terça-feira, 9 de março de 2010

O brilhantismo da senhora H


A visita ao Brasil da secretária do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, nesta terça-feira do último dia 2 de março, pela primeira em visita oficial ao país, onde reuniu-se com senadores e deputados brasileiros para discutir temas como o Irã, o reconhecimento do governo golpista de Honduras, as propostas do governo Obama para a América Latina e a velha cantilena que o Brasil é importante parceiro dos EUA na preservação da democracia na América Latina.
O programa nuclear do Irã é um dos principais temas da pauta de encontro, destacando que Lula, que foi criticado por ter recebido o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad e por defender o direito de o país desenvolver tecnologia nuclear para fins pacíficos e já até tem visita agendada ao país do Oriente Médio em maio. Hilary está no Brasil para tentar atenuar o impacto das posições do governo Lula sobre temas como esses e os mesmos foram discutidos a portas fechadas com parlamentares no gabinete do presidente do Senado, José Sarney.
Deputados do PT, em resposta à clara intervenção de Hilary em assuntos internos do Brasil, questionaram a miséria nos EUA, a falta de atendimento médico a mais de 40 milhões de cidadãos norte-americanos, as intervenções militares em países do Oriente Médio e no Afeganistão, a morte de civis em flagrante violação aos direitos humanos, a prisão de Guantánamo e outros pontos, como o eixo EUA/Israel. Hilary esteve com o chanceler Celso Amorim e estranhou as diferenças entre o ministro brasileiro de Lula e os dois ministros de FHC.
Houve um momento de orgulho nesta visita, era o sentimento comum entre a diretoria, alunos e conselheiros que estiveram presentes no encontro com a secretária de Estado dos EUA, na Faculdade Zumbi. E mobilizou a imprensa nacional e internacional, personalidades e empresários. Os alunos que esgotaram a disponibilidade de credenciamento em apenas 3 horas no dia anterior, estavam extasiados. Além de ser um momento de orgulho, foi também um momento chave para história do povo brasileiro. “Ouvir uma pessoa tão importante e engajada, nos remete a uma reflexão. Temos de deixar de ser uma nação do futuro e nos tornarmos uma nação do presente”. Disse Luciano Palmeira, aluno do 7º semestre do curso de Administração.
Foi com lotação máxima que o auditório, com mais de 800 pessoas, ficou em total silêncio quando Hillary subiu ao palco, após apresentação do Coral Zumbi dos Palmares, que fez pout pourri, com as músicas “Brasileirinho” e “Asa Branca”. Mais o ponto alto do bate-papo foi quando o cordenador do curso de Direito da zumbi e promotor de justiça, Nadir de Campos, fez Hillary sorrir ao chamá-la de “O cara”, parafraseando o presidente Obama quando se referiu ao presidente Luis Inácio Lula da Silva, em certa ocasião.
A visita da Secretaria de Departamento dos EUA terminou depois de avistar-se com Lula, em São Paulo e foi aquilo mesmo que já era esperado, ela veio só para bater o cartão e mostrar que a administração Obama está comprometida com as relações bilaterais e toda aquela conversa que a gente já estamos cansados de ouvir.
Fora essa previsível visita. A tragetória politica e de vida de Hillary Diane Rodham Clinton é simplemente brilhante, nasceu no dia 26 de outubro de 1947, em Chicago, Illinois. Criada em uma família conservadora, chegou a fazer campanha para o candidato republicano à presidência, Barry Goldwater, aos 16 anos, antes de ingressar no Partido Democrata, onde permanece até hoje. A mudança de orientação política foi influenciada, em grande parte, por seu ingresso, em 1965, no curso de Ciências Políticas da Wellesley College, em Washington. Outro fato que marcou decisivamente o destino político de Hillary foi o assassinato de Martin Luther King Jr, líder dos direitos cívis, em 1968.
Em 1969, Hillary entrou para a Faculdade de Direito da Universidade de Yale. Um ano mais tarde, ela conheceria Bill Clinton, com quem viria a se casar em 1975. Durante o curso, ela trabalhou no comitê sobre trabalho de imigrantes do senador Walter Mondale, pesquisando questões como moradia, saneamento, saúde e educação, na campanha do candidato democrata à presidência, George McGovern e no Yale Child Study Center, aprendendo sobre novas pesquisas sobre desenvolvimento incial do cérebro em crianças. Hillary também assumiu casos de abuso infantil no Yale-New Haven Hospital. Seu projeto de conclusão de curso, uma tese sobre os direitos da crianças, já apontava a direção que ela seguiria nos anos seguintes. Em 1973, iniciou uma pós-graduação na Yale Child Study Center.
Em 1978, já casada, Hillary teve que conciliar o trabalho que fazia no respeitável escritório Rose Law Firm, especializado em casos de propriedade intelectual, com as responsabilidades de primeira-dama. Bill fora eleito governador do Arkansas. O título, mal sabia, a acompanharia por muito anos. Depois de uma nova passagem pelo governo do Arkansas em 1982, Bill Clinton tornou-se presidente dos EUA, 1993. Hillary serviu como primeira-dama até 2001.
Nomeada pelo National Law Journal como uma das 100 mais influentes advogadas dos Estados Unidos, Hillary foi a primeira primeira-dama a ter uma pós-graduação e a primeira a ter uma carreira profissional de sucesso. Ela é considerada a mais poderosa esposa de um presidente na história americana desde Eleanor Roosevelt.
Enquanto primeira-dama, Hillary ganhou muitos admiradores devido seu apoio aos direitos da mulher e o bem-estar de crianças em todo mundo. Ela lutou pela vacinação de todo o país contra a doenças infantis e apoiou mulheres a fazerem anualmente a mamografia para a prevenção de câncer de mama, com os custos do exame pagos pelo sistema público de saúde. Ela também viabilizou a criação do Office on Violence Against Women e foi uma das poucas figuras internacionais a se opor ao tratamento dado a mulheres afegãs pelo Talibã. Um dos programas que ela ajudou a criar foi o Vital Voices, uma iniciativa apoiada pelos EUA para promover a participação de mulheres no processo político de seus paises.
Hillary também ganhou muitos admiradores ao manter a dignidade durante o maior escândalo sexual da história recente dos EUA. Ela compartilhou com o país e o mundo a traição de Bill Clinton, que teve um caso com uma estagiária da Casa Branca. Ao mostrar força e lealdade no escândalo que envolveu seu marido, ela conquistou os EUA e deixou o papel de coadjuvante para se tornar personagem principal.
Não demorou para que a primeira-dama despontasse no cenário político. Em 2001, Hillary foi eleita senadora pelo estado de Nova York, sempre com o apoio de Bill e da filha do casal, Chelsea. Desde então, a ex-primeira-dama concorreu à Presidente dos EUA e hoje é a secretária do Departamento de Estado dos EUA nomeada pelo Presidente Barck Obama sob total total confiança e com muitos elogios de que ela demonstraria no seu gorverno como secretária com uma "tremenda estrutura política, brilhantismo intelectual e capacidade de trabalho” como nenhuma mulher daquele país seria capaz de ser.

Fonte: Globo.com

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