólogo brasileiro, autor do livro O anarquismo ao alcance de todos.
Na década de 1960, Hélio Oiticica criou o Parangolé, que ele chamava de "antiarte por excelência". O Parangolé é uma espécie de capa ou bandeira, estandarte ou tenda, que só mostra plenamente seus tons, cores, formas, texturas e grafismos e os materiais com que é executado como: tecido, borracha, tinta, papel, vidro, cola, plástico, corda, palha, à partir dos movimentos de alguém que o vista. Por isso, é considerado uma escultura móvel. Foi também Oiticica que fez o penetrável Tropicália, que não só inspirou o nome, mas também ajudou a consolidar uma estética do movimento tropicalista na música brasileira, nos anos 60 e 70 .
Até 1959, Oiticica ainda se conservou fiel aos veículos e suportes tradicionais da pintura. Reduziam-se seus quadros de então a efeitos cromáticos e de textura obtidos unicamente com a aplicação de branco e revelavam um ascetismo que o desenvolvimento posterior de seu trabalho iria desmistificar. Nesses primeiros quadros via-se já muito nítida a tendência do artista a superar o plano bidimensional, pela utilização da cor com evidentes intenções espaciais.
Abandonando o quadro e adotado o relevo, bem cedo incursionaria Hélio por novos domínios, criando seus núcleos e penetráveis, para chegar em seguida à arte ambiental, em que melhor daria vazas a seu temperamento lúdico e hedonista. Surgem assim, de 1965 em diante, suas manifestações ambientais, com capas, estandartes, tendas (parangolés), uma sala de sinuca em 1966, Tropicália em 1967, um jardim com pássaros vivos entre plantas, lado a lado com poemas-objetos, Apocalipopótese em 1968, reunindo várias manifestações de outros artistas, no Aterro do Flamengo e Rio de Janeiro.
Todas essas experiências serão objeto de importante exposição efetuada em 1969, na Whitechapel Gallery, de Londres, no seu dizer: "uma experiência ambiental sensorial limite".
Hélio Oiticica, em 1970 tomou parte em Nova Iorque na mostra Information, organizada pelo MOMA, recebendo nesse mesmo ano bolsa de estudo da Fundação Guggenheim, viveu nos Estados Unidos até 1978, quando regressou ao Brasil e de novo se fixou no Rio de Janeiro, iniciando então a última fase de sua breve carreira.
Em 1981, um ano apenas após sua morte, seus irmãos Cesar e Cláudio criaram o Projeto Hélio Oiticica, destinado a preservar material e conceitualmente a obra do artista de quem a Galeria São Paulo, em 1986, levou a cabo importante exposição intitulada: O q faço é Música.
Nos últimos anos, em nível inclusive internacional, a importância de Hélio Oiticica como artista seminal dos novos desdobramentos da arte ocidental de fins do século e do milênio tem sido posta em destaque através de exposições itinerantes realizadas entre 1992 e 1994 em Paris, Roterdã, Barcelona, Lisboa e Mineápolis, sala especial na Bienal de São Paulo em 1994 e participação nas Bienais de 1996 e 1998. Em 1996 cria-se no Rio de Janeiro, o Centro de Artes Hélio Oiticica, que até hoje serve de referência para pesquisadores de sua obra do mundo todo.
Em 16 de outubro deste ano, um incêndio destruiu cerca de 50% obras do artista plástico, um acervo avaliado em US$200 milhões, que era mantido na residência do seu irmão, no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Além de quadros e dos famosos “Parangolés”, no local também eram guardados documentários e livros sobre o artista.
Certa vez Hélio Oiticica disse: “A obra nasce de apenas um toque na matéria. Quero que a matéria de que é feita minha obra permaneça tal como é; o que a transforma em expressão é nada mais que um sopro: um sopro interior, de plenitude cósmica. Fora disso não há obra. Basta um toque, nada mais”.

Fonte: site sampa art

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